sábado, 28 de agosto de 2010

Primitive Future!


Cromagnon : Cave Rock (ESP-Disk / Jackpot; 2009?)

 A Cultura Pop tem sido um chorrilho de decepções no que diz respeito ao Futuro... não andamos em "heli-carros" nem temos armas lazer. O futuro inventado nos anos 50 foi nos anos 50 (excelente uma bd de Miguel Brieva, creio) ou o futuro inventado nos anos 80 foi para os anos 80 (ver a recente bd de David Campos na antologia Destruição). Mas nem todos deram boca! É o caso dos Cromagnon, norte-americanos psicadélicos que gravaram um único disco em 1969 (originalmente intitulado Orgasm) pela ESP. Disco experimental e maldito que levou anos a sair e a ser reconhecido como um marco importante da música.
O tema Caledonia lembra o cruzamento improvável de Carcass com os Test Department (por causa das gaitas-de-foles?), outro tema podia ser uma toineira dos  Butthole Surfers, outra malha é Einstürzende Neubauten sem o Romantismo, outra podia ser o mongolismo da cena Improv/Noise dos nossos dias - tipo Fat Worm of Errors -, noutra poderia ser Cabaret Voltaire (a banda), e claro, Psychic TV, Circle X, Black Dice e uma miríade de bandas sincopadas & barulhentas "mucho" contemporâneas. A questão é que estamos em 1969, e os gajos que faziam parte da tribo Cromagnon eram mais uns gajos do Rock/Blues como mil bandas do tipo, Boss Blues diz algo? Provavelmente não e também pouco deve interessar a não ser para os crominhos da nostalgia. Fartos dos ié-iés decidiram gravar na editora mais "fora" daquela altura (e era: Godz, Shags, W.S. Burroughs) para gravar um álbum "fora". 
Pela entrevista incluída na reedição vinil da Jackpot, um dos sobreviventes afirma que tinha decido "gravar um disco que se projectasse para o futuro de 30 anos", que fosse tão importante como a pélvis mexida do Presley ou a guitarra em chamas do Hendrix. Em 1999 teria resistido às modas do mundo. Em 2009 também e em 2010 eis um disco que aguenta as porradas todas. Muito marado. Curiosamente os temas rienvindicam um passado primitivo e pagão, intercalado com técnicas pós-modernistas como colagens sonoras, imaginário vintage (um tema tem, por exemplo, uma voz de crooner), atitude Free e tudo o mais para criar um dos discos mais bizarros de sempre embora o que eles não previram foi o Scum (Earache; 1987) dos Napalm Death.
Obrigado Eng. Fom-Fom por insistires a dar-me a conhecer este disco mais uma vez! Eu não queria ouvi-los outra vez de tão lixado que é o disco mas obrigado na mesma!

1 comentário:

João Gama Marques disse...

Por acaso esse Fom-Fom não é o gajo de GALA DROP?