domingo, 20 de agosto de 2006

DEA report ou "Fest No More (ou ainda A Noite dos Maricas)"

400 kms, 40€, 4 toneladas de chuva, 4€ por um impermeável... é um resumo possível da ida ao Festival de Paredes de Coura no passado dia 17. Razão deste desperdício de tempo e dinheiro? Os Cramps - num festival de verão que geralmente tem o cartaz mais "alternativo".

Ia fazer 33 anos e achei que devia ver os Cramps uma vez na vida - já que ainda por cima perdi-os 2 vezes, uma Lisboa e noutra em Berlim. A espectiva era enorme e apesar do concerto não ter sido o melhor do mundo, não fiquei completamente desiludido. Sem tocarem os «gravest hits» do passado ao menos ainda revelam força para "continuar" - ao contrário dos Bauhaus que revelam um cansaço de banda que não tem mais nada para oferecer, que insiste no comeback bacoco e com um Peter Murphy já careca no alto da cabeça. Também chocante foi o ar de bicha acabada do Lux Interior com um loiro oxigenado horroroso. O homem já não tem a voz libidinosa e animalesca da juventude nem podia partir o palco porque não eram a banda do final do festival. Ainda assim, o som estava límpido, o fuzz estava lá todo, os solos da Poison Ivy eram perfeitos. Devia ter assaltado uma velhinha para ter ido à 9 anos ao concerto em Lisboa... paciência, já posso dizer que os vi, iupi! E também já posso dizer que não me quero meter mais nestes festivais de verão. É caro, a comida é aquela merda, são imprevisíveis os atrofios com público e com o clima, é apanhar com muitas bandas-banhadas...

Este ano foi chuva torrencial e de bandas manhosas. Tirando os !!! e os Selfish Cunt (no palco after-hours) tudo foi aborrecido neste último dia do festival. Os primeiros foram um oásis depois de ter apanhado com uma banda-banhada sueca Popinha até ao tutano - nem vi os espanhóis que eram a primeira banda da tarde («de Espanha nem bom vento nem bom casamento» nem boas bandas) - e aquela merda portuguesa com o Zé Pedro dos Xutos a cantar (quem foi o imbecil que se lembrou disto?). Isto para dizer que só poderíamos querer algo mexido e dançável e foi o que aconteceu, os !!! provaram ser melhores em palco do que em disco, apesar de achar que os tipos são demasiado brancos para aguentar o P-funk que se propõem tocar - arranjem uns Blacks do Funk ou do Hip-hop e isso resolve-se.

Os Selfish Cunt é uma espécie de "Rollins Band meets Oscar Wilde", banda queercore potente, de composições fortes e um vocalista em cuequinha e lingerie de mulher com um sotaque cockney saído da sarjeta inglesa mais imunda. Desafiador, animal de palco Rock, não parou um segundo - com os tiques todos de maricas - e foi a melhor banda da noite. Depois disso, ou durante se preferirem, a chuvada conseguiu encharcar os presentes até ao tutano. Para isto não vale a pena ir aos festivais de verão... Mas, e se vierem os Butthole Surfers? Ou os Beastie Boys? Ou os Type O Negative? pufff...

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