Faleceu, ou pelo menos foi noticiado no passado dia 15, o "Zé Maria da Sabotage". Os aspas significa isso tudo. Ninguém sabe o seu nome como deve ser, a sua data de nascimento e ao certo as suas actividades, de tão resguardada que era esta pessoa.
Da minha parte nada poderei dizer mais do que foi escrito na 'net excepto que lhe tenho em dívida uma cultura de música "Rock" quando ele tinha a sua distribuidora de discos Sabotage nos anos zero deste novo milénio. Não fosse ele nunca saberia quem eram os génios como End, sunn0))), Dälek ou Otto Von Schirach ou os géneros musicais como o Dancehall ou o Afrobeat ou editoras como a Anticon e Web of Mimicry.
Melómano e reservado, pouco mais poderei contar porque mais nada saberei, apesar de me encontrar com ele regularmente quando escrevia para a Underworld / Entulho Informativo, entre 2003 e 2006, e ia ao seu escritório-armazém, em Cascais, buscar "promos". O contacto era mínimo e sentia até um desconforto ao início porque vinha de uma revista ligada ao Metal. Aos poucos provei que conseguia escrever sobre os discos sem ter uma censura metaleira (que havia mas sempre consegui mandá-la à merda!) e com entusiasmo - pudera! dado os discões que recebia!
Lembro-me que a dada altura deixei livros da Chili Com Carne e da MMMNNNRRRG com a Sabotage - para eles venderem em feiras de discos? - e que ele e a sua companheira, Ana Paula, gostavam deles. Tanto que passados uns bons anos sem contacto - quer a revista quer a distribuidora desapareceram com o "fim" dos discos - quando decidem abrir uma sala de espetáculos com nome homónimo, contactaram-me para lhes sugerir alguém para fazer um mural no clube. A escolha recaiu sobre o João Maio Pinto, que quase passou a fazer tudo para eles. É irónico que não houvesse espaço visual para mais e sem "censura metaleira" mas a cultura visual portuguesa sempre foi sempre será limitada, pelos vistos...
Sem uma relação pessoal, a notícia da sua morte entristeceu-me e com dúvidas lá escrevi esta elegia. Ela tinha de ser escrita. Não teria a coragem de ser unDJ sem os terrores e os prazeres proporcionados pelos discos do "Zé Maria da Sabotage". Seria injusto não o recordar por mais "apagado" ele fosse. Seria ingrato senão o agradecesse publicamente, mesmo que o tenha agradecido várias vezes em privado pelas pérolas sonoras.
Obrigado, mais uma vez!
PS - E lembrei-me que foi graças ao Zá Maria que conheci outro cromo, o João Mascarenhas dos Stealing Orchestra, um dos projectos musicais portugueses mais inteligentes, com quem tive a oportunidade de trabalhar com ele na banda sonora do Futuro Primitivo. Memória, onde estás?
Sem comentários:
Enviar um comentário