sexta-feira, 26 de março de 2010
Belas banhadas
Gwar : This Toilet Earth (Metal Blade; 1994)
Hyperhead : Metaphasia (Devotion; 1992)
Foram umas aquisições feitas na inauguração do Sugar Fang III, em que admito para comprá-las só pode acontecer porque sou um "fashion victim" dos anos 90 sem dúvida!
Os Gwar só conheço as máscaras e sabia que havia pelo menos uma música (Saddam a go-go) com metais - Metal com metais não deveria ser o "must"? E é! O tema referido aparece logo à entrada deste quatro álbum é uma bomba Funk-Metal em que os Metais dão uma dimensão demente à banda, ela própria demente em palco com os seus fatos de mutantes pós-apocalípticos - embora eles tenham vindo do espaço segundo reza a lenda! Para quem só ouviu falar nos Blasted Mechanism, nos Slipknot ou nos finlandeses Lordii (que ganharam o Festival da Eurovisão com os seus fatos de monstros) eis a verdadeira origem do mal! Sendo muito mais selvagens dos que os exemplos anteriores embora com níveis dispáres de resultados, tanto disparam em Hardcore furioso quer num melódico de praia, passam pelo Vaudeville e pelo Trash, Rock xunga e Punk manhoso. Sendo E.T's é natural que estejam confusos e que nos confundam. Não é um grande álbum embora tivesse todos as possibilidades para isso, bastava ter continuado a soprar nos saxofones de Uranus, cornetas de Vénus e nas trompas de falópio das gigantes Frufagaliens de Andrómeda...
Outra bela banhada é este único disco dos Hyperhead, banda que não se encontra nenhuma informação de jeito - a não ser a discografia no sítio discogs - e curiosamente até dos elementos da banda não há rasto vísivel (também não me esforcei muito, diga-se). O que se destaca nos créditos são os mui ilustres convidados Martin Atkins e William Turker (Ministry, Pigface e mil outras facetas) que me levaram a pegar no disco como garantia de qualidade (Pigface is God!) e um tal Noko 440 (dos mais conhecidos Apollo 440) e alguém que cantou nos Gaye Bykers On Acid (quem???). Hyperhead é Rock Electrónico antes de certo lixo que apareceu nos anos 90 e que se ouve com prazer Pop/Rock (a voz britânica melódica não dá hipóteses). A excepção é o tema Close to hysteria que parece Pigface - até porque os mesmos usaram nos seus bacanais ao vivo o mesmo "sample" e bateria (de Atkins, claro!) no tema Henry do disco Truth will out (1993)... dada a alegre anarquia que era Pigface não há explicações a procurar. Para quem gosta de Murder Inc, Die Warzau e a cena da Wax Trax...
A Artside está cheia desta preciosidades e pérolas maradas, vale a pena espreitar! Mesmo que seja prá bela banhada!
terça-feira, 23 de março de 2010
domingo, 21 de março de 2010
sexta-feira, 19 de março de 2010
URanus
Doutor Uránio ajuda nesta demanda e já descobriu uma parte (do filme?) que está aqui: filecabi.net/video/et-sex.html
Mas seria injusto dizer que só há taradices na 'net, o Camarada Caldas oferece mais um momento de grande verdade:
quarta-feira, 17 de março de 2010
sábado, 13 de março de 2010
CD... GO!
terça-feira, 9 de março de 2010
O "pós" já tem mais de 30 anos logo já é pós-pós...
Jason Forrest : The Unrelenting Songs of the 1979 Post disco Crash (Sonig; 2004)
Pere Ubu : The Art of Walking (Rough Trade; 1989)
Começo pelo segundo caso que é uma reedição horrorosa em CD do LP original de 1980 - em que a discografia da banda ao ser reeditada em "formato digital" fizeram um desenho gráfico comum para a colecção, resultado, as capas tem todos uma moldura de ambiente de trabalho de Mackitosh à antiga (a capa neste "post" é da edição original). Mas quem vê caras não vê corações, e o quarto disco de originais desta banda é sempre uma conquista para novos domínios do Pop/Rock mesmo que já tenha 30 anos em cima. Ou por causa da voz delirante de David Thomas (realmente não há Pixies sem ele) ou por causa da entrada de Mayo Thompson (Red Krayola) para a guitarra (e outros instrumentos e letras), podemos ouvir sons de um período que se move no pós-Rock e caminha prá No Wave - os baixos e teclas não enganam - como ouvimos sons abstractos e concretos que poderão irritar os mais incautos - pergunto se um tema pica-miolos como Lost in Art é irónico ou se eles estavam mesmo perdidos... É um álbum de ruptura do Rock e da própria banda que até hoje terá mil e outras formações mas sempre sob batuta de Thomas. Bizarro q.b.
Não sei se Forrest era criança ou jovem em 1979 mas provavelmente deveria ser um "nerd" cuja música Disco deveria ser a única coisa que conhecia como "música fixe", e diga-se de passagem se tiveres uns 7 anos, nada melhor que Disco: músicas divertidas, fatos extravagantes, coreografias e poses homo-eróticas como todos os putos de 7 anos querem e gostam (nunca se irá perceber porquê, é como a merda do Wrestling nos dias de hoje). Talvez por isso sendo um produtor de música electrónica extrema não deixa de gostar de reviver o seu passado e utilizar o pior da música dos anos 70 como matéria-prima para algo novo e fresco como um Breakcore não muito violento mas como sempre iconoclasta. De uma ponta à outra, ou seja, daquela "tro-la-li-ró" sinfónico à guitarrada vomitante de Rock FM tudo é afundado em batidas novas e reconstruído para diversão e (des)concentração mental - lembram-se deste vídeo? O chavão seria enquanto o corpo pensa e a mente dança mas há outro que se ouve num sample de Talking Heads, diz "This is no Party / This is no Disco" e é verdade... embora lembra End pelo excesso.
segunda-feira, 8 de março de 2010
Invisual No More
quarta-feira, 3 de março de 2010
Lisboa não tem Punk nem Metal, nem Rock nem Electrónica. Lisboa é um paraíso de ratazanas que exploram toscamente o turismo estrangeiro que deslubrado pela beleza da cidade esquece que não encontra cultura alternativa ou independente - a maioria dos turistas devem pensar que deve haver uma cultura tão "underground" em Lisboa que não conseguiram encontrar na primeira visita. E é verdade, ela está em Corroios (o punk e metal), no Barreiro e Almada (o Rock) e a Electrónica? Bem, temos de apanhar o Inter-Cidades para o Porto!
Neste panorama desolador, a tendência é sempre para piorar e serve este "post" para revelar a experiência horripilante da última Quinta-Feira à noite no Bacalhoeiro (outro sítio que propela alternativa mas é só serve para lugares-comuns) e o concerto de Pássaro, organizado pelo Movimento Alternativo Rock (!) que copiam o "template" FlorCaveira nas formas mais fúteis, nomeadamente o DIY (meramente) tecnológico mas sem o pathos, a estrutura colectiva (porque pensa-se que "União faz a Força" mesmo sem talento) e o regresso do português e/ou do cantautor mas com resultados succedâneos e chatos. Ou seja, um bocejo total porque tudo é bonitinho e certinho. Com letras de poesia asséptica e tão impessoal que se pensa que foi um Robot que a escreveu. Mas cada vez que acabava uma canção os amigos todos aplaudiam, claro. Na casa-de-banho percebi que alguém mijou contra as todas paredes, bidé, tampo da sanita e por todo o lado, talvez desesperado para se divertir de tanta modorra ou tentar, de forma frustrada, imagino eu, fazer com que a estadia de todos nós ficasse o mais desagradável possível - é realmente anti-democrático esta atitude mas até entendo! Depois do concerto ainda me passaram um CD poluente, um CD-R só com uma música do concerto - giro não é? receber um "recuerdo" do que se acabou de ver! - mas que 1) a capa foi para o papelão, 2) a rodela foi para o plasticão e 3) a caixa foi usada para outro CD-R. Vamos Limpar Portugal! E a começar por Lisboa!
Na mesma semana saiu na revista Blitz a única capa que não tem um artista vendido ou morto, ou seja o grande Adolfo Luxúria Canibal de cigarro na boca e a fazer de talhante. Um aberração do século passado, um primitivo dinossáurio dirão os estúpidos de Lisboa tão habituados a serem asseados e pseudo-cosmopolitas. Além da entrevista ao Canibal, a revista vinha acompanhada de um CD, E-Spam 001 (Enchufada; 2010).
A capa do disco é nojenta - desde de quando é que um ambiente de conta e-mail é uma boa ideia para uma capa!? E se começa muito mal com os PAUS - uma imitação perfeita dos Battles, que chega a ser díficil de perceber quem é quem a dada altura, até no grafismo da banda houve cópia! É mesmo uma imitação de sem-vergonha feita por lisboetas fraudulentos com poder mediático nas mãos, tão falso como foi CAVEIRA ou os Vicious 5! Depois... depois quase que ouvimos sempre "kuduro progressivo", ou seja, o "up-grade" do Kuduro (Techno xunga que apareceu em Angola) reinventado pelos Buraka Som Sistema em 2006. Há também algum Soul-House (Orelha Negra, Coca o F.S.M.) e Rock Electrónico (Youthless) sofríveis (porque sofro quando os oiço!), e ainda Dubstep (DJ Riot) e o Trip-Soul dos 1-UIK project com a óptima voz e letra de Kalaf que impressiona sempre que se mete num projecto - será o Kalaf o Canibal neste milénio da letargia?
segunda-feira, 1 de março de 2010
DISisPUNK
Discharge : Hear Nothing See Nothing Say Nothing ; Why (Clay; 1982, 81)
O David Soares deu-me uma prenda envenenada - aliás, duas! Aliás, três porque para além dos discos acima referidos também me arranjou o seu último romance, O Evangelho do Enforcado que ainda não li mas que espero que seja envenado também! Voltando às rodelas vinilicas, é incrível como nos podemos esquecer das coisas... Conhecia os Discharge (um pouco, de colectâneas e k7's gravadas de amigos), sabia do seu legado estético e musical - não haverá banda Metal e Hardcore que não lhes tenha dado créditos como influência, seja com versões (Sepultura) seja pela apropriação até do prefixo "Dis" para nomear outras bandas punk/Hardcore como Disfear, Disbelief, etc... Daqui houve muita coisa importante a sair, provevelmente o Trash, o Grindcore e o Crust - e o Hardcore finlandês?
Para não falar também do grafismo das edições que também marcou o movimento Hardcore nas décadas seguintes. Lembrava-me do seu estilo repetitivo e primitivo de "punk biesta" mais conhecido pelo "d-beat" mas efectivamente já não me lembrava de os OUVIR! A falta dessa memória deveu-se ao gradual desinteresse pelo Punk e até à sua decadência absurda - não faltarão exemplos mas prefiro nem dá-los para não ter de fazer um exercício que trarão más memórias de certeza.
E ainda há mais falta de memória que só piora a situação ao ouvir os discos! Eles ao reflectirem a banda e toda a sua atitude política/ musical/ estética, relembra-nos que houve várias gerações qiue viviam assustadas com a ameaça da Guerra Atómica - no caso britânico, provavelmente vindo da ressaca do polémico e censurado documentário The War Game (1965) de Peter Watkins. O que se coloca em questão ao voltar a ouvir o primeiro EP e LP é como desapareceu esse medo? Depois da Queda do Muro de Berlim, limpo-se o medo com lixívia insensata e luxúria alienante. 20 anos depois alguém sabe onde estão as ogivas nucleares? Num quintal Glasnost?
Pensando a nível meramente musical, a energia e barulheira destes putos-em-1980 é inacreditável, tanto que fico a pensar que o que ouvimos mesmo no chamado espectro independente é que as bandas que existem hoje (de Punk, Noise Rock, Hardcore) são uma fraude comparando com estes Punks manhosos de uma terrinha estúpida britânica qualquer. Assustador!!!