quarta-feira, 21 de dezembro de 2005
Rock RIP
Revivalismo por revivalismo está "1+1=ate" (Estrus / Sabotage; 2004) dos Knockout Pills, uma banda de garagem de trintões que ainda pensam que tem vinte e poucos, tal é a pica, energia e simplicidade "ramoneana" das músicas, os especialistas falam que este é um álbum que trás a Estrus de volta às grandes edições... percebe-se porquê. (3,5; talvez incorporar na colecção ou oferecer a um amigo Rocker)
"Flies the fields" (Touch and Go / Quarterstick / Sabotage; 2005) dos Shipping News fede a urbano-depressivo com um peidinho de Emocore(!), dando uma impressão que os Slint passaram por aqui. Bonita embalagem! (3,2; incorporar na colecção até arranjar Slint)
"Blocked Numbers" (Suicide Squeeze / Sabotage; 2005) é a estreia dos Crystal Skulls todo Indie-Pop norte-americano bem feito mas sempre com o mesmo tom de "draminha de quarto". Citando a VH-1, isto é "so nineties". Bonita embalagem - também! (2,92; despachar o + rápido possível - até antes de uma Festa de Troca de Discos)
sábado, 17 de dezembro de 2005
quarta-feira, 30 de novembro de 2005
Boyd Rice: "The Vessel of God" / M. Janeiro: "Porto do Graal" (Terra Fria, 2005)
O livro de que aqui escrevo foi oferecido no último concerto de Rice em Sintra - coisa estranha mas de salutar: ir ver um concerto e receber um livro! - em que temos alguns ensaios de Rice e um de M. Janeiro. Ambos textos estão publicados no original e com uma tradução (de inglês para português no caso de Rice, e vice-versa para Janeiro).
Rice tem viajado pelo mundo e descodificado alguns mitos - vejam thevesselofgod.com - como são os casos apresentados no livro, dividido em três capítulos. Revela como a Igreja Católica explorou o paganismo e toda uma cultura anterior à dela, e como aliás, acentuou a exclusão das divindades femininas no seu folclore - situação que já vinha do judaísmo. E é a partir dessa perda, que surge o mito do Santo Graal, a procura do Sangue Real de um "par divino" (Jesus e Maria Madalena). A escrita de Rice é cativante com as comparações entre a história cristã e a mitologia pagã, ou como as estórias da História se repetem em espirais tele-novelescas sem que nos darmos conta. E talvez seja aqui que este "esoterism 101" tenha de positivo - por revelar o esquecimento perpetuado pela História dos vencedores, ou seja a da Igreja Católica e do Capitalismo.
Já o Porto do Graal trata de enaltecer Portugal como uma nova pátria espiritual a ser criada (e governada?) pela Ordem Militar dos Cavaleiros do Templo de Salomão. Ao que parece, havia todo o interesse que D. Afonso Henriques criasse uma nova pátria europeia para que a Ordem fundasse o seu porto de virtudes. Curiosa tese que tem tudo a ganhar pela investigação científica mas que põe tudo a perder com uma conclusão tola do autor, que quase parece um fan boy babão de Portugal, espécie de extrema-direita pseudo-iluminada sem sentido de humor - do qual faz parte 90% do público de Rice e cia.
quinta-feira, 24 de novembro de 2005
Susy Boogie Party || LX CAFÉ
sábado, 19 de novembro de 2005
troca de discos || LX CAFÉ
TROCA de discos com DJ GoldenShower no Lx Café [rua de macau nº2; zona do forno do tijolo] a partir das 22h.
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tragam os discos que já não gostam (ou nunca gostaram) para trocar com os presentes no bar. DJGS passará as melhores faixas dos seus CD's que quer despachar.
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melhor que ir à Carbono, não?
segunda-feira, 31 de outubro de 2005
I feel stupid (...) Entertain us!
Sara DeBell: "Grunge Lite" (C/Z records; 1993)
"Quem vê caras não vê corações" MY ASS!!! Para quem vê a capa deste disco percebe logo que é bom... quer dizer é aquele clássico «é tão mau que é bom». Uma tipa com o namorado (?) e o cão, ele com uma guitarra acústica vulgaríssima, com pinta de xunga e vestido à Grunge/Seattle anos 90. Vira-se a caixa e eles (menos o cão!) estão enroscados e começa-se a ler os títulos das músicas: "Smells like Teen Spirit" (Nirvana, portanto), "Even Flow" (Parolo Geme), "Them Bones" (Alice agarradita), "Rusty cage" (Soundgarden), "Touch me I'm Sick" (Mudhoney). Começa-se a perceber onde isto vai dar... abre-se a caixa e está uma foto de várias ovelhas vestidas coma a famosa flanela aos quadrados. Pois é, antes dos chatos Nouvelle Vague, do curioso e bailante Señor Coconut e o grande-e-único Richard nós-não-o-merecemos Cheese, já alguém se tinha lembrado de converter "clássicos" da "música alternativa" em algo divertido e de fácil consumo, ou antes, converter música agressiva num género de música "lite". Sara DeBell (que não é a tipa da capa!) até elogia esta sua iniciativa usando uma declaração do papá: «making difficult music "listenable"».
Estamos portanto em confronto com versões em "Lounge music" do mais foleiro que sintetizadores podem fazer. Não deixa de ser divertido (e relaxante para quem não quiser ouvir o feedback de guitarras das bandas originais) tal é a parvoíce. Desta senhora, creio que nunca mais saiu nada de jeito (a investigação" googliana" não revelou nada), o disco está esquecido - se é que tenha tido algum impacto? Aliás, cheira-me a piada entre amigos, dela e da C/Z, uma das editoras originais do "Grunge". Valeu a pena ter ido aquele buraco infecto que se chama Bruxelas para descobrir esta pérola.
Qualidade numérica: 3,4/5 Objectivo pós-audição: Festa de Troca de Discos... para passar a mensagem, claro está!
sábado, 29 de outubro de 2005
Sci-Fi Industries ... Flat Opak ... Structura || CAIXA ECONÓMICA OPERÁRIA
O DJ GoldenShower vai por som nos intervalos e na festa depois dos concertos... haverá bancas de discos e zines/livros pelas asssociações Thisco e Chili Com Carne.
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Nota de imprensa (adaptada):
Electro Break´n´Noise Strange Electrónica... na Caixa Económica Operária [Rua Voz do Operário, 64 (Graça) Lisboa; eléctrico 28; autocarros 34 e 26] no dia 29 de Outubro 2005, Sábado, 22h30.
ENTRADA LIVRE
Sci Fi Industries vs. Flat Opak + Slow Soldier, live
Structura, live
L´Ego, Video projecção
Dj Goldenshower
Sci Fi Industries ainda em plena divulgação do terceiro álbum "The Air Cutter" e após elogiosas palavras aos dois anteriores trabalhos em praticamente toda a crítica especializada europeia, Luís van Seixas apresenta-se mais uma vez ao vivo em despique com Flat Opak e Slow Soldier. Nesta batalha de ritmos electro-industriais e drum´n´bass destaca-se a assinatura muito pessoal do projecto que combina beats produzidos à velha escola e ambientes de cariz orgânico.
Flat Opak tem demonstrado uma aptidão nata na composição rítmica e como catalizador das noites dançantes da Thisco. Uma Groovebox e alguns efeitos externos são espremidos até aos seus limites físicos de modo a garantir movimentos musculares da assistencia. Electro puro e duro.
Slow Soldier - divide o recente EP duplo "Sloppy Seconds" com Flat Opak e demonstra igualmente uma componente rítmica altamente dançável com travos electro e trance. Tem participado em inúmeros eventos e projectos electrónicos.
Structura Nascido em 2000 em Lisboa, Structura é um projecto de exploração sonora tendo como principais ferramentas a composição electrónica, a modulação de frequências e efeitos, o cut-up (de textos), a spoken-word, Djing, Sampling, o video e outros. Structura trabalha sonoridades normalmente associadas a correntes da electronica experimental como o Ritmic-Noise, Power-Electronics, Break'n'Noise, IDM, Spoken-Word mas com liberdade suficiente para não se deixar prender pelas mesmas. As composições sonoras de Structura estão ligadas a conceitos, imagens, referências literárias, cinematográficas e de outras artes.
L´Ego Eurico Coelho é o homem por detrás do multifacetado projecto multimédia L´Ego e dos consagrados pais do electro-industrial nacional - os H.I.S.T. Recentemente tem vindo a compilar um extenso trabalho video de animação 2D e 3D que servirá de base visual às prestações dos projectos acima referidos. A par disto editou muito recentemente " Os Ladrões do Tempo" da peça multimédia homónima pelo Teatro do Mar.
Dj Goldenshower queria ser um DJ panilas do Electro mas como gosta de Metal e outras coisas na vida decidiu continuar heterosexual e passar toda a espécie de música que gosta. Entre as várias festinhas e barzinhos por onde tem posto música só foi expulso uma vez, o que não é mau. Junto com Ovelha Negra organizam as violentas noites Industrial XXX. Vive com Axima Bruta e a gata Deus, embora só com a primeira escrevem no www.gentebruta.blogspot.com e na revista Entulho Informativo. Está integrado nos Osama Secret Lovers, um colectivo de un-dj's - pessoas que a) gostam de música b) que tem uma colecção considerável de boa música c) que gostam de partilhá-la em espaço virtual e físico d) fazem DJihad ao Bairro Autismo!
quinta-feira, 27 de outubro de 2005
cúmplices
terça-feira, 25 de outubro de 2005
Falar para o Boneco!
Não é fácil entrevistar um fantoche. Especialmente quando se faz parte de um grupo como os Puppetmastaz. Criados em 1999 são conhecidos pelos espectáculos mais engraçados dos últimos tempos. Tem um segundo álbum a sair este ano pela editora independente Louisville. Falar com o coelho Snuggles é pior que fazer uma entrevista ao Rui Reininho se tivesse todo cocado. Afinal o que pode dizer um coelho de plástico que faz parte de uma banda de Hip Hop? DJ GoldenShower tentou a sua sorte e... deu-se mal!
DGSS – Olá!
Snuggles - Oi, meu!
Se o Peter Jackson não fosse um realizador de filmes mas antes um produtor de música suponho que os Gorillaz seriam o seu “King Kong” (a sair) e os Puppetmastaz seriam os “Feebles”. Concordas com esta comparação?
Ah, nós havemos de “King-quistar Kongs”, conquistar King Kong só pelo swing das nossas línguas... Mas chega de “Kong-quistar Kings” [reis]: os Puppetmastaz são os senhores do Bling... Num dia bom consigo identificar-me com os Feebles mas é mais com os Marretas... respondi à questão?
Vocês afirmam que não tem humanos na banda MAS sendo fantoches só podem existir se um humano brincar com vocês! É assim tão séria o anonimato dos “humanos” dos Puppetmastaz? E já agora são fãs dos Residents?
Residência? Presidência? Humanos? Próxima questão! E sim, os Residents são a cena!
Como é que os Puppetmastaz se conheceram?
Vai ver todas as entrevistas que demos no passado. Desculpa mas 'tou farto de responder a essa pergunta, mas basicamente... «first we take Manhattan and then we took Berlin!»
Ouvi dizer que os vossos humanos pertenciam a bandas Hardcore...
Isso era nos velhos tempos, agora são todos rebeldes de plástico mas ouvi dizer que os irmãos Prosetti fazem música para filmes porno Hardcore italianos, já ouviste falar nisso?
Não, não... pois... e se encontrassem o 50 Cent o que faziam ao pobre diabo?
Dávamos os parabéns pelo primeiro disco e depois pedíamos-lhe um Euro inteiro!
O vosso último disco soa mais a Electro-Funk, vocês foram às raízes do Hip-Hop?
Não sei, meu, fomos?
Porquê uma nova editora?
«New money, new label, new tables turned!» [citando o Wizard na primeira música do novo álbum] mas não temos nada contra as virgens [piada à editora Virgin, o primeiro álbum foi lançado pela New Noise subsidiária da Labels por sua vez da Virgin e por fim da EMI].
Apesar de teres uma voz sexy e suave como o Snoop Doggy Dog és feio comó caraças! És feito de quê? PVC? Fibra de vidro? Polipropileno expandido?
Pura alma de borracha [referência a “Rubber soul”, o mítico álbum dos Beatles] e uma cenoura bem volumosa... de 24 carates quero dizer [trocadilho entre “carrot” e “carat”].
E tens sucesso com as fêmeas como o Snoop?
Sou famoso no meio das fêmeas como o sapo Snugg!
Vocês acreditam mesmo que os humanos querem vos tramar? Os Puppetmastaz têm alguma “agenda política” como os Public Enemy? Usando a terminologia deles o vosso Rap é a “CNN dos Marretas”? Ou será antes a “Aljazeera dos Marretas”?
Chega de paranóia: nós gostamos da vida! Evita a CNN como nós fazemos. Penso que nós somos um bocado inimigo para algum público.
Se odeiam tantos os humanos porquê que os vossos discos fazem-nos dançar tanto? É um paradoxo, senhor coelho!
Eu não odeio humanos e fico feliz que o pessoal saltite com a nossa música.
Quando voltam a Portugal? Curtiram estar cá o ano passado?
Siiiiiiiiiiiiiiiim! No entanto não sei quando voltaremos. Porque não marcas tu as passagens de avião?
Foda-se!
…
E assim foi a entrevista. Cena tramada! Nem dá para encher meia página da revista… o melhor é escrever qualquer coisa mais para não ser despedido por causa de um coelho! Então para quem nunca está atento o primeiro álbum destes «Marretas do Hip Hop» foi editado em 2003 – podem ler uma resenha sobre o disco no Underworld anterior na secção Entulho de Marte. O novo álbum é lançado pela Louisville, uma editora de Berlim, cidade onde os músicos por detrás dos fantoches vivem – os fantoches dizem que apesar de se terem encontrado em Berlim vinham de sítios tão longe como o Japão e o caraças mas depois desta entrevista um tipo deixa de confiar nesta bonecada. E não marca só um regresso às edições fonográficas mas sim um GRANDE regresso! Basicamente estarmos perante o famoso “difícil segundo álbum” que costumam atormentar as bandas… realmente o que um grupo de gajos que se escondem por detrás de um biombo e uns bonecos poderiam fazer de novo? E melhor ainda, a ideia de ser uma banda de fantoches continuaria a ter piada agora que deixou de ser novidade? A resposta até é simples, se “Eminemes e 50 Centes” (apesar de humanos são também uns fantoches do “show-biz”) podem lançar álbuns atrás de álbuns sem um pingo de interesse então porque raios não podem os Puppetmastaz? Só que no caso de Creature Shock Rádio não é só mais um álbum sem nada para oferecer ao mundo, na realidade é impressionante como um gajo não pode ficar indiferente às suas 16 malhas que tanto passam pelo Electro-Funk primordial do Hip Hop dos Africa Bambaataa, pelo Dancehall jamaicano que tanto está na moda (a última tema tem a voz convidada da escocesa MC Soom T), por “singalongs” deliciosamente infantis que bem poderiam estar nos programas do Jim Henson (o criador dos Marretas!), pelo Hip-Hop Gansta que poderia deixar o Dr. Dre muito preocupado, ou pelo R’n’B caricatural lamechas.
Épico poderia definir também os temas que tratam de assuntos tão interessantes como partir garrafas, fingir que já são tantas da matina às 10 da noite porque chegamos à festa muito antes dela começar, ensaio sobre um gajo sentir-se mal, sobre cuspir na rua… enfim uma miríade de coisas mundanas. A qualidade das gravações é poderosa – só assim é que funcionaria claro está – e animará qualquer festa em casa ou na discoteca ou nas festas mentais dos headphones. A toupeira Mr. Maloke, o sapo Frogga, o coelho Snuggles, o lagarto Wizard, o porco Panic e o resto da equipa estão de parabéns.
Visitem o sítio www.puppetmataz.com para estarem atentos às novidades desta bicharada. Lá podem ver alguns vídeos e ouvir algumas músicas. Por cá esperamos um empresário português com a genitalia humana no lugar para distribuir este disco. Puppetmastaz über alles!
terça-feira, 18 de outubro de 2005
Entulho de Marte (in Underworld #17; Out'05)
Tudo estava inventado como música (Noise, Dub, Reggae, Rock, Metal, Electrónica, Jazz, Hip-Hop,…) quando saiu Scum (Earache; 1987) dos Napalm Death e sem ninguém saber eles decretaram a morte da música ao demonstrar que era possível fragmentá-la em pedaços minúsculos – não é à toa que haviam digressões da editora Earache intituladas “Campaign for Musical Destruction”. Bem… a música não morreu e na realidade o que aconteceu é que o Grindcore acabou por inspirar uma nova vaga de compositores e bandas como John Zorn que inclusive chegou a trabalhar com um dos cabecilhas dos Napalm, Mick Harris nos Painkiller.
Dada à volatilidade da cena, Depois Napalm Death, a própria banda tinha de se desintegrar (1) e a música ficou a lamber as feridas, passando à fase de redundância como é normal em qualquer situação de ruptura: segue-se um período de adaptação e absorção. Num mundo narcotizante como o nosso já quase nada nos (co)move de tão fartos que estamos de tudo, regredimos a um estado de consumismo estéril em que mastigamos tudo o que já foi vomitado há anos porque assim é mais reconfortante. “Revival” atrás de “revival”, “comeback” atrás de “comeback” assim tem andado a última década da música urbana. Nem interessa se o concerto dos Queen não tenha o Freddie Mercury e não passe de um show de karaoke, qualquer merda serve! Isto para chegar a Conspiritus (Earache / Megamúsica; 2005) de Ewigkeit, um disco idiota da mesma editora que durante nos fodeu os ouvidos com géneros tão extremistas como Death, Industrial, Grind e até Gabba… Ao que parece o Rock Progressivo está a voltar – claro, o que há mais para fazer revivalismo? - ora com exumações de corpos antigos ora com novas gerações de músicos, estes últimos ou com ideias de 40 anos ou outros mais inteligentes com novos artefactos para explorar como o “drone” em que os sunn O))) serão a figura de proa desta vaga.
A verdade é que o Prog nunca esteve morto sobretudo no Metal que pegou no seu legado de instrumentações virtuosas ou de imaginário freaky: lendas épicas, mundos imaginários, histórias longas que aproveitam o formato de Longa Duração – os famosos álbuns conceptuais. E se houve que fizesse um bom trabalho como Atheist (recentemente reeditados), Cynic, Tool, Meshuggah e o seu recente Catch 33 (Nuclear Blast; 2005), não esquecendo o álbum a solo do seu guitarrista, Fredrik Thordendal's Special Defects: Sol Niger Within (Nuclear Blast; 1997) e Theory in Practice, ou ainda bandas Indies-Pop/Rock como Radiohead (últimos discos); também houve quem tivesse posto a pata na poça, ou seja os marmelos que fizeram a colagem ao Heavy antigo dando num híbrido tenebroso, o Power Metal – acreditem que nem vale a pena fazer download de coisas como Dream Theather para tirar as dúvidas! Perdi-me outra vez! Isto por causa de Ewigkeit, um projecto de inspiração pinkfloydiana tão útil como berlindes durante uma cópula entre dois rinocerontes, que faz música sintética e melódica até à medula. Mistura Electrónica e Rock Pesado com uma valente piscadela aos Killing Joke e aos terrenos abordados pelos My Dying Bride em 34.788%... Complete (Peaceville; 1998). Ewigkeit é assim tão mau? Infelizmente sim! Porque apesar não ser muito foleiro em relação a outros discos do género continua a ser um produto de fácil consumo de tão bem feito e orelhudo que é. É de um Metal modernaço e só deixa tudo a perder quando usa um Folk à la New Age na música Theoreality conseguindo assim mostrar o mau gosto do seu compositor - isto para não falar da capa foleira feita por arte digital. Então qual é a solução? Afundar o Prog para entranhas do Inferno de onde nunca devia ter saído?
Os nomes para os “géneros” de som irritam-me! A principal razão porque criam barreiras que nos impede de ouvir uma banda só porque é… (ex:) Prog. Devo admitir que nunca quis ouvir Prog por uma espécie de preconceito Punk (2). Ainda dei o benefício da dúvida escutando um disco de Genesis ou outro… Que horror! Como é possível ter havido uma cena tão pretensiosa como esta!? Por coincidência cósmica não foi só Ewigkeit que me chegaram às mãos mas mais outros 3 discos que me abalaram o sistema – podiam ser eles definidos por Prog? Fiquei curioso em saber o que era realmente este género, vesti a gabardina de detective musical e fui a uma loja especializada - na Calçada do Carno (3). Lá comprei um CD dos Magma que já tinha ouvido falar por gente insuspeita como o Jello Biafra (na revista Re/search #15). Infelizmente só havia um Live (Charly; 2001) de 1975 mas com um bom som de gravação. Os Magma são franceses, criaram a sua própria língua que cantam (o Kobaïan), são instrumentalmente sombrios buscando estruturas da música clássica e fusão. É operático mas não histérico, o que é bom. A faixa inicial tem meia hora mas ouve-se bem… Ok! ‘Tou convertido! Terei mais calma de futuro e prometo ouvir melhor os dinossáurios! Especialmente estes tipos que criaram um subgénero, o Zeuhl (que significa em kobaïano “celestial” - mais uma razão para não gostar de rótulos não é?) que inspirou bandas japonesas como os Ruins.
Entretanto ficam aqui as “pérolas” que me baralharam tanto:
I.
A mirror is a window’s end (Beardhead; 2005) é composto por 3 músicas quase todas de 10 minutos e trata-se do EP de estreia dos alemães Beehoover que são apenas 2 gajos: I.Petersen (voz, baixo) e C.-P.Hamisch (bateria, voz). Os temas são complexos, um Rock pesadão como se os Clutch estivessem a fazer versões dos Kyuss na garagem. Denso e atmosférico (sem ser “ambiental”) é de referir o som torpe do baixo modificado de Petersen que substitui completamente o som de guitarra. Um nome a reter no futuro. [www.beehoover.com]
II.
Por falar em duos, foi lançado o 4º disco de Orthrelm: OV (Ipecac / Sabotage; 2005). OV é um tema de 45 minutos em que se repete o mesmo riff de guitarra Heavy ad eternum et ad nauseum (de Mick Barr) com uma bateria (de Joshua Blair) a acompanhar. A guitarra lá pára de vez em quando (a primeira vez é aos 22 min.) para pequenos delírios de percussão. Se o Prog nos anos 70 foi buscar o sentido erudito da Música Clássica ou do Jazz para aplicar ao Rock, então os Orthrelm mantêm essa linha pois o que está aqui é a música minimalista desenvolvida por Tony Conrad. Por isso eles são o “refresh” do Prog, longe do barroco pindérico da orquestração e perto do conceptualismo da Contemporânea e usando as franjas técnicas do Metal e da Música Improvisada. Não é fácil ouvir este disco mas que é uma importante experiência sonora lá isso é.
III.
Sleepytime Gorilla Museum Of Natural History (Web of Mimicry / Sabotage; 2004) não é só mais uma banda vinda da família Mr. Bungle apesar de serem lançados pela editora de um elemento dos Bungle ou por serem mais um bando de multi-instrumentalistas sem preconceitos. Tematicamente ou instrumentalmente poderá satisfazer fãs de Secret Chiefs 3, Einstürzende Neubauten, Skeleton Key (há um membro em comum), Death in June, Diamanda Gálas, Ministry, Gentle Giant (uma banda Prog dos anos 70) e mais 1001 coisas. Álbum dedicado ao “museu de história natural do gorila adormecido” que “estuda” a evolução da humanidade e dos invertebrados. São desenvolvidos temas apocalípticos do confronto entre manifestos belicistas dos Futuristas italianos e os anti-progressistas (passe a ironia) do último anarquista do século passado (Unabomber e o seu consanguíneo Freedom Club). A embalagem é acompanhada por resumos desses manifestos, um ensaio sobre entomologia e várias imagens de emulação humanos/invertebrados. Estamos perante um álbum conceptual. Este facto e a complexidade das composições obrigam-nos a defini-lo como Rock Prog por muita confusão que isso poderá fazer aos puristas. Um disco poderoso e conquistador.
(1) A maior parte dos membros seguiu carreiras em intermináveis projectos bastante diversificados (Metal, Industrial, Dub, Improv), alguns inventivos (Godflesh), outras menos (Cathedral) mas sempre de alta qualidade, deixando os Napalm numa banda “oca”, ou seja sem coisas “novinhas em folha” para dar em que tal como os Rolling Stones (vestidos de t-shirts e calções pretos) é preciso vê-los pelo menos uma vez na vida!
(2) Punk que é Punk NUNCA ouve balofos dos anos 70!
(3) www.progcds.com para quem não gosta de sair de casa. Também organizam um festival de Prog em Gouveia lá para a Abril.
DEA report 1
DJ GoldenShower começou por pôr música dos seus discos que não curtia... claro que a música era uma merda... mas ainda assim deu para trocar uns discos com a malta... há cada cromo!
Pirata seguio com Ska e Reggae antigo, ou seja, debitando hits clássicos da "História Negra" e alegrando o ambiente do bar ao ritmo jamaicano. Rewind!
Mau Amor foi ao Rock: pérolas do passado Garage, punk-rock... a energia invadia o espaço e as pessoas que iam bebericando cerveja e outros líquidos enquanto liam a revista Underworld que levamos para lá.
A noite acabou com a polícia - como sempre - a pedir para fechar o bar. Mas foi uma noite que serviu como experiência para estes «un-dj's trintões» que puseram boa música juntos pela primeira vez...
sábado, 15 de outubro de 2005
OSAMAsecretLOVERS || LX CAFÉ
Podem levar CD's que já não vos interessem para trocar com o DJ GoldenShower e com quem estiver interessado que estiver no bar.
sábado, 8 de outubro de 2005
sábado, 24 de setembro de 2005
terça-feira, 13 de setembro de 2005
domingo, 11 de setembro de 2005
O fim da pa/ciência?
End: "Science/Fiction" (Hymen; 2002)
The Sounds of Disaster (Ipecac; 2004) foi das melhores coisas que ouvi no novo milénio: Surf-Rock com Drum'n'Bass e Noise em variações esquizóides... E o nome de End ficou retido por isso é natural que assim que vi este disco na Symbiose tenha comprado imediatamente com todas as expectativas do mundo mas helás! End pelos vistos faz discos completamente diferentes uns dos outros - como já tinha percebido com um EP que ouvi em que pesquisava os sons exóticos do easy-listening com beats electrónicos. Este Science/Fiction é um disco de IDM, electrónica negra de beats e algum Noise espalhados por quase uma hora de som ciber-situacionista - a julgar pelos títulos (Society of spectacle, Dead media, The culture industry) embora todos os temas sejam instrumentais, quero dizer que não há vozes ou "texto".
O trabalho está de longe ser mau, embora ache que já ouvi muito do género noutros registos de outros artistas (como os da Thisco, usando um exemplo próximo) mas sobretudo está a milhas de distância de Sounds of Disaster e talvez seja por isso que (me) desilude.
Por fim, atenção a este tipo por detrás de End, Charles Pierce, porque cheira-me que é daqueles tipos que se disfarçam em mil projectos.
Qualidade numérica: 4/5 Objectivo pós-audição: Já está marcado para uma Troca de Discos sendo que de certeza marcará um bom momento de música no bar...
segunda-feira, 29 de agosto de 2005
DEA report on "aniversários, casamentos & baptizados || LX CAFÉ"
É certo que a noite começou mal com 4 xungas (do tipo bar de putas) e uma gaja louca (por signos e sinas do tipo) a chatearem-me para mudar a música mas depois começou tudo a correr bem até às tantas da manhã...
Foi uma noite dedicada a versões, remisturas e reinterpretações Pop: KMFDM com "These boots are made for walking", Brujeria com "Marijuana" (versão da "Macarena"), Dokaka com "Smells like teen spirit, etc...
sexta-feira, 19 de agosto de 2005
DEA report on "32 || LX CAFÉ"
[foto-montagem João Maio Pinto]
O Marcos 'tá a ficar velhote e comemorou na quinta passada, no Lx Café, esse facto com os amigos & conhecidos... Num ambiente simpático ao início da festa lá para o fim da noite a coisa tornou-se quase orgiática - quase toda a gente do bar ficou em tronco nu incluindo uma tipa... O DJ GoldenShower andou entre o noize-hip-hop-funk-qualquer coisa, o Ovelha Negra passou drum'n'bass e Industrial e o Pirata muito Reggae, Rock-Steady e Ska... Às 5h fui-me embora mas aquilo foi ainda até nove da manhã segundo o Rafael Dionísio...
segunda-feira, 25 de julho de 2005
Entulho de Marte (in Underworld #16; Jul'05)
O Hip-Hop, no meio das pessoas que gostam de Rock é considerado uma merda qualquer de atrasado mental. É um género de música que significa vídeos cheio de rabos de pretas e de letras sobre dinheiro & fama – estranho… e o famoso “Sex, Drugs & Rock’n’Roll” é assim tão diferente!? O facto de um género musical ser conhecido pelo que a MTV nos bombardeia é tão paradoxal como pensar que o Rock equivale a aberrações como os Poison ou os Strokes ou os Puddle of Mud. Que as pessoas conheçam apenas o recente e imbecil The Massacre [Shady / Aftermath / Interscope / Universal; 2005] do 50 Cent, que faz parte de um panteão de deuses (Hip-)Pop, um género inteiro não pode descriminado até porque há também um underground do Hip-Hop. E falo daquele underground constituído por artistas e visionários, de músicos que inovam, que refrescam e que emocionam. Não do underground “estagiários para a fama” como há milhares bandas por ai, que dizem-se “alternativas” só porque ainda não tiveram sucesso mediático e como tal refugiam-se sobre a capa nobre da “marginalidade”.
Tal como o Punk ou o Industrial, o Hip-Hop durante uns tempos deu a entender que seria um novo género com garantia de liberdade criativa máxima (1) infelizmente também foi reduzido a meia dúzia de cânones para as massas consumirem facilmente. O Punk não é Green Day, o Industrial não é Rammstein, nem Hip-Hop é Puff Daddy. Quem já ouviu os clássicos Public Enemy (com ou sem os Anthrax) ou Cypress Hill ou N.W.A. (2) já o devia saber. Considerando que a explosão do “Hip-Hop artístico” já não é mediática e tudo o que ouvimos por ai é Da Weasel a fazer jingle para a MacDonalds ou outros anormais MTV, aqui vai uma pequena sugestão de discos para os audiófilos sem preconceitos.
Anticon label sampler: 1999-2004 [Anticon / Sabotage; 2004] como o nome indica, é um CD que compila várias faixas editadas ao longo da actividade da Anticon, um colectivo/editora de artistas amantes de Hip-Hop e que procuram a liberdade de criação através das técnicas líricas e sonoras deste estilo de música. Neste disco de 80 minutos encontramos letras sobre visões pessoais acompanhadas por uma amálgama de sons que vão por paisagens electrónicas, sons abstractos e/ou quase-industriais, beats sujos. Quase que se pode dizer que estamos perante uma espécie de Folk mutante & urbano onde o Beck não teve coragem de continuar após a fama dos álbuns pela Geffen. Parte do futuro do Hip-Hop enquanto Arte passa por aqui.
Absence [Ipecac / Sabotage; 2004] é o novo CD dos Dälek. É daqueles discos que obrigam um ouvinte a parar de fazer seja o que estiver a fazer para ouvi-lo. Como ler um livro, obriga à concentração de tão intenso que é. Os samples são ruidosos e distorcidos como se tivessem sido retirados das guitarras de Sonic Youth ou do “noise” de Merzbow. As batidas ajudam a absorver o ruído industrial. As rimas/voz também. As letras são sobre uma América sufocada até ao tutano na diferença de classes raciais e económicas [o Michael Jackson ou o O.J. Simpson podem ser pretos e só não foram “de cana” porque… são ricos!]. “Absence” é um monstro sonoro que nos dá esperança na música. Afinal nem tudo já foi inventado, ao contrário ao que os cabrões preguiçosos apregoam por ai como uns alarves. Fodam-se! Aqui, a música é sem classificação a não ser esta: "it grows on you".
Os gajos de Puppetmastaz são feios comó-caraças e o CD de estreia Creature funk [New Noise / Labels; 2003] prova que eles sabem fazer o melhor Hip-Hop em Berlim numa mistura saudável e divertida de "old-school" e "new-school". Isso deve-se às batidas bem sacadas, às várias vozes caricaturais dos MC's, aos samples bem ecléticos que passam por secções de cordas de música clássica, pela música sul-americana (paródia aos Orishas!?) e pelos sons electrónicos, ao humor non sense das letras e dos separadores - ex.: Elvis está a cantar e é interrompido para atender um telefone, do outro lado os Puppetmastaz repetem-lhe a frase «Elvis is shellfish!».
Pelo que ouvi dizer, os mentores deste projecto tocavam em bandas Hardcore e decidiram mudar para melhor, tal é a qualidade da música. Ah! Sim! Resta dizer que os Puppetmastaz são um colectivo de 8 bonecos que lembram os "Feebles" do Peter Jackson pelo aspecto idiota e asqueroso. Estes “Marretas do Hip-Hop” pretendem ser o Nº1 no mundo se os humanos não os tramarem: «Humans get all the credit. They gonna regret it. It was a puppet who said it!». Para todas as idades.
Ancient Termites [Bomb Hip-Hop; 1998] de PhonospychographDISK conta com participações de cromos tão diferentes como o virtuoso guitarrista Buckethead (ex-Guns’n’Roses), o baterista Brain (Primus, Tom Waits), e o baixista Bill Laswell (Material, Painkillers, 500 outros projectos) que curiosamente irão trabalhar mais tarde juntos no fantástico e híbrido Warsawa (Innerhythmic; 1999) como Praxis. Apesar de ser um álbum antigo, só o descobri à pouco tempo, tal como outra colectânea da editora Bomb Hip-Hop, que pelos vistos tem um forte catálogo discos de “scratch” e “turntablism”, ou seja, pegar em dois gira-discos e fazer música misturando ao vivo como quem toca uma guitarra – base de criação instrumental do Hip-Hop dos primórdios. Há cromos para tudo como se sabe, e há cromos bons. Este PhonospychographDISK é um deles, tal é capacidade de recriar os discos usados em novos ambientes sonoros bizarros… para quem gostou do General Patton vs. the X-ecutioners.
«A bastard child of Reaganomics posed in a B-Boy stance
Make our leaders play minstrel, Left with none to lead our people.
How the fuck am I gonna shake your hand, when we never been seen as equals?» diz Dälek (nome do MC e da banda) algures no “Absence”. Acho que resume a distância equidistante entre estes exemplos aqui descritos e o nojo das “starletes” Hip-Hop.
Notas:
(1) O Punk tinha a atitude “não sei tocar mas que sa-foda sei que tenho algo para dizer”, no Industrial idem idem aspas aspas com a vantagem tecnológica ou histórica-artística (colagens Dada, música concreta) de criar novos sons. O Hip-Hop na teoria é algo parecido: o MC diz/declama rimas, o Produtor/DJ pode sacar “break beats” ou “samples” de qualquer registo fonográfico para fazer a música. Para compreender a importância do Hip-Hop aconselho a investigação dos artigos de Rui Miguel Abreu em vários números da extinta (?) revista Op.
(2) Estes últimos com o “Fuck the police” estiveram a um nível dos Sex Pistols quando foi o “God saves the Queen” em 1977.
sábado, 9 de julho de 2005
quarta-feira, 29 de junho de 2005
DJ GoldenShower: "I digress"
_Dia 30 de Junho. "Festa tributo a Divine" no Lx Café [Rua de Macau, 2; Lisboa] com exibição dos filmes de série B: "Polyester", "Female trouble" e "Pink Flamingos" [realizador John Waters; com o travesti Divine]. Uma noite "psycho-rock".
_Dia 2 de Julho. Bar Airbag [Pinhal Novo] no âmbito do primeiro festival de bd. Uma noite "freestyle".
sexta-feira, 10 de junho de 2005
DEA report on "DJ GoldenShower nu Dia de Purtugale, do Camone e dus Palopes || LX CAFÉ"
E nesse dia lá fui para o Lx Café por som de português branco, português preto, português que canta em inglês, português que grunhe em português, angolano que canta em português e brasileiro que canta brasileiro - CD's da Thisco, Matarroa, e ainda Mão Morta, Bizarra Locomotiva, Dr. Frankenstein, The Great Lesbian Show, entre muitos outros... e Tom Zé para acabar. Os angolanos que lá estavam curtiram, os putos brancos quase vomitaram...
segunda-feira, 6 de junho de 2005
DEA report on "Salão Lisboa 2005 || ESTUFA FRIA"
No sábado e no domingo passado, lá animei o fim do Salão Lisboa na maravilhosa Estufa Fria. No primeiro dia foi festinha com som "Black fim-de-tarde" - todo o pessoal curtiu, claro. No Domingo entrei na onda de paneleirices de instalações sonoras abstractas "ambient/soundscapes"... acho que nem os pavões gostaram.
sábado, 28 de maio de 2005
DEA report on "LSD dos LDC || LX CAFÉ"
quarta-feira, 25 de maio de 2005
Lançamento Do Acidente e da Culinária || GAT, Caldas da Rainha
terça-feira, 24 de maio de 2005
Dälek || ZDB
quarta-feira, 18 de maio de 2005
DEA report on "Feira de Fanzines de Almada || PONTO DE ENCONTRO"
Ontem, lá fui ao Ponto de Encontro por causa da Feira de Fanzines com o Pedro Moura e fizemos o show como monkey boy & monkey beat, ou seja, fingir que somos uns DJ's todos pro mas lixando música atrás de música, afastando algumas pessoas do local - o que é pena porque Outkast com Merzbow até fica fixe ou Beyoncé com Morbid Angel... enfim! Considerando o fiasco de público (a feira já não era feita à 4 anos, o que estavam à espera!!!) se calhar estragamos mais ainda o evento! Somos maus em todos os sentidos!
sábado, 30 de abril de 2005
Entulho de Marte (in Underworld #15; Abr'05)
So far from Japan (…)
You’re so sadly neglected
And often ignored (…)
Finland, Finland, Finland
Finland has it all»
- Michael Palin, Monty Python
Pelas gelos da Finlândia o que tenho descoberto! Uma inacreditável criatividade artística! Sobretudo, nas minhas áreas de preferência: música e bd – em relação a esta última, aconselho a visita ao Salão Lisboa 2005, a realizar entre 19 de Maio e 5 de Junho na Estufa Fria, em que a Finlândia será o país convidado. Sobre a música, a Finlândia, parece-me ser o país mais estranho que já conheci em relação à produção musical, se calhar tanto ou mais que o Japão!
Antes de entrar em pormenores, vamos a uma curiosidade histórica: em 1913 apareceram os primeiros tangos na Finlândia, música como sabemos mais dada aos suores sul-americanos do que às friezas nórdicas. Em 1930 começam as primeiras gravações de Tango finlandês (!) género tão popular e tão aceite como esquiar ou como ir à sauna! Imaginem, se em Portugal de repente o Cajun passasse a ser parte do nosso folclore. Eis um ponto de partida para não se estranhar que haja uma banda finlandesa como os Força Macabra (1) que cantam em português (sem saberem falar a língua!) porque são fãs das bandas Hardcore brasileiras dos anos 80! Ou isto para dizer que qualquer género ou subgénero é absorvido pelos finlandeses, sendo depois recriado, transformado, reciclado e cuspido como algo novo e fresco, ao contrário da produção anglo-saxónica dos últimos anos, perfeitamente insípida e decadente.
E directamente da História, dois CD’s que mostram que há muito que os finlandeses são “gajos estranhos”: Arktinen hysteria - Suomi-avantgarden esipuutarhureita (Love Records; 2001), ou se preferirem, “Histeria Árctica, primórdios da vanguarda finlandesa” uma colectânea que recolhe 13 faixas de música experimental entre 1961 e 1970, que começa com gravações de arrotos, passa pelo Noise/Electrónico já bastante sofisticado, Free-Jazz marxista (!), Pop-Blues casado com Prog, proto-Industrial, música improvisada/concreta, e conceptual warholiana (uma faixa repete ao nome do carismático presidente Kekkonen durante 6 saturantes minutos, a voz é de um senhor de uma mesa de voto que vai lendo os resultados nas eleições de 1962). Talvez não seja o melhor CD para qualquer pessoa começar a ouvir música finlandesa (ou seja o que for) mas a edição explica porque duas gerações de “noisers” como os conhecidos terroristas Pan Sonic tocaram em 2002 no Centro Cultural Kiasma (Helsínquia) com os velhos Tommi Parko e Erkki Kurenniemi, que nos anos 60 inventaram máquinas/instrumentos novos, como o “sexofone”.
Passions of Läsä Äijälä (Badvugum/BV2; 2004) é uma retrospectiva musical do trabalho de Läjä, músico que criou o Hardcore finlandês com os Terveet Kädet (trad.: Mãos Saudáveis) ainda hoje considerada como uma das melhores bandas de Hardcore pela Maximum Rock’n’Roll. Mas o homem teve e ainda tem uma actividade em Aavikon Kone ja Moottori (trad.: Maquinaria e Motores do Deserto) - um projecto industrial -, Billy Boy e Kolmas (Psychobilly-Noise? As ligações que faltavam entre Suicide e Pan Sonic?), Death Trip (drone-punk), Sultans (Blues?) e Leo Bugariloves (Pop bizarro). O CD juntou todos esse projectos cronologicamente em 78 minutos deste criador ímpar.
Se calhar, é por isso é que ainda hoje a experiência e vontade de brincar é uma característica dos músicos finlandeses. Por exemplo: Pylon Rocks and Whips (Boing Being, 2000) é música experimental por 2 criativos que se afundam em guitarras desafinadas criadoras de "landscapes", num violino malcriado e numa precursão disfuncional. O que permite sonoridades electro-acústicas estridentes que são coladas com alguma electrónica gerada por um antigo Commodore 64.
Estranho tudo isto? Excêntrico? Claro, que um país nórdico é rico. Afirmação grosseira, eu sei. Outra: como sabemos o dinheiro permite qualquer um ser excêntrico. Mas se não houver alguma espécie de vitalidade, mesmo num ambiente abastado, não serve de nada ser excêntrico - basta ver os países vizinhos que são modestos em criação artística... Não é o que acontece na Finlândia como já devem ter percebido, e a provar é que sejam editoras caseiras, “indies” ou comerciais, todas editam música nacional que além de terem uma produção sofisticada – competitiva com qualquer banda anglo-saxónica – ainda tem ideias a rodos, sem que com isso sejam “inacessíveis” ou “intelectuais” – palavras que preocupam os senhores desta revista! O compromisso é saudável e lembram-nos quando a música não passava exclusivamente por uma investida de Marketing como nos dias de hoje. Diz Jälä: “Na Arte e Música podes fazer o que te apetecer. Nada na vida é compulsivo, excepto morrer, infelizmente.”
Seguindo essa máxima eis alguns exemplos de bandas/discos que tive acesso:
Aavikko: Derek! (Humppa; 1999) é uma bateria e dois órgãos rascas que fazem a festa perfeita para amantes do Ska que não queiram ficar anacrónicos, ou, a única banda sonora perdoável nos carrinhos de choque da feira.
Cleaning Women: Pulsator (BV2; 2001) pode ser definido como “Post Novelty Noise Rock Funk Sci-fi Samba Metal Disco Hardcore Folk Industrial Zounds” e mesmo assim não sei se me esqueci de algo. Três pseudo-travestis pegaram em restos de material de limpeza doméstica (estendal da roupa, tambor da máquina de lavar, baldes, parafusos,…) e continuaram o trabalho que os broncos dos Therapy? deixaram a meio com o tema “Teethgrinder” - lembram-se? Por alto, lembram coisas soltas, independentemente da qualidade, de Rudimentary Peni, Einstürzende Neubauten, Filter, Secret Chiefs 3 ou Skeleton Key. Obcecados por limpeza, os CW são os responsáveis por este artigo – ao descobri-los, a vontade conhecer mais sobre a banda levou a este “micro-dossier”! Se vi o futuro do Rock? Sim! Um Rock transgénico com dramatismo da música tradicional e riqueza rítmica do Industrial. O novo CD Aelita (BV2; 2004) será criticado no próximo número!
Kometa: Like a light bulb (Badvugum/BV2; 2005) não é um sucedâneo manhoso quando se cruza o inimaginável: por um lado o peso “Black-Sabbathiano”, a barulheira, o arranca-e-para dos Melvins, de outro a sensibilidade Pop Beatliana, o nonsense, os metais e mudanças estilísticas dos They Might Be Giants. Pujante e inteligente, como qualquer banda que seja boa, sabe sintetizar os 50 anos do Pop/Rock com personalidade. 2/3 dos Cleaning Women estão cá metidos. Isso explica a coisa?
Stalwart: Torment nonplus (Badvugum/BV2; 2004) fica entre os Rapeman (do mestre Steve Albini) e o “Daydream Nation” dos Sonic Youth. Rock Sónico potente e seguro de si, quase todo instrumental nos seus 25 minutos. Obriga ao “replay”.
No metal, além de uma enorme produção industrial possível de encontrar nas resenhas desta revista, queria aqui só referir o EP Trollhammaren (Spikefarm; 2004) dos Finntroll, como exemplo da imaginação non-stop finlandesa mesmo no meio conservador do Metal. Mescla de Metal com Humppa (um tipo de Polka), resulta num som que faz lembrar os ajudantes do Pai Natal buéda cocados a trabalharem numa fábrica de prendas às 5 da tarde do dia 24 de Dezembro. Stressados, à mil à hora, ridículos. Os Finntroll usam o Black Metal para sodomisar o “Ska”. Cantam em sueco, a segunda língua “oficial” da Finlândia. Estúpido mas engenhoso, há momentos realmente giros.
Claro, que nem tudo o que vem de lá é bom, basta ouvir os recentes Voice of wilderness (Napalm Records/Recital) dos Korpiklaanis (uma imitação rasca do filão descoberto pelos Finntroll mas mais perto dos Mata-Ratos ou Sitiados) ou The monster show (Mayan/Megamúsica) dos Lordi (“White Zombie meets Gwar” mas mesmo mau!), ou ainda Kimmo Pohjonen (dizem que é um virtuoso do acordeão mas ao vivo não toca um peido) e para não falar dos execráveis HIM e Rasmus entre outros, mas temos de admitir que admirável que um país com metade da nossa população consiga criar tanto, em qualidade e quantidade, sem medo de comprometer o passado (o tradicional, a convenção) com o futuro (a tecnologia, a experiência).
Mais informações sobre música finlandesa em http://www.fimic.fi/
(1) Libe dos Subcaos já lhes escreveu umas letras e houve um split de ambas bandas que nunca chegou a sair.
quarta-feira, 27 de abril de 2005
Industrial XXX || SOUK
Noite Industrial XXX com DJ's Golden Shower e Ovelha Negra, no bar Souk, HOJE, das 23h às 4h. ENTRADA LIVRE.
O destaque para Golden Shower que irá passar só música de CD's que despreza: «ponho a melhor música daquele CD, depois é a despedida!!! Troco o CD por cervejas ou por outros CD's, não só da onda Dark, EBM, Industrial, Noise - por mim até podem trazer CD's de Abba que troco por aquelas merdas!» afirmou Golden Shower, numa noite de copos, «será uma noite de música desprezivel! hahaha, tragam CD's pra trocarmos!»
quinta-feira, 21 de abril de 2005
#19 : CapitãoCriCa Ilustrada 3/3
A festa conta com o DJ GoldenShower e também o lançamento do zine Aqui no canto #3, de João Rubim & Cia. que também executam uma intervenção gráfica no bar com imagens geradas do zine.
O novo número da CapitãoCriCa Ilustrada edita trabalhos de bd de Khatarina Hausladen com Dice Industries [Alemanha], João Maio Pinto, João Rubim, Till Thomas [Alemanha], Rick Thor, Ondina Pires, Mike Diana [EUA], Pepedelrey, Francisco Sousa Lobo, Tatiana Gill [EUA], Drope Orbit, Pedro Moura & Marcos Farrajota, Joana Figueiredo, André Lemos, e ainda conta com Nuno Valério (capa), Miguel Caldas (texto com ilustrações de Daniel Maia), e André Ruivo e José Smith (ilustrações).
terça-feira, 12 de abril de 2005
Noite Neubauten || DISORDER
Para quem quiser continuar com os tímpanos lixados depois do concerto de Einstürzende Neubauten (hoje no Centro Cultural de Belém) poderá fazê-lo no Disorder (Cais do Sodré) com uma noite "Especial Neubauten" com os DJ's GoldenShower e Ovelha Negra (ambos responsáveis pelas noites Industrial XXX).
terça-feira, 22 de março de 2005
Industrial XXX || DISORDER
O barulho infernal vai chegar ao Associação Chili Com Carne; 1997) que tem a única bd psycho-goth-punk de qualidade feita em Portugal. De chegar lá bem cedo para o massacre antes que esgote!
Xtra2_Ovelha Negra apresenta a promo do seu novo álbum (pela thething Records).
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2005
nicorete... what?
O JCoelho fez uma bd para o Mundo Universitário que explica o que sofremos com o lançamento da Blastmagazine e a banda que tocou...
domingo, 30 de janeiro de 2005
Guantanamo questionnaire : Stealing Orchestra
Dois álbuns editados, três EP's lançados na net, remisturas para projectos tão diferentes como Holocausto Canibal, Mão Morta, ou Legendary Tiger Man, é assim o historial dos Stealing Orchestra. The incredible Shrinking Band foi, sem dúvida, um dos álbuns nacionais de 2003. Este ano a sua actividade passa pelo EP Bu, o qual inaugura a "netlabel" de nome irónico: You Are Not Stealing Records [entretanto em baixa, desactivado?]. Eis o maestro João Mascarenhas.
Como estão a correr os downloads do "Bu"? Estão a correr muito bem. Temos um novo website [www.stealingorchestra.com] com uma parte de estatística na administração tão porreira que permite ver de que países tivemos visitas. Temos Portugal e Estados Unidos empatados em primeiro e lá no fundo países como Vietnam, Marrocos, Lituania, Bulgária, Nigéria... países que nunca esperei que nos viessem visitar. Mas a verdade é que com a netlabel e os contactos que fizemos lá fora o EP circulou bastante. Ainda por cima o espaço do website foi oferecido por um fã da banda e os mp3 estão num servidor americano que fornece espaço a netlabels, o archive.org. Daí que, mesmo que ande com pouco tempo para a netlabel, as coisas correm bem sem precisar de me mexer muito. O mês passado um amigo disse-me que viu uma revista espanhola em Barcelona que escolhia a You Are Not Stealing Records como a netlabel do mês, o que tendo ainda apenas 2 EP's me deixa espantado.
E tens reacções escritas / por e-mail do pessoal que tem sacado os EP's? Algum tipo da Nigéria já te escreveu? ;) Por e-mail tive reacção de pessoas dos Estados Unidos e França por exemplo. Todos me asseguram que gostaram tanto que mostraram a amigos e que lá na zona onde eles vivem já dava para encher uma casa para um concerto. O que é sempre bom de se ler, no entanto, nem cá em Portugal estamos a dar concertos para já. Mas.. a ver vamos onde isto vai parar. O Fernando está neste momento com os X-Wife nos EUA, daí que só faltava eu e o Gustavo metermo-nos num avião ao lado dum terrorista e irmos para o país das oportunidades.
Já tens ideias para mais EP's para download ou já se prevê um novo álbum? Novo álbum é muito cedo.. a média tem sido 3 anos para fazer um álbum, o que quer dizer que provavelmente só em 2006. Mas até lá vai haver muitos EP's a sair pela netlabel, tanto de Stealing Orchestra como projectos individuais nossos ou com/de amigos. Na netlabel sempre de borla. Só me mete um nojo desgraçado estarmos a oferecer as músicas às pessoas gratuitamente e saber que elas ao passarem em algum lado tipo rádio, TV ou bar... vão pagar a taxa aos ladrões da SPA. É uma nojeira termos instituições que roubam os portugueses e com o apoio do estado. Vê lá tu que até um Cine-clube mesmo que sem fins lucrativos que passe umas musiquinhas no intervalo dos filmes, tem de pagar à SPA. Morte na maior agonia possível, é o que desejo a essa gente.
Percebo... uma das vezes que fiz de DJ foi num bar do interior - já agora, o bar Oráculo em S.Romão / Serra da Estrela - e a preocupação maior do dono era pagar os 8 contos à SPA e não fazer a lista das obras / músicas que passei nessas noites - por acaso até passei umas duas de Stealing. É que se chega lá a inspecção e a licença não estiver paga, eles podem multar e confiscar o material de som. Uma vez que o bar tem uma onda diferente (numa zona como aquelas) já tem os seus n problemas e não quer saber da lista dos temas passados para nada. Mas a verdade é que a SPA não fornece o formulário para executar essa lista, ‘tão-se a cagar, querem é o guito! Desculpem o desabafo! Mas se estás chateado com isso não estás com o facto de poderem sacar gratuitamente a tua música, como "planeias viver da música"? Que é o principal problema destas questões da música gratuita, e também arma de arremesso dos “proibicionistas”... Até agradeço o Desabafo, cada vez vejo mais pessoas enojadas com a SPA. É daquelas coisas que a União Europeia tem de acabar. Têm de acabar estes escândalos como a SPA e o IGAC, que cobra uma percentagem por cada DVD ou VHS vendidos em Portugal. É dos poucos países do mundo a ter isso, se não o único. E o dinheiro é pura e simplesmente para eles. Não tem utilidade para os portugueses, no entanto andam a roubar-nos e tal como a SPA, com o apoio do Estado. Quanto a viver da música, eu não quero ganhar dinheiro com a venda de discos. Eu sempre fiz outras coisas. Não posso nem imaginar viver deste tipo de música num país como Portugal. Mas há outras formas de ganhar dinheiro e a música pode ajudar-me chegar a elas. Como banda, ganha-se mais a tocar ao vivo, e um disco é promoção. De borla ou pago, a banda ganha sempre o mesmo com a venda dum disco - nada. Mas nada foi o que paguei por fazer este EP, daí que enquanto pudermos fazer EP's de borla, em casa ou em estúdios de amigos, eles podem ser de borla na internet.
Isso é Punk! Que eu saiba não tens um passado Punk mas sim Industrial, falo do projecto Hardware que foi o teu começo na música, fala um bocado sobre isso… A banda que me fez começar a fazer música electrónica foi Young Gods quando tinha uns 15 anos. Nessa altura ouvia muitas merdas industriais como Test Dept., SPK, Skinny Puppy, Nitzer Ebb, Front 242, Ministry... e como qualquer puto normal fiz o que aqueles que eu admirava faziam. Mas olha que quanto ao Punk, deixa-me dizer-te que a minha primeira banda era Punk. Qualquer músico dos que faz apenas o que gosta tem de ter começado por uma banda Punk, foda-se! É o mais básico e simples. Mas ao mesmo tempo era fã dos Pogues, daí que pegar no acordeão do meu avô e começar a aprender foi um passo. Hardware apanhou uma fase em que já ouvia também muito Heavy-Metal e as primeiras cenas de Techno. Hardware se te lembras era uma mistura de Metal com Techno, Electrónica com voz Death. Um disparate, mas era o que eu curtia nessa altura... devia ter uns 17 ou 18 anos.
É a tua opinião... eu fui dos poucos que teve acesso aos Hardware e achava fixe. E como foi a transição para os Stealing? E como integras o acordeão nos Stealing - uma banda essencialmente de samples? Depois de Hardware ainda experimentei Jungle que mais tarde se veio a chamar Drum'n'Bass quando se tornou numa moda. Em pouco tempo percebi que a minha cena não é tanto o ritmo mas mais a melodia. Stealing Orchestra apareceu ao samplar uma guitarra acústica de Grant Lee Buffalo e mistura-la com a voz num pitch lento da Dolores Pradera e com uma batida meia Hip-Hop, que deu origem à música “Mujer”, a primeira de Stealing. Senti que tinha descoberto o meu som, a minha identidade musical. O facto da batida ser Hip-Hop nada tem a ver com o que marca a sonoridade da banda. Mas tinha descoberto o conceito ou o molde. Stealing usa realmente muita samplagem para chegar onde quer, mas não deixa de haver muito trabalho de guitarras, bateria e acordeão, dependendo dos temas. Acordeão era o instrumento que eu gostava e sabia tocar e que era perfeito para a sonoridade que queria fazer e mesmo antes de começar a toca-lo por cima de músicas, já o tinha usado samplado (de Astor Piazzolla) nos primeiros temas. Isto antes dos merdosos dos Gotan Project. Sabes, as vezes não é tanto o ter-se sido pioneiro em alguma coisa, o que provavelmente não aconteceu da minha parte, mas é mais gajos como esses Tanga Project fazerem tanto alarido de uma merda de nada que toda a gente os come como grande cena. Depois é só uma questão de tempo até toda a gente dizer "bah. afinal aquilo é xunga". Já me estou a perder, que se fodam os gajos!
“Don’t believe the hype” já diziam os Public Enemy. Realmente existe um público nacional muito otário, que come uma série de merdas pseudo-cosmopolitas. Deve ser por uma questão de complexo de inferioridade que essas pessoas engolem “Gotans” para se mostrarem que também são “cidadão do mundo”. No início até pensei que os Stealing faziam parte dessa onda de Electrónica “clean” e asséptica. Entretanto que a vossa atitude não é a electrónica pela electrónica só porque “gamam” sons mas mais pela amalgama de sons como uns Mr. Bungle, End, Secret Chiefs 3… Mas como estas bandas tem sons mais pesados os críticos acham feio comparem-vos com elas. Queres aproveitar para nos dares referências de arrepiar? Já sei que fizeste uma versão de Marco Paulo, tens singles de Quim Barreiros, vá conta o que mais de tenebroso tens nos teus caixotes e estantes… Se há coisa que Stealing não é uma cena clean e asséptica ou robótica e fria. A amalgama de sons não tem que ser vista peça a peça, ou como uma soma de partes, o que interessa é apenas o resultado, o todo. É como um quadro de uma gaja nua feito com rebuçados, papeis, arames, moedas, etc... isso é a técnica mas o que tu vês é uma gaja nua. A soma de todas as sonoridades que juntamos resulta na nossa própria sonoridade, é apenas essa que nos interessa. Cabe à imprensa descobrir o que ali está, se quiser. Normalmente somos associados a bandas que não gostamos ou nunca ouvimos falar. E realmente das bandas que aí andam das poucas com que temos ligação é mesmo Mr. Bungle, Fantomas, Secret Chiefs 3 e depois coisas como The Lonesome Organist ou A Hawk and a Hacksaw.
Não tenho singles do Quim Barreiros mas tenho uma data deles do Marco Paulo. É uma das colecções parvas que faço, singles xungas com capas ridículas, e o Marco Paulo tem muitas. O disco mais parvo destes de música popular portuguesa é de um gajo que toca acordeão. É um disco musical e “spoken word”. Começa um juiz a contar a história dum gajo que matou a mulher e que com a emoção perdeu a fala, daí que vai usar o acordeão no tribunal para responder às perguntas do juiz. "Qual a sua nacionalidade?" e o gajo toca o hino nacional, e por aí fora com todos os fadinhos e cançonetas cujo titulo vai dizendo o nome, idade, etc… até no fim revelar que lhe tinha posto os palitos.
Enquanto o novo álbum e novos EP’s não saem, o que os Stealing tem remisturado nos últimos tempos? Para já há planos para um projecto do Gustavo (baterista) chamado Sweet Monster em EP. E mais outro EP com as primeiras musicas de Stealing. Mixes fizemos do Legendary Tiger Man e estamos para fazer uma dos Norton. Mais tarde vai haver mais EP's de outros projectos e vamos voltar aos concertos.
sexta-feira, 28 de janeiro de 2005
DEA report on "Palhaços dos políticos"
A iniciativa já tem feitos os seus danos colaterais a julgar pelas notícias e reacções no Correio da Manhã, Indymedia, A-Infos, Instituto Miguel Torga, Público e BBC.
Para não falar que o assunto já inspirou os cartunistas e colunistas dos jornais bem como o suplemento Inimigo Público... Ou ainda a capa d'O Independente.
Mas a surpresa foi no Porto, que copiaram a mesma ideia mas de forma menos bem feita - pintaram narizes, olhem para a tinta a escorrer neste link: http://pt.indymedia.org/ler.php?numero=55187&cidade=1