Coincidência gira esta, queixa-me naquela que será a minha última tira de BD sobre o facto de não haver muitas biografias do Pop/Rock portugueses como acontece com qualquer gato-sapato inglês, e até aparecem uns livros que provam o contrário. Ambos em formato A4 sabe-se lá porquê...
Memórias do Rock Desalinhado é mais uma farsa académica com a Paula Guerra a co-assinar mais um livro que obviamente não lhe pertence - parece que é prática comum no meio das bolsas académicas e afins pelos vistos porque tentou fazer o mesmo comigo com o Punk Comix. Quem fez o trabalhinho foi a Ondina Pires. A outra parece uma IA a gerar textos introdutórios, para encher a sua bibliografia autofágica, sem sal nem açúcar, falhando sempre ao lado do que se pretende. E aqui o que se pretende é a reunião de vários testemunhos de vários Rockers portugueses para contarem as suas peripécias em concertos e acidentes, sobre os sacanas dos promotores rip-offs, a loucura das pessoas e todo amadorismo português em estado de (des)graça sobretudo nos 80 e 90 on the road. Há situações hilariantes de uma época em que havia mato para desbravar por uma geração que armada em artistas e que provocavam as populações e audiências com toda a espécie de malabarismos sonoros e performáticos. É uma época que lá foi, hoje, ninguém terá a vontade de provocar ninguém, como se sabe, com medo de "afundar a carreirinha". Dos Bastardos do Cardeal até aos Dirty Coal Train, passando pelos Great Lesbian Show e outras bandas, há aqui relatos na primeira pessoa para uma tarde bem passada na completa risota. Podem sacar em PDF grátis aqui.
Cliché Música de José António Mouras saiu inesperadamente pela Holuzam, editora de música "out" e ligada à loja Flur. Surpresa para aqueles que acham que a Ama Romanta foi a primeira "indie" portuguesa, nope! Há sempre alguém primeiro! Esta Cliché dos inícios dos anos 80 era assim de uma betalhada fixe (com ligações às Raincoats e a Rough Trade) que tinha uma loja de roupas (que tinha lá uns discos) e editaram uns discos fora do normal para a época como os Material (de Bill Laswell), Raincoats, Young Marble Giants, Pigbag e David Thomas (dos Pere Ubu), isto em forma de licença de direitos, claro. Discos portugueses (e originais) foi só um, Belzebu dos Telectu, tendo depois fechado actividade editorial - engraçado aconteceu o mesmo com a SPH depois de editar um CD dos Telectu, hum... Numa Lisboa pouco cosmopolita tiveram estas actividades para não cair na modorra do país ainda traumatizado com o PREC e os baladeiros revolucionários. Um interessante cliché sobre a época.
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