quarta-feira, 14 de julho de 2021

Tim Burgess : Telling Stories (Viking / Penguin; 2012)

Enquanto toda a malta que é malta fala do Punk ou o Metal como o género de música que lhes bateu mais, para abrir o terceiro olho (já lá vamos) daqui deste lado devo dizer que foi a onda "Madchester" que me fez curtir música de forma séria pela primeira vez  na vida sendo eu na altura um consumidor ignorante de Top+ e o que ouvia num subúrbio de gente parva (Cascais). O punk acontece "alguns meses mais tarde" depois de curtir aquele Pop dançável e orelhudo da terra dos bifes - e depois foi tudo ao mesmo tempo: Industrial, Gótico, Metal, Hip Hop, Rave, Grind, Crust, yo! Por isso, quem me conhece mal, acha um bocado estranho eu ter uma anca de dança pelos Stones Roses e Happy Mondays invés de me babar por Napalm Death ou The Cure como qualquer outra pessoa interessante. Desculpem...

Cheguei aos Charlatans quando a Megastore da Valetim de Carvalho do Chiado abriu (?) e andou a oferecer com o jornal Blitz quatro vinis à escolha - podia-se escolher um dos quatro. Não sei como consegui um duplo dos sensíveis This Mortal Coil e outro LP de estreia destes ingleses - devo ter comprado dois exemplares do jornal? As outras opções acho que eram as Throwing Muses e Fields of Nephilim... alguém se lembra desta campanha incrível dos anos 90? 

Bom, o disco era fixe e ainda hoje o oiço com regularidade mas curiosamente nunca mais pensei neles, ou seja, ir ouvir outros discos porque até apareceu a 'net que permitia isso. Aliás, nem sabia que eles tinham mais uma dúzia de discos de originais e que foram várias vezes aos Tops 10 das vendas, uau! Caguei mesmo para o mundinho mainstream há muito tempo. Ouvindo esta semana os discos em linha, também percebi que não perdi nada. 

Encontrei este livro da Bivar, uma curiosidade para ler no Verão. Aquela leiturinha leve que se quer de vez em quando. No fim-de-semana passado fui para fora e apanhei um incêndio que me reteve duas horas no comboio. Quase li o livro todo mas estava a ver a coisa mal parada - literalmente. Logo o que o burgesso do Tim escreve no primeiro capítulo do livro é sobre o seu penteado e o seu estilo de vestuário. Foda-se! Depois são as suas memórias que achei piada ler por nostalgia pura e dura, nada mais, tudo é medíocre. Nada de excitante: sexo é zero - o Tim não passa de um "normie" -, drogas muitas e fiquei a saber que coca tomada analmente dá grande pedalada (e ele explica como se faz, o que obriga a duas pessoas na operação), e rock'n'roll... bóf, a banda é Pop, convenhamos, que nem se distingue dos Stone Roses se não fosse o orgão. 

Ah! Há a história do organista Rob Collins que se envolveu num assalto à mão armada é aqui explicada e desculpada, sei lá, no fim a conclusão que isto é só mais uma cambada de toinos que ainda pergunto como aparecem tantas referência aos Crass quando estes gajos são apenas mais uma grupeta de putos egoístas e inúteis. Putos? Bem... hahahaha, o  livro é de 2012 e já há fotos do Tim Burgesso mal-envelhecido a tocar bongos com ar de Hippie tardio e a fazer meditação transcendental, arrependido de ter sido um merdas na sua vida adulta toda. 

Fico a pensar como tive uma vida muito mais rica do que este Rock-Star. O livro vai voltar à Bivar, quem quiser se divertir um coche pela uva mijona. Não me arrependo de ter escolhido o Some Friendly (Dead Dead Good / Situation Two / Beggars Banquet; 1990) invés dos Nephilim...

PS - Entretanto, passei pela Neat Records e ficou por lá...

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