1. Alberto Manguel : Uma História da Leitura (Presença; 1998)
2. Olivier Schrauwen : Arséne Schrauwen (Fantagraphics; 2014) + Cinzas (MMMNNNRRRG + Mundo Fantasma) + Olá, o meu nome é O. Schrauwen (exposição Mundo Fantasma)
3. Almanac for noise & politics 2015 (Datacide / Praxis)
4. Allen Halloween : Híbrido (ed. de autor)
5. AtilA : V (Bisnaga / Signal Rex)
6. Chris Hedger + Joe Sacco : Days of Destruction, Days of Revolt (Perseus; 2012)
7. Die Antwoord : Donker Mag (Zef; 2014)
8. Aaron Lange : Trim (3 números, The Comix Company; 2014-15)
9. Plus Ultra (k7 + concerto Milhões de Festa)
10. Nerve : "Trabalho & Conhaque” ou “A Vida Não Presta & Ninguém Merece a Tua Confiança" (Mano a Mano)
11. Verney + Tardi : Putain de Guerre! (2 vol.; Casterman; 2008-09)
12. Ghost : Opus Eponymous (Rise Above; 2010)
13. Tournê dos 15 anos da MMMNNNRRRG (5-10 Maio)
14. Alan Moore + Melinda Gebbie : Lost Girls (Top Shelf; 2012)
15. Maurice Louca : Salute The Parrot (Nawa; 2014)
quinta-feira, 31 de dezembro de 2015
sexta-feira, 18 de dezembro de 2015
Comprei um disco de Emocore...
Pensava que podia comprar um disco de Drumcorps sem pensar em ouvi-lo e ficar louco por ele à primeira audição (todos procuramos o áudio virgem, certo?) porque o álbum anterior, Grist (Ad Noiseam; 2006), foi das melhores coisas que ouvi nos últimos tempos. Falling Forward saiu agora, é o segundo disco deste projecto e é uma valente merda!
Não sou um fã de Breakcore do tipo dogmático - como os punks bestas ou metaleiros com palas - mas este disco parece que é Emocore! Armado em Rock Star de merda? Um trabalho para fazer guita? Eis perguntas estranhas... a verdade é que o Breakcore que teve uma explosão de criatividade na primeira metade deste milénio não conseguiu - e ainda bem! admito, afinal, ter uma costela dogmática e fanática - saltar de um grupo mais ou menos pequeno de radicais para esquemas comerciais, como aconteceram com todas as outras subculturas urbanas. O que acontece é que neste disco há uma série de músicas cantadas por Aaron Spectre (é assim que se chama o gajo de Drumcorps) numa onda tão Emo que até mete nojo...
Sua bestinha, esta é a razão porque se ouve barulho Breakcore, é justamente para não ouvir trampa!! Por causa disso (nada contra projectos Breakcore com vozes) funciona como um produto para massas, sem muito a transmitir, tipo Nine Inch Nails desde que eles se tornaram irrelevantes. Há faixas que mostram Spectre sabe des/cons/truir "beats" completamente alucinantes que o deveria protagonizar como uma vanguarda do corpo morto e putrefacto do Metal - um género incapaz de ter ideias novas há uma década. Drumcorps é maquinaria mas também é uma guitarra de riffs metaleiros, daí a aproximação possível à Arena Rock sem desdenhar a pista de dança.
A sua vozinha de mosca morta estraga o que poderia ser apenas um bom disco mesmo que a parte instrumental não tenha ideias assim tão brilhantes como há 9 anos atrás. Está num beco sem saída? Pior, que faço eu com isto agora!? Prendinha de Natalixo de certeza... Vingança final: uma pontuação à fanzine Metal: 3,2 em 5, toma lá ó vendido!
quinta-feira, 17 de dezembro de 2015
Nadja em triplicado!
Triplicado? Como assim?
Nadja a banda, certo!
Nadja a BD, certo!
Dia 17 de Dezembro vão perceber SE aparecerem!
Co-organização ATR e MNRG
Nadja a banda, certo!
Nadja a BD, certo!
Dia 17 de Dezembro vão perceber SE aparecerem!
Co-organização ATR e MNRG
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Feliz Natalixo!
Mesinha de Cabeceira #27 : Special XXXmas : Nadja - Ninfeta Virgem do Inferno de Nunsky
Publicado pela MMMNNNRRRG ... 44 páginas a cores 16x23cm
PVP: 9,5€ (30% desconto para sócios da CCC) à venda na loja em linha da Chili Com Carne, El Pep, BdMania, Artes & Letras, Letra Livre e este fim-de-semana chegará à Mundo Fantasma, Matéria Prima e Utopia.
Nunsky (1972) é um criador nortenho que só participou neste zine, o Mesinha de Cabeceira. Assina o número treze por inteiro, um número comemorativo dos 5 anos de existência do zine e editado pela Associação Chili Com Carne. Essa banda desenhada intitulada 88 pode ser considerada única no panorama português da altura (1997) mas também nos dias de hoje, pela temática psycho-goth e uma qualidade gráfica a lembrar os Love & Rockets ou Charles Burns. O autor desde então esteve desaparecido da BD, preferindo tornar-se vocalista da banda The ID's cujo o destino é desconhecido. Nunsky foi um cometa na BD underground portuguesa e como sabemos alguns cometas costumam regressar passado muito tempo...
Em 2014 o regresso deste autor foi feito com o romance gráfico Erzsébet (Chili Com Carne), 144 páginas que regista a brutalidade da Erzsébet Bathory, a infame condessa húngara que assassinou centenas de jovens na demanda da eterna juventude. O livro venceu o Melhor Desenho do Festival de BD da Amadora em 2015.
Em 2015 Nunsky apresenta-nos este Nadja - Ninfeta Virgem do Inferno... verdadeiro deboche gráfico anti-cristão para quem curte bandas de Hair Metal de Los Angeles dos 80, fãs distópicos do RanXerox e revivalistas da heroína. A MMMNNNRRRG nunca deseja "Feliz Natal" aos seus amigos mas com a Nadja até... ehhh
Historial: lançado no dia 17 de Dezembro 2015 no Lounge Bar com o concerto da banda canadiana Nadja, organizado pela Associação Terapêutica do Ruído.
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Muito boa BD, me inspira para criar logotipos - Lord of The Logos
Erzsébet, o livro, é o relato implícito, emudecido, de um receio: o de que a morte escape definitivamente ao controlo masculino. Afinal, é a morte que conduz cada um e todos os passos da humanidade, tal e qual como vem anunciando a estética gótica em todas as suas formas. Nunsky recorda-nos isso mesmo com esta edição… - Rui Eduardo Paes
Consegue ter aquele espírito dos filmes do Jess Franco e afins, em que por vezes é mais importante a iconografia e a imposição de elementos simbólicos / esotéricos ou fragmentos de actos violentos e ritualizados (como as mãos nas facas ou as perfurações e golpes) do que termos uma continuidade explicita e lógica da narrativa, o que cria toda uma tensão e insanidade ao longo do livro e de que há forças maiores do que a nossas a operar naquele espaço. - André Coelho
o romântico está presente antes na sua dimensão histórica e o trágico se aproxima do monstruoso. - Pedro Moura
Mesinha de Cabeceira #27 : Special XXXmas : Nadja - Virgin Teenie From Hell (promo)
Published by MMMNNNRRRG. Released 17th December in Lounge Bar (Lisbon) with Nadja gig, organized by Associação Terapêutica do Ruído.
Nunsky (b. 1972) is a comics artist from the north of
Portugal and has published most of his work in the Mesinha de Cabeceira zine. In 1997 he made an incredible 39 page
comix for the 13rd issue and the 5th anniversary of this mutant zine. Actually
this was the first professional looking book that the Chili Com Carne Association
made, starting an important publishing history in the Portuguese scene. The comix
was entitled 88 and was a unique comix in Portuguese panorama at the time -
and still is nowadays! Not only the "psycho-goth" ambience was different
from all Portuguese comics but also the graphic quality was astonishing for
such artist coming from nowhere. It reminded the Love & Rockets and Charles Burns but had it’s own voice. Since
Nunsky is such a lone wolf, almost nobody knows about him and his whereabouts.
After the 88 comix he created a rock
band called The ID's and that's it. Or that’s what we thought…
In 2014 he
returned with the graphic novel Erzsébet (published by Chili Com
Carne), a 144 pages black and white document of Erzsébet Bathory, the infamous
Hungarian countess that slayed hundreds of young girls in search of the eternal
youth. This book won the Best Drawing
Prize in 2015 by the Amadora Comics Fest - the more important mainstream
Comics festival in Portugal. The book was appraised by music and comics critics
but also by other artists... Here’s some Erzsebet
brouhaha:
Very good comic, inspiring to make logos!!!
- Lord of The Logos (Belgium artist known for this work for Metal
bands logos, he is really the meister of the black art!)
He gets that spirit from Jess Franco movies,
where the most important is the iconography and esoteric symbols than a logic
narrative, which builds a tension and insanity during the book...
- André Coelho (Portuguese artist and
musician in Sektor 304, Méchanosphère, Pagan)
So… in 2015
Nunsky is presenting this Nadja - Virgin Teenie From Hell comix
for all you fans of L.A. Hair Metal sleazy bands, RanXerox fucked up dystopians
and heroin revivalists. This graphic novel is full color and it's a blast! It's
published in Portuguese language but we are offering this poor one-color-only
promotion edition to you because we want to find some publishers with balls to do
this book somewhere in the world!! So come on, take a speedball and contact us
by e-mail [ccc@chilicomcarne.com] or facebook.com/nunskycomics.
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quarta-feira, 16 de dezembro de 2015
Linha Clara
Eis o segundo disco de Fay Lovsky & La Bande Dessinée intitulado Numbers (Basta; 1997). Porquê, ó Farrajota? Cheguei a esta senhora holandesa da forma estranha, pois sou um fã incondicional da banda sonora de Natural Born Killers (não do filme, atenção!) e como preparo uma BD sobre isso andei às voltas de uma das faixas de uns tais A.O.S. Projecto esse que não existe para além do elegante tema da banda sonora e cujos elementos são Klaus Buhler (compositor), Thomas Wilbrandt (condutor de orquestra) e a cantora Lovsky que grava desde 1980.
Entretanto descobri na discografia da cantora este CD com um tema dedicado a Portugal, capa do autor de BD Joost Swarte (pró ano e aqui poderão ler um texto sobre ele, estejam atentos), uma banda chamada de "banda desenhada" e o discogs.com a bombar barato... como não comprar tal coisa?
Revelou-se feio o objecto fonográfico em que só a capa de Swarte é que se safa. O resto é uma americanice com fundos orquestrais, tudo bom gosto como aliás A.O.S. já prometia. O tema Portugal é realmente fixe e a melhor coisa do disco, nacionalismo-barato à parte.
E agora?
Volta para o discogs, né? Podia ter passado no Invisual se ainda fizesse rádio, bah!
quinta-feira, 10 de dezembro de 2015
Tascas e Rãs
Não muita gente que goste do meu trabalho de BD como autor (snif snif) mas os poucos são bons e alguns passam pelo transhumanismo como é caso de rãs leitoras! Oh yeah!
Onde é que elas estão? No balcão da Tasca Mastai (na rua da Rosa 14, Bairro Alto, Lisboa), um “comix bar”! O que é isso? Sacando daqui a explicação: Por favor limpe as mãos da bebida e da comida antes de pegar nos livros de BD portuguesa e italiana. Um casal muito simpático fartou-se de Bolonha, trouxeram para cá este conceito híbrido de bar e livraria de BD como também a apetitosa bebida “spritz”! De tasca é que não tem nada…
A autoria do mural do balcão é de Andrea Tarli
sexta-feira, 4 de dezembro de 2015
Zeichnungen Des Patienten O.T.
Texto prá newsletter da Flur no âmbito do lançamento do Breakdance do André Ruivo, no dia 8 de Dezembro.
Esta semana a grande má notícia é justamente esta, dois jornais de notícias vão deixar de existir. Não que tenha muita pena que o Sol e o I desapareçam, não eram lá grande espingarda mas dá no que pensar…
Realmente existe toda esta questão da desmaterialização da cultura, ora porque estamos a ficar habituados a encontrar todos os conteúdos na Web, ora porque por “novo-riquismo” acha-se melhor não ter objectos culturais amontoados nas estantes de casa para estarem todos enfiados num “i-qualquer-coisa” ou no disco rígido do computador. Esta atitude irá trazer mazelas no futuro (se é que já não está a acontecer agora!) porque sem objectos não há referências para a memória, sem memória a ignorância passa a ser o padrão comum. Por isso e antes de mais: viva a Flur e outras “discotecas” que ainda existem para termos nas mãos música… e livros!
Asger Jorn, artista do COBRA e do Situacionismo, escreveu algo curioso em 1962: When one sees the colossal spread of the modern strip cartoon, one wonders why newspapers do not formulate their news in the same way. Como já disse, os dois jornais referidos não eram lá muitos bons mas apostaram em “imagem”, sobretudo o I publicou informação em BD, ilustração e infografia e com isso conquistou algumas gerações perdidas consumidoras de jornais. Em contraponto, olhando para a edição dos 25 anos do Público, alarvemente afirma que os desenhos de Álvaro Siza são “BD e/ou flip-book” porque sim. Na fundação do Público, o seu director Vicente Jorge Silva trouxe muita BD para este periódico, será que foi por isso que ainda gostamos de pensar neste jornal como uma referência?
A verdade é que se os jornais e revistas cada vez vendem menos, parte da culpa é a falta de cultura visual dos seus responsáveis – directores e redacções. Na música já se percebeu que grafismo e discos têm de andar de mãos juntas mesmo que seja para boiar num bandcamp.
Portugal intitula-se um país de poetas mas seria bom mudar isto, seria mais interessante se fosse um país de “poetas gráficos” ou “poetas músicos” já agora.
Entre 2003 e 2010 fiz “tiras humorísticas” sobre discos e concertos. Foi com alguma resistência que consegui metê-las em algumas publicações nacionais – na Finlândia foi muito mais fácil, diga-se, além do que o director da publicação era espanhol! – até que desisti porque… também não sobraram muitas publicações em papel.
Algumas dessas tiras foram reeditadas no meu novo livro, Free Dub Metal Punk Hardcore Afro Techno Hip Hop Noise Electro Jazz Hauntology. Sei que sou um desenhador medíocre e só faço esta auto-publicidade desenvergonhada (desculpem lá!) não porque queira promover-me mas sim porque quero promover é esta ideia de retratar música em BD, e que é o desenho que vai salvar a imprensa portuguesa e o mercado fonográfico e tudo mais. Aliás, já há acólitos que acreditam piamente nesta ideia como é o caso do Tiago da Bernarda, topem lá as criticasfelinas.tumblr.com.
Sim, é isso que queria dizer, olhando prá miséria da imprensa nacional…
Esta semana a grande má notícia é justamente esta, dois jornais de notícias vão deixar de existir. Não que tenha muita pena que o Sol e o I desapareçam, não eram lá grande espingarda mas dá no que pensar…
Realmente existe toda esta questão da desmaterialização da cultura, ora porque estamos a ficar habituados a encontrar todos os conteúdos na Web, ora porque por “novo-riquismo” acha-se melhor não ter objectos culturais amontoados nas estantes de casa para estarem todos enfiados num “i-qualquer-coisa” ou no disco rígido do computador. Esta atitude irá trazer mazelas no futuro (se é que já não está a acontecer agora!) porque sem objectos não há referências para a memória, sem memória a ignorância passa a ser o padrão comum. Por isso e antes de mais: viva a Flur e outras “discotecas” que ainda existem para termos nas mãos música… e livros!
Asger Jorn, artista do COBRA e do Situacionismo, escreveu algo curioso em 1962: When one sees the colossal spread of the modern strip cartoon, one wonders why newspapers do not formulate their news in the same way. Como já disse, os dois jornais referidos não eram lá muitos bons mas apostaram em “imagem”, sobretudo o I publicou informação em BD, ilustração e infografia e com isso conquistou algumas gerações perdidas consumidoras de jornais. Em contraponto, olhando para a edição dos 25 anos do Público, alarvemente afirma que os desenhos de Álvaro Siza são “BD e/ou flip-book” porque sim. Na fundação do Público, o seu director Vicente Jorge Silva trouxe muita BD para este periódico, será que foi por isso que ainda gostamos de pensar neste jornal como uma referência?
A verdade é que se os jornais e revistas cada vez vendem menos, parte da culpa é a falta de cultura visual dos seus responsáveis – directores e redacções. Na música já se percebeu que grafismo e discos têm de andar de mãos juntas mesmo que seja para boiar num bandcamp.
Portugal intitula-se um país de poetas mas seria bom mudar isto, seria mais interessante se fosse um país de “poetas gráficos” ou “poetas músicos” já agora.
Entre 2003 e 2010 fiz “tiras humorísticas” sobre discos e concertos. Foi com alguma resistência que consegui metê-las em algumas publicações nacionais – na Finlândia foi muito mais fácil, diga-se, além do que o director da publicação era espanhol! – até que desisti porque… também não sobraram muitas publicações em papel.
Algumas dessas tiras foram reeditadas no meu novo livro, Free Dub Metal Punk Hardcore Afro Techno Hip Hop Noise Electro Jazz Hauntology. Sei que sou um desenhador medíocre e só faço esta auto-publicidade desenvergonhada (desculpem lá!) não porque queira promover-me mas sim porque quero promover é esta ideia de retratar música em BD, e que é o desenho que vai salvar a imprensa portuguesa e o mercado fonográfico e tudo mais. Aliás, já há acólitos que acreditam piamente nesta ideia como é o caso do Tiago da Bernarda, topem lá as criticasfelinas.tumblr.com.
Sim, é isso que queria dizer, olhando prá miséria da imprensa nacional…
sexta-feira, 13 de novembro de 2015
Exposição "Free Dub Metal Punk Hardcore Afro Techno Hip Hop Noise Electro Jazz Hauntology" || MUNDO FANTASMA até 13 de Novembro
Marcos Farrajota (Lisboa; 1973) trabalha na Bedeteca de Lisboa desde 2000. Faz BD e fanzines desde 1992 quando criou com o Pedro Brito o zine mutante Mesinha de Cabeceira que ainda hoje edita. Criou a editora MMMNNNRRRG "só para gente bruta" em 2000 mas antes fundou a Associação Chili Com Carne em 1995.
Participou em vários fanzines, jornais, revistas e livros com BDs ou artigos sobre cultura DIY e BD pelo mundo fora. Criou a série Loverboy com desenhos de João Fazenda. Tem feito capas e cartazes para bandas punks e afins. Organizou ou fez parte de organização de vários eventos como a Feira Laica, bem como acções de formação, colóquios, rádio e "unDJing". Participou em várias exposições de BD colectivas como o Zalão de Danda Besenhada na ZDB (2000) ou Tinta nos Nervos na Colecção-Museu Berardo (2011) bem como em festivais como Xornadas de Ourense, Salão do Porto, Salão Lisboa, Komikazen em Ravenna e BD Amadora.
Exposições individuais só houve uma, Auto de Fé(rrajota) na Biblioteca da Universidade de Aveiro (1998), e é por isso que o autor aceitou com muito prazer o desafio de mostrar originais seus na galeria da loja Mundo Fantasma - inauguração dia 10 de Outubro, às 17h.
A acompanhar e de título homónimo será lançado o livro Free Dub Metal Punk Hardcore Afro Techno Hip Hop Noise Electro Jazz Hauntology. Tal como os seus livros anteriores, Noitadas, Deprês e Bubas (2008) e Talento Local (2010) ambos pela Chili Com Carne, este novo livro reúne mais BDs autobiográficas suas dispersas em várias publicações desde 2010, incluindo o livro do DVD do 15º Steel Warriors Rebellion Barroselas Metalfest.
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EGOtripping 2
quinta-feira, 12 de novembro de 2015
Finger lickin' good
Fudge Tunnel : Creep Diets (Earache / Columbia; 1993)
Meu, cada vez acho que os anos 90 foi a última década de música Rock à séria, ou pelo menos para o Rock "pesado"... E com isto admito ficar velho, quadrado e estúpido. Que se lixe... Nunca ouvi os Fudge Tunnel nos anos 90 embora soubesse que um tal de Alex Newport fosse da banda. Sabia que este cromo Newport era um produtor conceituado e soube que ele existia através daquela bomba de pregos "Indus-trash" que eram os Nailbomb - a única merda de jeito que o Max Cavalera fez fora dos Sepultura.
Fudge é Rock sujo, a roçar Hardcore e Metal, muito nas linhas de Helmet ou Nirvana-porque-não, são ingleses da mesma cidade da editora Earache e dos Napalm Death, por isso, se falamos de rock barulhento é isto. São do melhor. O resto pouco importa...
quarta-feira, 11 de novembro de 2015
Christoph Fringeli e Lynx : "Almanac for noise & politics 2015" (Datacide / Praxis; 2015)
Livro em formato A6 que faz uma espécie de "best of" do fanzine Datacide, publicação internacional que trata de "barulho e política". Se o livro "anarquista" do Rui Eduardo Paes apontava que o pensamento anarco-libertário foi ultrapassando o punk/ hardcore para outros géneros musicais, a maior falta que o nosso respeitado crítico cometeu foi não ter encontrado a ligação política ao Breakcore e à música pós-rave - a entrevista a Fringeli (cabeça da publicação e da editora Praxis) é bastante interessante sobre a intersecção entre música de dança que é essencialmente instrumental e a transmissão de ideias políticas, tema aliás que tem sido bastante debatido nos últimos números da Wire.
O Datacide tem conseguido fazer a ligação contemporânea sobre música e política, ora relembrando movimentos sócio-políticos que o status quo tenta apagar, alguns exclusivamente políticos como a "Autonomia" em Itália nos anos 70 outros alguns ligados à música de embate contra o Estado - a cena Rave inglesa dos anos 80 e a consequente "Criminal Justice Bill". Mas não é só relembrar o que se tenta ser apagado com a cultura dominante que a Datacide pretende fazer, noutros casos, também denuncia ou desmistifica situações como a de Boyd Rice - fuck, sinto-me envergonhado com isto - que se não é um Nazi mas apenas um provocador cultural então o seu narcisismo público e discurso artístico analisado como foi nesta publicação deixa poucas dúvidas sobre tal. E isto é o melhor que estas cento e poucas páginas fazem, dão-nos coordenadas novas para quem não quer estagnar culturalmente. Leitura obrigatória para 2015!
O Datacide tem conseguido fazer a ligação contemporânea sobre música e política, ora relembrando movimentos sócio-políticos que o status quo tenta apagar, alguns exclusivamente políticos como a "Autonomia" em Itália nos anos 70 outros alguns ligados à música de embate contra o Estado - a cena Rave inglesa dos anos 80 e a consequente "Criminal Justice Bill". Mas não é só relembrar o que se tenta ser apagado com a cultura dominante que a Datacide pretende fazer, noutros casos, também denuncia ou desmistifica situações como a de Boyd Rice - fuck, sinto-me envergonhado com isto - que se não é um Nazi mas apenas um provocador cultural então o seu narcisismo público e discurso artístico analisado como foi nesta publicação deixa poucas dúvidas sobre tal. E isto é o melhor que estas cento e poucas páginas fazem, dão-nos coordenadas novas para quem não quer estagnar culturalmente. Leitura obrigatória para 2015!
quinta-feira, 5 de novembro de 2015
Tristezas não pagam dívidas
Sleep Chamber : Siamese Succubi (Fünfundvierzig; 1992)
Industrial, EBM, Gótico, S/M, drogas, suspeitas de homicídios, Chaos Magick ... Ah! América! Ah! Os anos 90! Hoje seria impossível aparecer uma banda com mulheres em lingerie a executarem bondage em palco - as Barbitchuettes, só o nome... - com a banda a tocar. A primeiira reação que se pensam sobre isto é se isto seria uma forma de disfarçar os gajos feios da banda ou então o som manhoso. Ouvindo este disco e acusar isso à banda não faz muito sentido, o som é coerente com os temas pois todos eles são ambientes "erodark", que ora vão pela veia do Rock Pós-Punk ou pelo Rock Industrial. Curiosamente a música até resiste ao tempo e ainda mais curioso quando a formação (o projecto já teve dezenas de músicos mantendo-se sempre e apenas o agarrado do vocalista, John Zewizz) desta gravação é composta metade dela por mulheres - Elaine Walker (teclas, percussão, computador) e Laura Chopelas (saxofone).
Parece que os inícios da banda são mais experimentais na linha de Throbbing Gristle mas nos anos 90 o som da banda tornou-se mais funcional para alegrar (ironia espontânea) os sado-masoquistas que precisam de ritmo para copular e chicotear o parceiro. Uma surpresa este CD!
quarta-feira, 4 de novembro de 2015
Fucky fucky
Die Antwoord : Donker Mag (Zef; 2014)
Terceiro disco da banda mais excitante do novo milénio que baralha coordenadas a toda a hora. Ou talvez não, ao terceiro disco já há poucos mistérios e ilusões de quem é esta gente sul-africana que entretanto parece que vive em Los Angeles ao lado de outras estrelas de Hollywood.
A estratégia deste disco é "aumentar o volume" para dar nas vistas, uma vez que já serão poucos que não viram as fronhas destes "afrikaners artsy gunas góticos trash bling blings". Essa funcionalidade chega ao ponto que este disco até podia ser um dos Prodigy mas está lá ainda tudo que é dos Antwoord: som super-viciante cheio de micro-narrativas (algumas explicadas pelo livrinho do CD), roubos descarados a outras músicas mas com a capacidade de lhes dar novas vidas, representações cartoonescas da vida ao ponto de por todas as bestas humanas a dançar. A ambiguidade pela estética xunga continua a funcionar, o que se poderia querer mais aqui?
terça-feira, 3 de novembro de 2015
MdC na exposição SemConsenso. Banda desenhada, ilustração e política
Trata-se de uma mostra de trabalhos que compreenderá banda desenhada publicada em livros, jornais, revistas, publicações de vário cariz, assim como ilustrações editoriais, cartoons, e outros objectos menos comuns que, de uma forma ou outra, “abrem um novo espaço da política” (…). É uma constelação que não tem respostas nem pretende seguir os caminhos já trilhados ou pré-preparados para a “discussão séria”. Bem pelo contrário, são colocadas muitas perguntas.
Esta exposição contará com a presença de trabalhos dos seguintes autores, de forma mais alargada ou mais concentrada: Alice Geirinhas, Álvaro Santos, Amanda Baeza, António Jorge Gonçalves, Bruno Borges, Carlos Pinheiro, Cristina Sampaio, Daniel Seabra Lopes, João Fazenda, José Feitor, José Smith Vargas, Jucifer, Marco Mendes, Marcos Farrajota, Marriette Tosel, Miguel Carneiro, Miguel Rocha, Nuno Saraiva, Nuno Sousa, Pepedelrey, Tiago Baptista e ainda mural de Pepedelrey & André Lemos.
Ficam aqui algumas fotografias de trabalhos relacionados com o Mesinha de Cabeceira e o Mercantologia. Obrigado Pedro Moura pelo "fist fucking institucional"!
O Mesinha de Cabeceira #23 por ali... |
O Mesinha de Cabeceira #25 lá no canto... |
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quarta-feira, 21 de outubro de 2015
Last night the DJ saved my... my... my... ehm... hum... (reprise)
De facto não tenho tido paciência para escrever sobre música. Isto em meses que comprei mais músicas alguma vez na minha vida! Estranho não é? Ainda por cima chegando-me às mãos discos novos de Mão Morta, Allen Halloween, Nerve, Die Antwoord,... Talvez porque estou a ficar velhinho e já não me impressiono com mais nada sonoro, talvez porque ando deprimido pela minha querida gata Lucifera ter desaparecido na boca de cão ou porque estou cheio de trabalho e não dá para escrever sobre dezenas de discos que não me bateram pura e simplesmente... Não sei! Agora que já despachei parte do que menos me interessavam, vamos lá a isto! Começo pelos "electrónicos", daí a reprise do título!
Começo pelo Matthew Herbert e o seu badalado Plat du jour (Accidental; 2005), disco em que aborda a indústria da alimentação e todas injustiças sociais e económicas que esta cria, já para não falar dos danos à saúde. A capa do disco - que parece mais um livro do que um CD - tem cores baseadas nos colorantes colocados na comida. O resultado é parece-nos tudo "sexy" e atraente ao olho como as embalagens no supermercado. Até que lê-los os químicos cancerígenos nos ingredientes e tudo se torna repugnante. A música e a embalagem deste disco tem o mesmo resultado. Herbert faz uma música fria e minimal usando sons "concretos" como pessoas a dentarem maçãs, batidas em latas de refrigerantes, sons de porcos e galinhas em cativeiro, a água dos esgotos de Londres... o tempo das músicas ou os seus BPMs são feitos de estatísticas - os 85 bpms em Fatter, slimmer, faster, slower é porque 85% de jovens britânicas com menos de 13 anos já começaram a fazer dietas. Tudo é estruturado de forma tão tecnocrata como o mundo que vivemos e precisamos para cada música ler os textos explicativos como acontece com as peças de arte contemporânea e as suas úteis folhas de sala (senão não percebemos porque está um pedaço de lixo no meio da sala de exposições, né?). Como acção artística parece-me combater o fogo com mais fogo e sinceramente, além de ter ficado com o estômago revoltado a ler a merda tóxica que todos nós comemos, apetece é passar o disco a outra pessoa...
Invisible Soundtracks, Macro 2 (Leaf; 1998) é que se pode dizer "é tão 90s" nem que seja pelo facto de usar os 80m do CD... É uma colectânea de música electrónica em que os projectos criam bandas sonoras para filmes inexistentes, segue na essência uma linha de bom-gosto dessa década para o bar de criativos que tinham aqueles Macs com ar de televisão. Beats de Hip Hop, lógicas de Techno e Dub, quase tudo certinho, agradável e "trippy"(hop).
Acho que em 1998 não teria paciência para ouvir isto mas agora que os bares de Lisboa dividem-se o seu som entre o House merdoso e a Nostalgia (Pop dos 80, ou pior, Rock Garages), sem dúvida que este cosmopolitismo dos anos 90 é uma bênção!
Nomes conhecidos aqui To Rococo Rot, Laika e Paul D. Miller mais conhecido como DJ Spooky That Subliminal Kid - que só neste mês percebi que é uma citação de um texto do William Burroughs!
Os Durian Brothers não são irmãos da mesma genitália do pai e da mãe mas são sem dúvida irmãos de alma para estarem tão empenhados em fazer uma espécie de "techno minimal" (não é!) com sons que fazem lembrar uma tribo perdida que ficou electrificada de repente - uma espécie de Konono nº1 da Lapónia.
Falta Magia negra para ser mesmo bom como se pode verificar no EP Cubs (Diskant; 2009) porque são alemães que aposto que só devem dançar se tomarem MDMA ou cervejas no Oktober Fest. Mas o som (a ideia) é fascinante para os ouvidos, e não eles não usam paus para fazer música mas sim dois gira-discos (sem discos) e uns pedais de efeitos. Graças a isso soam a étnicos, objectivo máximo da nossa civilização ocidental nos tempos que correm. Cool shit!
Que dizer do último disco de End? O seu disco de 2004, The Sounds of Disaster, é capaz de ser um dos melhores discos algumas vez feitos neste planeta. E este álbum The Dangerous Class (Hymen; 2009) segue as suas pisadas mas falta algo. Falta o caos!
A mistura de Breakcore / Breakbeat com músicas retro-garage-lounge-big-band continua a ser divertida mas falta mais Noise, algo extremo ou simplesmente inesperado. Entre sons que lembram o 007 e diálogos no tom de Reefer Madness o tema deste disco são as drogas e excessos das gerações de hedonistas no mundo Ocidental. Se calhar o disco tem de ser histriónico por causa do tema e nunca poderia ter uma elegância e emotividade como o Foetus no seu projecto "industrial-lounge" Steroid Maximus - projecto que se pode comparar com End tendo até JG Thirlwell (Foetus!) feito uma "remix" para ele. Ainda assim é um disco que serve para uma festa de malta que curte música rápida e pesada mas com um gin tónico todo pipi na mão... Peso gourmet, topas?
Começo pelo Matthew Herbert e o seu badalado Plat du jour (Accidental; 2005), disco em que aborda a indústria da alimentação e todas injustiças sociais e económicas que esta cria, já para não falar dos danos à saúde. A capa do disco - que parece mais um livro do que um CD - tem cores baseadas nos colorantes colocados na comida. O resultado é parece-nos tudo "sexy" e atraente ao olho como as embalagens no supermercado. Até que lê-los os químicos cancerígenos nos ingredientes e tudo se torna repugnante. A música e a embalagem deste disco tem o mesmo resultado. Herbert faz uma música fria e minimal usando sons "concretos" como pessoas a dentarem maçãs, batidas em latas de refrigerantes, sons de porcos e galinhas em cativeiro, a água dos esgotos de Londres... o tempo das músicas ou os seus BPMs são feitos de estatísticas - os 85 bpms em Fatter, slimmer, faster, slower é porque 85% de jovens britânicas com menos de 13 anos já começaram a fazer dietas. Tudo é estruturado de forma tão tecnocrata como o mundo que vivemos e precisamos para cada música ler os textos explicativos como acontece com as peças de arte contemporânea e as suas úteis folhas de sala (senão não percebemos porque está um pedaço de lixo no meio da sala de exposições, né?). Como acção artística parece-me combater o fogo com mais fogo e sinceramente, além de ter ficado com o estômago revoltado a ler a merda tóxica que todos nós comemos, apetece é passar o disco a outra pessoa...
Invisible Soundtracks, Macro 2 (Leaf; 1998) é que se pode dizer "é tão 90s" nem que seja pelo facto de usar os 80m do CD... É uma colectânea de música electrónica em que os projectos criam bandas sonoras para filmes inexistentes, segue na essência uma linha de bom-gosto dessa década para o bar de criativos que tinham aqueles Macs com ar de televisão. Beats de Hip Hop, lógicas de Techno e Dub, quase tudo certinho, agradável e "trippy"(hop).
Acho que em 1998 não teria paciência para ouvir isto mas agora que os bares de Lisboa dividem-se o seu som entre o House merdoso e a Nostalgia (Pop dos 80, ou pior, Rock Garages), sem dúvida que este cosmopolitismo dos anos 90 é uma bênção!
Nomes conhecidos aqui To Rococo Rot, Laika e Paul D. Miller mais conhecido como DJ Spooky That Subliminal Kid - que só neste mês percebi que é uma citação de um texto do William Burroughs!
Os Durian Brothers não são irmãos da mesma genitália do pai e da mãe mas são sem dúvida irmãos de alma para estarem tão empenhados em fazer uma espécie de "techno minimal" (não é!) com sons que fazem lembrar uma tribo perdida que ficou electrificada de repente - uma espécie de Konono nº1 da Lapónia.
Falta Magia negra para ser mesmo bom como se pode verificar no EP Cubs (Diskant; 2009) porque são alemães que aposto que só devem dançar se tomarem MDMA ou cervejas no Oktober Fest. Mas o som (a ideia) é fascinante para os ouvidos, e não eles não usam paus para fazer música mas sim dois gira-discos (sem discos) e uns pedais de efeitos. Graças a isso soam a étnicos, objectivo máximo da nossa civilização ocidental nos tempos que correm. Cool shit!
Que dizer do último disco de End? O seu disco de 2004, The Sounds of Disaster, é capaz de ser um dos melhores discos algumas vez feitos neste planeta. E este álbum The Dangerous Class (Hymen; 2009) segue as suas pisadas mas falta algo. Falta o caos!
A mistura de Breakcore / Breakbeat com músicas retro-garage-lounge-big-band continua a ser divertida mas falta mais Noise, algo extremo ou simplesmente inesperado. Entre sons que lembram o 007 e diálogos no tom de Reefer Madness o tema deste disco são as drogas e excessos das gerações de hedonistas no mundo Ocidental. Se calhar o disco tem de ser histriónico por causa do tema e nunca poderia ter uma elegância e emotividade como o Foetus no seu projecto "industrial-lounge" Steroid Maximus - projecto que se pode comparar com End tendo até JG Thirlwell (Foetus!) feito uma "remix" para ele. Ainda assim é um disco que serve para uma festa de malta que curte música rápida e pesada mas com um gin tónico todo pipi na mão... Peso gourmet, topas?
quarta-feira, 14 de outubro de 2015
Arabic Punk não é para ímpios
Escrevi esta resenha em Agosto do ano passado, bem que desejei ver estes tipos no Milhões de Festa mas foi cancelado e hoje, finalmente, vai haver festa na ZDB! Ah no Porto, quem fez o cartaz do concerto foi o Dr. Uránio (o que fez as capas dos últimos três Mesinha de Cabeceira!).
Há quem diga que a música árabe só deve ser apreciada ao vivo. Talvez por isso muita dela editada em disco são gravações ao vivo. Topa-se a emoção e pujança de uma performance em directo dos deuses Om Kalsoum ou Farid Al-Trash com o público a arrotar postas de pescada, a puxar pelos artistas, a participar na catarse colectiva,... Mas também percebe-se isso em E.E.K. e o LP Live At The Cairo High Cinema Institute (Nashazphone; 2014), projecto de Islam Chipsy que toca sintetizador e de mais dois bateristas, embora a barulheira é tal que mal se ouve o público. O que se ouve é um power-trio (e que power, grande Alá!) que improvisa em palco arabic-punk! Punk que já não se vê no Ocidente, doideira a lembrar os ritmos "Electro" de Omar Souleyman ou Jibóia mas em orgia total de festa e improvisação que a gravação de 2011 capta numa perfeição "lo-fi".
Estes egípcios são loucos!
Por acaso, este sistema "festa ao vivo que se lixe tudo e todos" dá no que pensar quando se vê ao vivo os Flamingods (das realmente boas surpresas do Milhões 2014) e depois quando se ouve o seu LP Sun (Art Is Hard Records; 2013)... pois é, deviam era ter gravado ao vivo!
Há quem diga que a música árabe só deve ser apreciada ao vivo. Talvez por isso muita dela editada em disco são gravações ao vivo. Topa-se a emoção e pujança de uma performance em directo dos deuses Om Kalsoum ou Farid Al-Trash com o público a arrotar postas de pescada, a puxar pelos artistas, a participar na catarse colectiva,... Mas também percebe-se isso em E.E.K. e o LP Live At The Cairo High Cinema Institute (Nashazphone; 2014), projecto de Islam Chipsy que toca sintetizador e de mais dois bateristas, embora a barulheira é tal que mal se ouve o público. O que se ouve é um power-trio (e que power, grande Alá!) que improvisa em palco arabic-punk! Punk que já não se vê no Ocidente, doideira a lembrar os ritmos "Electro" de Omar Souleyman ou Jibóia mas em orgia total de festa e improvisação que a gravação de 2011 capta numa perfeição "lo-fi".
Estes egípcios são loucos!
Por acaso, este sistema "festa ao vivo que se lixe tudo e todos" dá no que pensar quando se vê ao vivo os Flamingods (das realmente boas surpresas do Milhões 2014) e depois quando se ouve o seu LP Sun (Art Is Hard Records; 2013)... pois é, deviam era ter gravado ao vivo!
terça-feira, 13 de outubro de 2015
Deus 'tá-se a cagar pró Free Dub (etc...)
foto de Rudolfo |
Compra aqui para contrariar Deus!
sábado, 10 de outubro de 2015
Mercantologia 8: Free Dub Metal Punk Hardcore Afro Techno Hip Hop Noise Electro Jazz Hauntology
Free Dub Metal Punk Hardcore Afro Techno Hip Hop Noise Electro Jazz Hauntology
de
Marcos Farrajota
Oitavo volume da Colecção Mercantologia, colecção dedicada à reedição de material perdido do mundo dos zines.
80p. 15 x 21 cm
666 exemplares
ISBN: 978-989-8363-34-3
PVP: 10€ (50% desconto para sócios, jornalistas e lojistas) à venda na Chili Com Carne, a partir de dia 10 de Outubro na Mundo Fantasma, BdMania, Letra Livre, Artes & Letras, brevemente na LAC, El Pep, Matéria Prima,... seguido de FNAC, Bertrand,...
Eis a terceira compilação das BD's autobiográficas de Marcos Farrajota depois de Noitadas, Deprês e Bubas (2008) e Talento Local (2010) ambos pela Chili Com Carne nesta mesma colecção. O novo livro Free Dub Metal Punk Hardcore Afro Techno Hip Hop Noise Electro Jazz Hauntology reúne material disperso em várias publicações - incluindo o livro do DVD do 15º Steel Warriors Rebellion Metalfest mas também em vários zines e revistas como Cru, Prego (Brasil), Pangrama, Stripburger (Eslovénia) e ainda antologias de países começados por "s" como a Suécia ou a Sérvia!
As Bds que se encontram aqui são cada vez menos os episódios mundanos como noutras BDs de Farrajota para dar primazia a ensaios críticos sobre a cultura portuguesa e subculturas underground... Talvez por isso que só agora é que são compiladas as míticas tiras da série Não 'tavas lá!? que fazem crítica aos concertos assistidos pelo autor publicadas na mítica Underworld : Entulho Informativo e vários outros zines e revistas. Podem encontrar nestas tiras bandas famosas como os Type O Negative ou Peaches, de culto - Puppetmastaz, Repórter Estrábico ou Dälek - como algumas "fim-da-linha" como os Dr. Salazar (quem?), para além de ainda relatar conferências (Jorge Lima Barreto), museus e instalações sonoras (MIM de Bruxelas ou MACBA de Barcelona) mostrando um gosto ecléctico mas sobretudo amor à música.
O livro vai ser lançado em Outubro, primeiro numa exposição homónima na Mundo Fantasma (10 de Outubro, às 17h) e outra no Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca de Xira, no âmbito da exposição SemConsenso a inaugurar no dia 31 de Outubro.
Ah! E o Rudolfo vai participar no livro... com aquela BD sobre drogas que saiu no Prego e com o design da capa/contra-capa!
...
sobre o autor: Marcos Farrajota (Lisboa; 1973) trabalha na Bedeteca de Lisboa tendo sido responsável por várias publicações e eventos como o Salão Lisboa 2003 e 2005. Faz BD e fanzines desde 1992 quando criou com o Pedro Brito o zine mutante Mesinha de Cabeceira que ainda hoje edita (26 números). Criou a editora MMMNNNRRRG "só para gente bruta" em 2000 mas antes fundou a Associação Chili Com Carne em 1995.
Participou em vários fanzines, jornais, revistas e livros com BDs ou artigos sobre cultura DIY e BD: Publish or Perish, Amo-te, Osso da Pilinha, Stereoscomics (França), Milk & Wodka (Suiça), Prego (Brasil), Cru, White Bufallo Gazette (EUA), Shock, Blitz, Free! Magazine (Finlândia), Bíblia, V-Ludo, Umbigo, Pangrama, Stripburger (Eslovénia), Pindura (Brasil), My Precious Things, Banda, Page, Biblioteca, La Guia del Comic (Espanha), Quadrado, Underworld / Entulho Informativo, Zundap, Inguine Mah!gazine (Itália), Splaft!, Kuti (Finlândia), š! (Letônia), Hoje, a BD - 1996/1999 (Bedeteca de Lisboa), Crack On (Forte Pressa), Tinta nos Nervos. Banda Desenhada Portuguesa (Museu Berardo), Boring Europa (Chili Com Carne), Futuro Primitivo (Chili Com Carne), No Borders (Alt Com), Sculpture? (Cultural Center of Pancevo), Komikazen - Cartografia dell'Europa a fumetti (Edizioni Del Vento), Metakatz (5éme Couche) e Quadradnhos : Sguardi sul Fumetto Portoghese (Festival de Treviso).
Criou e escreveu a série Loverboy (4 volumes) com desenhos de João Fazenda, tal como já escreveu BDs para Pepedelrey, Jorge Coelho e Fábio Zimbres. Tem feito capas, cartazes e BD's para bandas punks e afins: Acromaníacos, Agricultor Debaixo do Tractor, Black Taiga, Censurados, Crise Total, Çuta Kebab & Party, Gnu, Gratos Leprosos, Ideas For Muscles, Jello Biafra, Lacraus, Lobster, Melanie is Demented, Peste&Sida, Rudolfo, Sci-Fi Industries, shhh..., Sunflare, Vómito e Whit. Organizou ou fez parte de organização de vários eventos como BD & Cafeína - performance de 24h (1997), Feira Laica (2004-2012), Pequeno é Bom (2010),... Bem como de acções de formação (Ar.Co, IPLB,...), colóquios, um programa de rádio - o Invisual (Rádio Zero, 2008-09) - e sessões de unDJing tendo já "tocado" (pffffff) nos Maus Hábitos, Festival Rescaldo, Jazz em Agosto, Bartô, Sabotage Club e Damas.
Já participou em algumas exposições de BD sobretudo colectivas - sendo de salientar a Zalão de Danda Besenhada, o último salão dos independentes na Galeria ZDB (2000), LX Comics 2001 na Bedeteca de Lisboa (2000/01); Mistério da Cultura na Work&Shop (2008) e Tinta nos Nervos na Colecção-Museu Berardo (2011); bem como em vários festivais: BoDe, Xornadas de Ourense, Salão do Porto, Salão Lisboa, Komikazen, MAGA e BD Amadora.
Exposições individuais só houve uma, Auto de Fé(rrajota) na Biblioteca da Universidade de Aveiro (1998), e é por isso que o autor aceitou com muito gosto e lágrima no olho ao desafio de mostrar originais seus (horríveis e em visível degradação perversamente antecipada) na galeria da loja Mundo Fantasma - um grande chi-coração ao Zé e ao Júlio!
Estava previsto um "stand up comedy" para a inauguração mas o autor não foi rápido o suficiente para preparar a peça! Shame on tha nigga!
Bibliografia: É sempre tarde demais (Lx Comics #2, Bedeteca de Lisboa; 1998), Loverboy (c/ desenhos de João Fazenda, 4 volumes, Polvo, Chili Com Carne; 1998-2001, 2012), NM2.3: Policial Chindogu (c/ desenhos de Pepedelrey, Lx Comics #9, Bedeteca de Lisboa; 2001), Noitadas, Deprês & Bubas (Mercantologia 3, Chili Com Carne; 2008), Raridades, vol.1 (c/ arg. Afonso Cortez Pinto, Zerowork Records; 2009); Talento Local (Mercantologia 4, Chili Com Carne; 2010), 15º SWR DVD (SWR inc.; 2013).
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FEEDBACK: Toast!!!And the Jamaican use of the word refers to "extemporary narrative poem or rap" like in reggae music, but toast also means a call to drink's at somebody's health or good news. In our case, the release of the Free Dub Metal Punk Hardcore Afro Techno Hip Hop Noise Electro Jazz Hauntology book !!! DJ Balli ... UAUH..... respect.... 666 exemplares? o must :-) Luís Lopes ...
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Não 'tavas lá
Melhor capa de disco Grind
Feira da Vandoma, Porto, 10.10.15. 11h.
A gorda de branco é a mãe ou responsável de educação. Uma foto com ela a puxar o carinho é que seria A capa Grind mas com medo de represálias físicas não deu para fotografar de frente.
quinta-feira, 1 de outubro de 2015
A gata desaparecida
Estradasphere : Palace of mirrors (The End; 2006)
Os norte-americanos Estradasphere querem ser muita-malucos... No seu primeiro álbum metiam no livrinho do CD umas "cheerleaders" do Black Metal e a banda apresentava-se de branco-virginal como se fosse uma "boys-band". No Quadropus (Mimicry; 2003) os elementos da banda eram desenhados como super-heróis-músicos com um grafismo horrível, diga-se de passagem, à lá "comic-book".
Em 2006 apareceram como se estivessem num disco de espionagem, com uma inexplicável e fragmentada fotonovela no livro do CD e com pinta "retro", claro está. À primeira audição este disco lembra o que os Secret Chiefs 3 fizeram mais tarde com num álbum como Tradicionalists, não fossem as relações entre estas duas bandas bastante promiscuas. Lembra isto porque também os Estradasphere passaram a um registo meramente instrumental devido à saída do vocalista da banda. Fundem "toda a música do mundo" com as ciganices klezmers, Death, Funk, Surf e música de banda sonora para filme inexistente entre Morricone e Rota. O virtuosismo é máximo. A produção também. O resultado é Musak Metal para quem ainda hoje pensa nos Mr. Bungle.
Para a Lucifera (2009-2015)
sábado, 5 de setembro de 2015
Punindo a autoria
Author & Punisher : Ursus Americanus (Seventh Rule; 2012)
Lendo o número de Agosto da Terrorizer e ouvindo os seus 2 CDs de oferta chega-se à triste conclusão que o Metal está morto. Ou se reduz a nostalgia - em Portugal é de acompanhar o excelente trabalho de recuperação de bandas nacionais pela Chaosphere como a edição que comemora os 20 anos da Era do Abutre dos Filii Nigrantium Infernalium - ou a derivações e fusões de subgéneros num jogo comercial de fazer corar os gangstas do Hip Hop - estratégias mais do que explicadas em Retromania.
Como diz Attila Csihar numa entrevista: When I heard the first songs from the De Mysteriis album, it was so new and even more extreme because the drumming was faster than anything I had ever heard before, and the music, the riffing, and everything was just new. Add to that the fact that we were kids, so people went crazy (...) The whole world, a little bit, ended up shifting into this extremity not only for music but I think also in cinema or in fashion or video games. They go more and more extreme, at least technically. They’re more fucked up. But there is also a limit, I think, to how far you can go. There is a point where you flip over. The energy has a peak. It’s sharp like a blade. If you go further than that peak or the tip of the blade, it grows less strong. It weakens.
Ouvindo os CDs da revista ou inspecionando uns "youtúbaros" das bandas que são escritos artigos, a sensação é que não há nada há de novo neste género músical e que os limites do som, velocidade e agressividade já chegaram ao topo da montanha. Lá de cima olha-se para baixo para ver a paisagem arduamente conquistada e está tudo enevoado... tanto esforço físico e técnico para nada... O mais interessante do "metal" têm sido as suas expansões para outras áreas como o Free/Improv - de resto é uma ideia velha se pensarmos em Naked City ou Praxis embora o disco de Jazkamer de 2006 ainda faz sentido em 2015!; ou ainda para o neo-primitivismo dos sunn0))) ou dos Neoandertals; ou juntar-se à música electrónica onde a maior parte das inovações sonoras ainda são aí feitas. É o caso deste Author & Punisher, um americano cromo que cria as suas máquinas de barulheira, e que descobri na publicação.
Para dizer a verdade de Metal nada têm a não ser porque percorre o seu circuito de difusão - o seu último álbum foi editado pelo Phil (Pantera) Anselmo, por exemplo. A&P pratica o "transhumanismo", o que sempre faz mais sentido fundir o corpo humano com as máquinas do que ser um humano sem alma a tocar como uma máquina oleada como soam as bandas de Death, Black ou Metalcore de agora. As máquinas que criou fazem percursões, disparam drones, manipulam a voz do seu criador e não tocam guitarras (ops!). É "Dubstep para metaleiros" ou a versão funcional do Survival Research Laboratories, o que alguns "industrialitas" poderão desdenhar como "Industrial para costureiras" a julgar pelas performances ao vivo em que soa mais a Post-metal, a lembrar a lição sobre música industrial (não o género mas a fábrica ocidental da Pop music) que o concerto dos Laibach deram no final do mês no castelinho "queer" de Leiria: estamos em 2015, o Dubstep e os "Ídolos" são a marca-de-água destes tempos, há que explorar o filão e desviá-lo para outro caminho.
A&P neste LP dedicado ao urso norte-americano não está no barco de 2015, ainda está numa linha para fãs de The Bug actual ou remixes de Godflesh. Talvez se tenha estragado ao entrar no comércio "metaleiro-melódico-melodramático", o que é uma pena. Este álbum é ar fresco para metaleiros quarentões que não vivem com cadáveres putrefactos na sua cave - isto a propósito desta imagem.
Já agora, em Portugal com a sua distância e personalidade própria há o muito interessante Atilla que se aproxima deste "neo-electrónica-metal" para não se pensar que sós Gringos é que são os gajos que inventam tudo ou que os portugueses são uns fatelas que se pintam de "corpse-painting" para ouvirem no quarto os seus discos quando a cena é que era!
Seja como for, o Metal morreu!
Viva o Metal!
segunda-feira, 31 de agosto de 2015
Querida, encolhi os discos!
Ao seleccionar os vinis prá "unDJ Battle" com o Felizardo, peguei no IIron (Mego; 2011) do CoH que tinha feito aqui uma resenha crítica. Ao olhar prá rodela do disco reparei que este "duplo álbum" tinha como rotações 45rpm e não as 33 e tal normais de um LP.
Ou seja, andei a ouvir o disco com rotações erradas durante semanas e achar o disco como estranho, quase "alien" e bastante inspirador!
As boas notícias: disco novo em casa!!! E sem gastar mais um cêntimo!
As más: o disco é um bocado merdoso... Os riffs de guitarra xungas de metaleiro clandestino são clichés. Os glitches e beats que foram colocados tornam o som diferente mas realmente o disco ganhava uma dimensão mais dinâmica era nas rotações "lentas" e não no despejar de barulho metaleiro!
Questão: fico com o disco sabendo que só gosto dele ouvindo de forma "errada"?
PS - isto é tipo vingança do Black Taiga, né?
PPS - só com meios analógicos é que a música é que pode ter piada como me aconteceu com o disco da "pizza-noise". Duvido que hajam histórias assim com os mp3s...
Ou seja, andei a ouvir o disco com rotações erradas durante semanas e achar o disco como estranho, quase "alien" e bastante inspirador!
As boas notícias: disco novo em casa!!! E sem gastar mais um cêntimo!
As más: o disco é um bocado merdoso... Os riffs de guitarra xungas de metaleiro clandestino são clichés. Os glitches e beats que foram colocados tornam o som diferente mas realmente o disco ganhava uma dimensão mais dinâmica era nas rotações "lentas" e não no despejar de barulho metaleiro!
Questão: fico com o disco sabendo que só gosto dele ouvindo de forma "errada"?
PS - isto é tipo vingança do Black Taiga, né?
PPS - só com meios analógicos é que a música é que pode ter piada como me aconteceu com o disco da "pizza-noise". Duvido que hajam histórias assim com os mp3s...
sexta-feira, 7 de agosto de 2015
É lixado ser gozado pelos mais novos...
O Rudolfo goza comigo no zine Molly #2... Sacana! E sacana porque este número está muito bom! Amanhã podem confirmar isso na El Pep!
quarta-feira, 22 de julho de 2015
Arto Paasilinna : "A Lebre de Vatanen" (Relógio D'Água; 2009)
Não resisti a comprar outro livro do Paasilinna porque além da minha pancada assumida pela Finlândia, a Feira do Livro de Lisboa é mesmo uma oportunidade para arriscar em livros / autores que não se tem muita confiança. Mais 5 euros muito bem gastos diria... Se Um aprazível suicídio em grupo era previsível no seu "happy-ending" já desta Lebre não se pode dizer o mesmo apesar de ter um começo mais ou menos idêntico, desta vez com um jornalista quarentão que é abandonado no meio do campo enquanto ajuda uma lebre. Torna-se num dissidente social e também percorre o Verão finlandês e o país inteiro, sempre com a sua lebre selvagem. Episódio a episódio, Paasilinna demonstra que ainda é possível fazer boa ficção no nosso mundo chato, burocrático e controlado pelo Estado. Pró ano compro As Dez Mulheres do Industrial Rauno Ramekorpi? Claro que sim, se calhar até antes da Feira do Livro!
segunda-feira, 20 de julho de 2015
My kind of people...
Estes manos do Estado Islâmico são tudo menos fixes mas admito sentir uma ponta de admiração em terem explodido com um estádio olímpico no Iraque. Se há algo que merece uma bomba nos cornos são os templos do Desporto. Obrigado por me alegrarem a Segunda-Feira!
terça-feira, 14 de julho de 2015
Recordando Estrompa (a cores)
Na casa dos meus pais em Agosto do ano passado descobri pra lá a maquete do MdC #6 com a tal sessão de fotomaton com o Estrompa gloriosamente a cores.
Este Sábado, fazendo um ano do desaparecimento do Estrompa, a El Pep lança um número especial do fanzine Shock em homenagem ao autor/editor e à sua personagem Tornado. Como a malta da BD são todos uns granda piços não me avisaram do projecto e estive a fazer uma BD às pressas das minhas memórias com o Estrompa. Sairá como um mini-zine-suplemento dessa publicação. Eis a capa cheia de divertida e perigosa nostalgia:
Entretanto já é pública a capa do novo Shock, em que curiosamente é usada também uma fotografia, desta vez do Estrompa, claro, autoria de Marco Peixoto.
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Pedro Brito
quarta-feira, 24 de junho de 2015
João Paulo Ferro : "Roll Over : Adeus anos 70" (Documenta; 2013)
Odeio a expressão "oportunidade perdida", seja vindo de um rabeta que nunca faz nada de jeito na vida seja de um intelectual com a sua tese empinada! O que é que as pessoas sabem dos bastidores da produção de um livro ou de um espectáculo para dizerem isso? O que sabem das dificuldades ou objectivos de quem criou uma peça artística ou editorial?
Infelizmente, ao folhear este livro deixei-me levar por essa expressão ressabiada... Outra expressão terrível é "uma imagem vale por mil palavras", como se um médium pudesse substituir outro! E aqui estou eu a olhar para um livro lindo que, paradoxalmente, as imagens dizem pouco, muito pouco... Os prefácios do livro acham que não, que estas fotografias tiradas à boémia de uma certa elite social lisboeta são diferentes aos da geração Instagram / Vice que tudo fotografam e que deixam mais facilmente uma pegada documental. Olhando para estas fotos do livro, subtraindo as roupas e máquinas que são dos finais dos anos 70, o que fica são jovens iguais aos de 2015 - até porque nos últimos anos, os "70s" estão na moda - nas suas poses, risos e excessos. Temos jovens betos em Cascais, Sintra, Caldas da Rainha e Lisboa a falarem, drogando-se, apanhando carraspanas, com poses sensuais, algumas sexualmente ambíguas outras libertárias, a dançarem, a curtirem a vida à noite em espaços públicos ou em casas particulares. Alguns até estão vestidas à rocker que realmente podia ser "vanguarda" em Portugal mas já era anacrónica noutra parte do planeta - é sem dúvida retro em 2015 mas ainda existe malta assim sabe-se lá porquê!
As fotografias mostram actuações ao vivo de bandas como Anar Band, os Xutos & Pontapés no primeiro concerto, Faíscas mas também de outras futuras personalidades como Miguel Sousa Tavares e o Al Berto com ares de putos (que eram). Mas é preciso conhecer estas pessoas publicamente, não há legendas a indicá-las nem explicações de outra hora. Nem precisa e o livro pode ser o que é, uma recolha autónoma de imagens de uma geração pós-PREC e pré-Cavaquistão I. Havendo um défice de informação sobre esses tempos em relação à cultura urbana portuguesa é realmente uma "oportunidade perdida" não haver um livro que tenha textos com a mesma qualidade destas fotografias que contem histórias da altura, histórias com sangue e suor, tão íntimas como a da fotografia do gajo a chutar-se - e que encerra o livro, como se profetizasse a merda toda que viria aí e que iria destruir ou queimar muita gente nos anos 80 e 90.
É impossível publicar um livro destes sem que se deseje um relato pessoal do fotógrafo longe da preguiça que este almejou e cumpriu. Se calhar não foi possível, se calhar o autor não se sente à vontade, se calhar "uma imagem vale por mil palavras" - o caralho que vale!
quarta-feira, 10 de junho de 2015
segunda-feira, 8 de junho de 2015
Arto Paasilinna : Um aprazível suicídio em grupo (Relógio D'Água; 2010)
Uma capa tão horrorosa em 2010 é mais escandalosa que a escrita deste finlandês em 1990 - realmente a Relógio D'Água pode ser uma grande editora mas deveria repensar a imagem gráfica!
O suicídio pelos países nórdicos é uma catástrofe humana e não se deve brincar com isso mas Paasilinna brincou e com bastante estilo... Não é um livro pesado, na realidade está na linha de filmes "celebração da vida" - tipo Kusturika ou "o destino de Emélie" - em que se consegue prever o final - e que será nesse "fim do mundo" que é Sagres, daí a capa manhosa?
Tal como ler os romances gráficos de Jarno Latva-Nikkola ou os filmes de Aki Kaurismäki ou ainda saber de histórias da Finlândia (e eu sei um bom par delas desde 2002) encontramos uma linha comum nisto tudo e percebermos o que será um "Finlandês verdadeiro", e é fácil: são casmurros, deprimidos, moralistas e dados a um sentido de "non-sense" cujo estereótipo seria mais fácil de identificar com o "Sul". Este livro é uma polaróide daquela sociedade apesar da história começar com um militar reformado e um empresário falido a encontrarem-se por coincidência no mesmo estábulo para se suicidarem. Depois de desistirem de acabarem ali com as suas vidas, gozam o verão finlandês (diz-se que ninguém tira um finlandês do seu país nesta estação do ano) e decidem criar uma Sociedade de Suicidas Anónimas com o objectivo de se matarem em colectivo e com dignidade. Situações trágicas e cómicas sucedem-se de forma a viciar o leitor. Torna-se um bocado inconsequente tal como o "nosso" Saramago foi com As intermitências da Morte mas pelo menos Paasilinna é mais divertido, perfeito para as férias.
Ler sobre suicídio na época balnear? Why the fucking not? Na realidade este livro é um verdadeiro "fun fun fun in the Autobahn", um mórbido "road-movie" com excursionistas "kamikazes",... como não ler isto a assar bem de frente aos cancerosos raios solares?
Já agora, como o mercado livreiro em Portugal é uma selva de oportunidades, os livros de Paasilinna já se encontram a 5 euros na Feira do Livro. Valem isso!
O suicídio pelos países nórdicos é uma catástrofe humana e não se deve brincar com isso mas Paasilinna brincou e com bastante estilo... Não é um livro pesado, na realidade está na linha de filmes "celebração da vida" - tipo Kusturika ou "o destino de Emélie" - em que se consegue prever o final - e que será nesse "fim do mundo" que é Sagres, daí a capa manhosa?
Tal como ler os romances gráficos de Jarno Latva-Nikkola ou os filmes de Aki Kaurismäki ou ainda saber de histórias da Finlândia (e eu sei um bom par delas desde 2002) encontramos uma linha comum nisto tudo e percebermos o que será um "Finlandês verdadeiro", e é fácil: são casmurros, deprimidos, moralistas e dados a um sentido de "non-sense" cujo estereótipo seria mais fácil de identificar com o "Sul". Este livro é uma polaróide daquela sociedade apesar da história começar com um militar reformado e um empresário falido a encontrarem-se por coincidência no mesmo estábulo para se suicidarem. Depois de desistirem de acabarem ali com as suas vidas, gozam o verão finlandês (diz-se que ninguém tira um finlandês do seu país nesta estação do ano) e decidem criar uma Sociedade de Suicidas Anónimas com o objectivo de se matarem em colectivo e com dignidade. Situações trágicas e cómicas sucedem-se de forma a viciar o leitor. Torna-se um bocado inconsequente tal como o "nosso" Saramago foi com As intermitências da Morte mas pelo menos Paasilinna é mais divertido, perfeito para as férias.
Ler sobre suicídio na época balnear? Why the fucking not? Na realidade este livro é um verdadeiro "fun fun fun in the Autobahn", um mórbido "road-movie" com excursionistas "kamikazes",... como não ler isto a assar bem de frente aos cancerosos raios solares?
Já agora, como o mercado livreiro em Portugal é uma selva de oportunidades, os livros de Paasilinna já se encontram a 5 euros na Feira do Livro. Valem isso!
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