quarta-feira, 3 de março de 2010

Em Lisboa a Cultura Beta ganhou! Confundiu a "cultura alternativa" com o "chic-freak" protagonizado pelos horror pós-colonialista dos Terrakota e materializados por espaços como a Crew Hassan que vinculam chavões para tias tontas como o Jazz (mas o Jazz técnico dos John McLaughlin que ninguém suporta), o Yoga e a Dança do Ventre (para fazer dinheiro com pessoas desiludidas com o quotidiano) e a World Music (limpa pelo empresário caucasiano).
Lisboa não tem Punk nem Metal, nem Rock nem Electrónica. Lisboa é um paraíso de ratazanas que exploram toscamente o turismo estrangeiro que deslubrado pela beleza da cidade esquece que não encontra cultura alternativa ou independente - a maioria dos turistas devem pensar que deve haver uma cultura tão "underground" em Lisboa que não conseguiram encontrar na primeira visita. E é verdade, ela está em Corroios (o punk e metal), no Barreiro e Almada (o Rock) e a Electrónica? Bem, temos de apanhar o Inter-Cidades para o Porto!

Neste panorama desolador, a tendência é sempre para piorar e serve este "post" para revelar a experiência horripilante da última Quinta-Feira à noite no Bacalhoeiro (outro sítio que propela alternativa mas é só serve para lugares-comuns) e o concerto de Pássaro, organizado pelo Movimento Alternativo Rock (!) que copiam o "template" FlorCaveira nas formas mais fúteis, nomeadamente o DIY (meramente) tecnológico mas sem o pathos, a estrutura colectiva (porque pensa-se que "União faz a Força" mesmo sem talento) e o regresso do português e/ou do cantautor mas com resultados succedâneos e chatos. Ou seja, um bocejo total porque tudo é bonitinho e certinho. Com letras de poesia asséptica e tão impessoal que se pensa que foi um Robot que a escreveu. Mas cada vez que acabava uma canção os amigos todos aplaudiam, claro. Na casa-de-banho percebi que alguém mijou contra as todas paredes, bidé, tampo da sanita e por todo o lado, talvez desesperado para se divertir de tanta modorra ou tentar, de forma frustrada, imagino eu, fazer com que a estadia de todos nós ficasse o mais desagradável possível - é realmente anti-democrático esta atitude mas até entendo! Depois do concerto ainda me passaram um CD poluente, um CD-R só com uma música do concerto - giro não é? receber um "recuerdo" do que se acabou de ver! - mas que 1) a capa foi para o papelão, 2) a rodela foi para o plasticão e 3) a caixa foi usada para outro CD-R. Vamos Limpar Portugal! E a começar por Lisboa!

Na mesma semana saiu na revista Blitz a única capa que não tem um artista vendido ou morto, ou seja o grande Adolfo Luxúria Canibal de cigarro na boca e a fazer de talhante. Um aberração do século passado, um primitivo dinossáurio dirão os estúpidos de Lisboa tão habituados a serem asseados e pseudo-cosmopolitas. Além da entrevista ao Canibal, a revista vinha acompanhada de um CD, E-Spam 001 (Enchufada; 2010).
A capa do disco é nojenta - desde de quando é que um ambiente de conta e-mail é uma boa ideia para uma capa!? E se começa muito mal com os PAUS - uma imitação perfeita dos Battles, que chega a ser díficil de perceber quem é quem a dada altura, até no grafismo da banda houve cópia! É mesmo uma imitação de sem-vergonha feita por lisboetas fraudulentos com poder mediático nas mãos, tão falso como foi CAVEIRA ou os Vicious 5! Depois... depois quase que ouvimos sempre "kuduro progressivo", ou seja, o "up-grade" do Kuduro (Techno xunga que apareceu em Angola) reinventado pelos Buraka Som Sistema em 2006. Há também algum Soul-House (Orelha Negra, Coca o F.S.M.) e Rock Electrónico (Youthless) sofríveis (porque sofro quando os oiço!), e ainda Dubstep (DJ Riot) e o Trip-Soul dos 1-UIK project com a óptima voz e letra de Kalaf que impressiona sempre que se mete num projecto - será o Kalaf o Canibal neste milénio da letargia?
Escrevia-se no Expresso neste fim-de-semana que ao menos esta colectânea cheirava a 2010, o que é quase verdade uma vez que a revolução Buraka e o álbum de estreia dos Battles foram em 2007 mas sempre mais vale ouvir algo com três anos de atraso do que música de «setenta, oitenta e noventa» como o resto do panorama português. A edição em Portugal continua eternamente com 3 anos de atraso, o que quer dizer que apesar do excelente esforço dos Buraka (e este CD é mais um esforço sendo eles os editores / promotores do disco) ainda não se conseguiu romper o muro de cinzento de Portugal nem se conseguiu chegar à tão desejada mestiçagem. Mas sinceramente, onde se pode ouvir Kuduro em Lisboa quando nem se quer existe B.Leza? E Mão Morta onde se ouve? Em casa (às escondidas?) como nos tempos do Dr. Salazar...

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