segunda-feira, 31 de outubro de 2011

domingo, 30 de outubro de 2011

Recycling is gay (escrito)

5º Capítulo do novo livro escrito.
Respectivo name-dropping: Anal Cunt, Ecoponto, ASAE, 9/11, Deus, Infectious Grooves, k7s, Powerpoint, Melvins, Pentti Linkola, ...

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

An I been watchin' you shake dat ting


A Dona Zarzanga arranjou um verdadeiro "blast from the past" de quando ainda era GoldenShower e muito especificamente da única vez que fui expulso da cabide do DJ. 
Num bar do Pinhal Novo disseram-me que podia ter som no âmbito de um evento de BD, sabia que ia lidar com um público generalista, por isso não ia poder por Brujeria ou Einstürzende Neubauten a matar. Apesar de estar a passar Dancehall e Hip Hop, de 10 em 10 minutos o dono do bar, os empregados e o público vinham perguntar quando é que ia começar a passar House! O cabrão do dono até arranjou um DJ sobressalente (de House!) que ficou nas minhas costas! A dada altura fiquei totalmente nervoso que entornei uma imperial no amplificador, resultando na minha expulsão oficial. Gamei um CD do Sean Paul (bem bom!) como vingança e soube que passado alguns meses o sítio ardeu... Ainda bem, era uma porra cheio de gajas a cairem ao chão às 22h prontas a serem violadas por gajos de manga cava paneleiros sem puderem sair do armário e como tal prontos a morrerem num racing na ponte Vasco da Gama! Talvez a única coisa boa daquilo foi que o Esgar Acelerado conheceu o João Maio Pinto para continuar a série de bd Superfuzz no Blitz-jornal... Pensando melhor, o Superfuzz era também uma valente porcaria com ou sem Pinto...
Tenho mesmo que voltar para Portugal? Não arranjo lugar de DJ residente num bar no bairro de Kalio em Helsínquia? Bêbados por bêbados pelo menos não percebo finlandês! Eventualmente: perkele!

Lost & Found (escrito)

5º Capítulo do novo livro escrito.
Respectivo name-dropping: Tracey, Instituto de Pescas e do Mar, Bedeteca de Lisboa, colecção, Andrew Keen. Agustina Bessa Luís, Dodgem Logic, Feira Laica, Livraria do Simão, Bíblias portáteis, Industrial XXX,  EBM, Troca de Discos, Ministry, Psychic TV, Kalervo Palsa,...

Sapatolândia


Quando voltar a Portugal, prá semana, o primeiro sítio onde deverei ir é à Sapatolândia, sapataria barata na Almirante Reis mas que faz parte da cadeia de lojas Guimarães, para ir comprar umas novas sapatilhas. As que trouxe, depois de três anos (?) já tinham buracos enormes... Sabia que ao trazê-las para a Finlândia iriam para o lixo mas deram jeito usá-las e sempre volto mais levezinho!
A ideia sempre foi trazer o máximo de livros para divulgar por estes lados, trouxe o mínimo de roupa, sabendo que na Finlândia há imensas lojas de roupa em segunda mão. Já os sapatos, os preços são proíbitivos, não admira que os "bifes" quando vão a Portugal vão sempre às compras, em especial às sapatarias.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Infecção Urinária da Finlândia (IV)


Próximas aventuras suomi-sonoras a escrever prá Infektion de Dezembro?...

Apostolos Doxiadis (a) [et al]: "Logicomix: An Epic Search for Truth" (Bloomsbury; 2009)

Saudade de Sauna


Tirem a Sauna aos finlandeses e tiram-lhes tudo... São os inventores da coisa e é um hábito higiénico tal como pode ser um evento social. Não é de admirar que algumas zonas residências de Helsínquia ou cidades mais pequenas como Uusikaupunki, como já vi, de repente se vejam um grupo de homens nus, apenas com uma toalha, a refrescarem-se na via pública com uma lata de cerveja na mão. Com 70ºC, suor a escorrer por todos os poros, sair da cabine de sauna pode equivaler a uma bela porrada tranquila pelo corpo inteiro... Uma cervejinha depois? Porque não? Um duche gelado? Yup! Ou... quando fomos ao ITE e passamos a noite de sábado numa casa de campo, à meia-noite saimos da sauna só de sapatos e tolha para mergulhar no lago! Ah! Que sensação maravilhosa! Só falta rolar pelo gelo depois de uma sessão como reza a lenda.
Outra coisa curiosa, nos países nórdicos (já com a Alemanha incluída) é a liberdade do corpo nu na sociedad. Nós, os latinos, temos a mania que somos descomplexados porque mostramos as banhas no Verão, acabamos por ser mais púdicos e ressabiados (graças à nojenta submissão católica) em relação à nudez do que dos povos friorentos... Que progresso teria Portugal se tivesse tido a Reforma e Pornografia Dinamarquesa invés da Inquisição e Mocidade Portuguesa!

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Bálsamo


Duas ofertas inesperadas na Residência ambas sobre o autor de bd e pintor finlandês Kalervo Palsa (1947-1987). Figura acarinhada pelas instituições e pelo público depois da sua morte e exibição no importante Kiasma - à qual foi oferecido o enorme acervo do artista em 1999. Palsa morreu no seu miserável atelier na Lapónia, de onde era natural, devido a uma pneumonia agravada pela depressão e alcoolismo. As bds e pinturas que fez são violentas e com um estilo gráfico "brut" cheio de pilas que podem lembrar Mike Diana - ambos admitem influência de S. Clay Wilson, curiosamente - mas Palsa é mais iconoclasta e intelectual. Dizem que existe centenas de bds inéditas no arquivo do Kiasma - e claro, como sempre os idiotas não sabem o que fazer com toda essa bd... 
La mort et la passion : bandes dessinés du Cercle Polaire (Câmara Municipal de Kemi; 1989) é um álbum que reúne bds entre os anos 60 e 1977, a única edição em língua não-finlandesa. Kalervo Palsa : Teinen tuleminen / Resurrection (Kiasma + Like; 2002) é o catálogo bilingue (finlandês / inglês) da exposição no Kiasma, reproduz quadros e desenhos, publica excertos de diários do artista, artigos sobre ele, biografia, etc...
A minha querida So What Saloon disse-me nesse dia: "já viste o tipo de coisas que tu atrais das pessoas? eles toparam que gostarias desse tipo de arte...". Ok, aceito essa ideia... Mas dois filandeses à mesma hora e dia a oferecer ao mesmo tempo livros do Palsa é no mínimo cosmicamente estranho!

Diggin' (escrito)

4º Capítulo do novo livro escrito.
Respectivo name-dropping: Capitalismo, Nightstick (Relapse, Lydia Lunch, Pink Floyd, Funkadelic), Thomas Benhard, Lusomundo / Diário de Notícias / Warner, Catch 22, Nostalgia, Nuno Markl, Thisco, Cristo...

domingo, 23 de outubro de 2011

A momentary Relapse of reason

Candiru: "Unloved and Weeded out" (Release / Relapse; 1992)

Os Candiru eram uma dupla de norte-americanos, gravaram este primeiro álbum e acabaram em 1995 PONTO representam o "bom-mau" som possível fazer antes dos pro-tools e a limpeza que a música urbana iria sofrer na década seguinte PONTO E VÍRGULA são menos opressivos que os Godflesh e até um bocado mais "free" e ecléticos. Já podia esperar algo assim quando comprei a 3 euros na The Bizarre Shoppe (em 2007) PONTO não comprei pela banda (não conhecia, claro) mas pela "sub-label" Release TRAÇO selo da Relapse para material fora do contexto Metal, ou seja, ambiental, Noise, experimental e industrial PONTO interessantes mas acabei por gravar algumas faixas numa k7 qualquer e despachei o CD por um Euro no Hei Joe depois de sei lá quantas Feiras Laicas e antes de vir prá Finlândia RETICÊNCIAS É fodido ser o rodapê da História PONTO-FINAL

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Salmiakki


Os finlandeses ou os nórdicos bebem como uns cavalos... Ou pelo frio ou pela depressão, tem uma relação com o álcool muito menos saudável que... pelo menos os portugueses. Não é "happy drinking" é mesmo para partir a cara. 
O Salmiakki é um licor de alcaçuz que sabe a doce e salgado ao mesmo tempo. Bem geladinho é um docinho. Depois de alguns "shots" já se sabe o que vai acontecer - talvez cantar o Tango finlandês! É uma bebida que fez furor entre os jovens do secundário nos anos 80 segundo a lenda... Acredito! Negro como tinta da china, o líquido é embalado em garrafinhas catitas, que qualquer finlandês leva consigo quando vai beber copos porque mesmo para os standards económicos a bebida é cara nestes países. É menos cara na Finlândia do que na Suécia, neste último país, é sabido que as pessoas fazem bebidas caseiras (por isso extremamente alcoólicas) em que basta misturar no consumo uma cerveja comprada num bar para transformar os suecos em Zombies completamente estúpidos e sem piada. Mesmo com os extremos dos finlandeses durante o frenesi alcoólico que vai desde do psico-drama-descarga-emocional à total palhaçada divertida (os finlandeses gostam de diversão, deve ser a costela russa!) acho que bebem melhor que os suecos zombificados, daí eu de não gostar da noite sueca (ou pelo menos a de Estocolmo). Na Dinamarca voltamos à civilização europeia, copos baratos e acessíveis mas sem extremos, pelo menos foi o que pareceu... 
O que mostra o que acontece quando se proíbe algo (ou torna-se o seu acesso difícil) como acontece na Suécia, as pessoas arranjam coisas piores e mais baratos com resultados piores a nível de saúde e de sociedade. Seja como for, é certo que o alcoolismo afecta estes países, na Finlândia todos se queixam de que se gasta muito dinheiro com este problema ou as pessoas apresentam um passado problemático com familiares ou amigos alcoólicos. É um assunto delicado por estas bandas... E apetece-me um copito depois de escrever sobre este tema...

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

08.10.11 09.10.11 (feito)


3º Capítulo do novo livro concluído.
Respectivo name-dropping: Saari Residence, Zines, Igreja Católica, Biblioteca Nacional, J.G. Ballard, Turku, Alfa Antikav, 8 Raita, Pekka Streng & Tasavallan Presidentti, Aki Kaurismäki, Mikko Orpana, Austrália, Vila Nova de Poiares, Pindura, Lx Comics #2,...

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Hora de ponta em Copenhaga

 Bicicletas em fila dupla no meio da cidade de Copenhaga... ehm... não! Em fila duplicada vertical! Esta é a primeira imagem que tenho da cidade ao chegar lá no Sábado. Depois foi só (boa) neurose
Curiosamente este problema do estacionamento de bicicletas li num jornal quando me preparava para ir pela primeira vez a Mälmo (Suécia) no ano passado. Aliás, no mesmo jornal a segunda coisa sobre Mälmo que fiquei a saber era que andava por lá um serial-killer a matar estrangeiros. Mälmo é a cidade sueca dos emigrantes e a 20 minutos de comboio de Copenhaga. Na quinta vi os (lendários) Legendary Pink Dots, Sexta estive em casa de brasileiros/ suecos / chilenos / argentinos / ... onde todos falavam português em matracada-babel.
Sábado era dia de descobrir a capital da Dinamarca, país que nada de sabe a não ser do Lego, os Aqua (têm um novo álbum, meus amigos!), uma obscura banda gay disco que não me lembra o nome (irrelevante diga-se)... Bom de escandinavo parece que só têm a neve, louras barbies, o mesmo sistema de reciclagem de latas e garrafas... de resto são europeus à séria: relaxados,  cidade suja, confusão, melhor ganza da Europa, estrangeiros por todo lado e claro o maior bairro anarquista do mundo, Christiania - que prova que não é preciso o Estado para nada para haver organização social e vida de qualidade, basta seguir apenas algumas regras proibitivas como não fotografar, não correr e não tomar drogas duras - leis perfeitamente ajustadas ou não são estes os 3 males da nossa sociedade?

 <--- a bandeira da Cidade Livre!

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Americanices

 Eis as compras feitas na Faraos Cigarer, uma loja de bd em Copenhaga igual a tantas outras lojas de bd pelo mundo fora. No entanto é curioso, nos países nórdicos, há sempre uma secção ou caixa de descontos onde se pode encontrar coisas boas e/ou interessantes. Daí ter arranjado estes livros a metade do preço como aliás já aconteceu noutras lojas. Talvez seja esta uma das razões que raramente compro coisas em lojas lisboetas / portuguesas...

domingo, 16 de outubro de 2011

WTF


Merci Neuro!

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Arabim Arabim Soudad, artista de Pepsi, youtube e do CD-R pirata


A visita a M älmo resultou na compra destas belezas numa loja árabe... Tudo lixado, tudo piratinha até à medula de Allá! O melhor som do mundo, também! Descobrir sobre esta malta na 'net? Uma carga de trabalhos... A capa (ao lado) do vendido do Wael Kafoory não é a mesma a que desenhei do CD pirata mas se fosse compraria na mesma!

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

domingo, 9 de outubro de 2011

O mapa do tesouro





Sim... enterrei os dois objectos que escolhi pró novo Pindura! O calendário mais porreiro do mundo pediu desta vez que os ilustradores escolhessem dois objectos que enterrariam no quintal para serem descobertos no futuro... Escolhi dois objectos de madeira porque não realidade não quero que venham a ser descobertos. Gostaria que apodrecessem e não deixassem vestígio. Não sei se as madeiras de um bumerangue e uma faca de Vila Nova de Poiares são resistentes, espero bem que não. 
Hoje 9 de Outubro de 2011, às 11h (hora finlandesa), em frente ao apartamento 1 da Residência Saari fiz o meu exercício matinal domingueiro artsy-fartsy. Já tenho mais matéria para o terceiro capítulo do livro de bd que faço por cá!


No apartamento onde habito na Residência existe um caderno para deixar mensagens. 
Da minha parte fica um desenho onde mostra onde enterrei o tesouro "Pindura 2012".

sábado, 8 de outubro de 2011

Infecção Urinária da Finlândia (III)


Próximas aventuras suomi-sonoras a escrever prá Infektion de Novembro... Adoro o logotipo da Love Records!

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Lx Comics Scimoc XL (feito feito)


2ª parte de 2º Capítulo do novo livro concluído.
Respectivo name-dropping: Bedeteca de Lisboa, Honey Talks, José Marmeleira, João Paulo Cotrim, Quarto de Jade, Ilustração Portuguesa, Pedro Proença, Bela Silva, Nuno Saraiva, Júlio Pitta, Bernardo Marques, João Fonte Santa, ...

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

TESTicle PRESSure #2, 4 (ed.: Johnny Chiba; 1996-99)

 Ainda estou para perceber porque isto aconteceu... mas fiquei em contacto com o animado Chiba e fizemos umas trocas. Depois de um climax / anti-climax final do Festival de BD de Helsínquia e regresso à residência, estavam dois exemplares do zine Test Press à minha espera na caixa de correio dos residentes. Trata-se de um fanzine de Nova Iorque dirigido e quase ele todo escrito por Chiba num frenesi de auto-referência e masturbação solipsista. El Jefe (piada latina-americana para quem se chama Jeff) fartou-se de escrever na década passada pelos vistos. E a tocar guitarra, a editar discos e o catano. O #4 é um grande calhamaço de páginas impressas em folhas de cânhamo - que inclui uma entrevista aos Ultra Bidé! A dada altura já se vomita resenhas críticas a discos, concertos, festivais e afins pelo vocabulário limitado e repetitivo do Chefe. Por todo o zine, Jeff espalha o seu nome e piadas brejeiras nas fotografias das bandas e capas de discos, de uma forma tão ingénua e só possível no mundo dos zines, que acaba por ter mesmo piada. Amigo e defensor de Mike Diana, não será à toa que capas, bds e ilustrações sejam deste polémico autor.
Não sei se já há uma denominação para quem leia publicações antigas sobre música mas a verdade é que me dá um gozo especial ler sobre discos antigos, assistir com alguma arrogância quando quem escreve se engana em factos ou nas previsões sobre uma banda. Noutros casos é confirmar quem é que estava realmente atento e acertado em classificar um disco como "genial", "excelente" ou "obra-prima" e poder-se verificar passados 10 anos depois essas classificações continuarem a ser verdade. Também têm piada encontrar referências a outras bandas que nos "passaram ao lado". Acho mais interessante ler esta tonelada de leitura manhosa do que andar de link em link pela 'net à procura de música. Acho que é sempre necessário um feltro (um editor, um crítico, um fanzine, um amigo) que nos oriente na anarquia do mundo virtual. O Chefe pode não ser o melhor crítico do mundo mas ao longo de centenas de páginas vamos aprendendo sobre os seus gostos e até aonde podemos confiar ou discordar dele.
Os fanzines são acompanhados por k7s com várias bandas. Ando louco para as ouvir porque não tenho leitor de k7s na residência. Podia escrever os nomes das bandas no Google e perceber o que me espera mas não! Serei paciente e só ouvirei em Portugal, acho que virão coisas boas daqui!

domingo, 2 de outubro de 2011

Kuti Huuda


Este fim-de-semana tive a visita do Tommi, Tiina, Jarno e Anna... trouxeram-me o Kuti que me faltava! Kiitos! Agora tenho a colecção completa! Não que seja um coleccionador completista mas esta é uma excepção dada a qualidade e originalidade do projecto. Trouxeram-me livros recentes da Huuda Huuda que irei colocar "desenho-resenha" no blogue da CCC.

sábado, 1 de outubro de 2011

Infecção Urinária da Finlândia (II)


Nota : este é na realidade o meu primeiro texto original que escrevo prá Infektion

Desde o primeiro artigo que escrevi sobre a cena musical finlandesa no número de Abril 2005 do fanzine Underworld / Entulho Informativo, que não deixei de estar atento à música deste país, fascinado com as suas histórias exóticas como a do Tango finlandês (uma caracteristica cultural tão nacional como a Sauna e o Ski!), a dança “vintage” Jenka, a aberração fonética dos Força Macabra (cantam em “brasileiro” sem saberem a língua porque são fãs das bandas Hardcore brasileiras dos anos 80!), o prestigiado Hardcore finlandês criado por Läjä e os Terveet Kädet, o movimento das editoras fonográficas Love (anos 60/70), Bad Vugum / BV2 (anos 90) até à contemporânea Lal Lal Lal, e claro também das tristezas comerciais como Lordi, Korpiklaanis, HIM ou Nightwish. Este “hobbie” pela cultura finlandesa acabou por me trazer a uma residência artística, perto de Turku, entre Setembro e Outubro. É daqui que escrevo as próximas Infecções Urinárias!

Depois de três visitas a Helsínquia nos últimos 7 anos é uma coincidência ter comprado recentemente, na Digelius, um disco que fecha um ciclo de descoberta da música deste país. Tudo começou em 2005 quando ouvi pela primeira vez Arktinen hysteria - Suomi-avantgarden esipuutarhureita (Love Records; 2001), ou se preferirem, “Histeria Árctica, os primórdios da vanguarda finlandesa”. Apesar da sua continuação More Arctic Hysteria / Son of Artic Hysteria : The later years of early Finnish avant-garde datar de 2005 só agora que acedi a este duplo CD.

O primeiro título era uma colectânea que recolhia 13 faixas de música experimental entre 1961 e 1970, com gravações de arrotos, Noise, Electrónica bastante sofisticada com ou sem instrumentos inventados como o “sexofone”, Free-Jazz marxista, Pop-Blues casado com Prog, proto-Industrial, música improvisada, concreta e conceptual “warholiana” como a faixa que repete ao nome do carismático presidente Kekkonen durante 6 saturantes minutos - a voz é de um senhor que lê os resultados de uma mesa de votos das eleições de 1962. Quanto à “sequela” dividiram os dois CDs por décadas, o primeiro concentra-se nos anos 70 e o segundo nos anos 80, podendo haver um caso ou outro que salta desta lógica por razões de aproximações musicais.

É óbvio que os anos 70 são a grande ressaca da loucura dos anos 60, e por isso é menos utópica. Claro que no final ainda irá semear a geração Punk cuja cultura D.I.Y. e individualista irão marcar os anos 80. Talvez por isso que os anos 70 sejam apenas “mais histeria” como sugere o título sem adiantar nada de novo, acompanhando o espirito do tempo como Prog Rock, a electroacústica e Jazz sem extremismos. Invés de rasgos radicais preferem ser fusionistas de estilos, géneros e conceitos, indo até buscar às suas raízes nacionais, instrumentos ou melodias folclóricas enquanto sintetizam os sons de peças de metal ou canas de bambu – que rima com didgeridoo, também ele aqui presente – barulhos de trovões, cães, pássaros e vizinhos a tossirem. Ouve-se sem ofender os ouvidos e serve de guia para novas descobertas do passado que parecem tão contemporâneas como algumas produções experimentais actuais.

Já o segundo CD volta ao caos criativo como foram os anos 60 (registada na primeira antologia) graças ao movimento Punk. Mas há aqui uma diferença, esta geração foi “educada” a ouvir “música diferente” – e basta reunir as ecléticas colectâneas nostálgicas Love Radio (4 volumes, Love) para perceber o que era um “ouvido médio finlandês”. Se o Punk é visto como uma reacção à apatia urbana não deixa de ser uma mariquice anglo-saxónica no que diz à música, porque continuou a fazer Pop/ Rock e cristalizou-se em formatos comerciais. O que este disco colecciona são faixas bastardas de um país cuja cultura musical é bastante diferente à treta inglesa e norte-americana. Os Punks finlandeses tanto sabiam de Jazz como batiam com bonecas Barbie para fazer de bateria. Nem todos foram clonar Ramones ad nauseam – apesar de haver aqui uma versão desconstruída deles feita pelos Silver, uns putos que ninguém sabe quem são.

A própria cultura DIY é neste CD reconhecida e “oficializada” ao ser incluídas faixas retiradas de formatos editorais pobres como k7s e singles de 7”. Quem compilou não teve pudor nenhum em colocar nomes conhecidos como Aavikon Kone Ja Moottori (trad.: Máquina do Deserto e Motores, projecto Noise do referido Läjä), Jimmi Tenor ou Mika Vainio (dos Pan Sonic) ao lado de artistas completamente desconhecidos como Superladex, que em 1981 eram três irmãos de 6, 10 e 19 anos a fazerem colagens sonoras no conforto do quarto… Alguns dos “artistas” recusam a ideia que tenham feito alguma coisa de especial ao ponto para 20 anos depois serem recuperados ou reconhecidos como “vanguardistas”.

Em Portugal não acredito que teríamos nem o conhecimento da história do nossa cultura para serem revistas pela Intelligentsia nem haveria à vontade de colocar Punks de 13 anos ao lado dos Telectu, por exemplo. E talvez esta seja a diferença entre os nossos dois países. Sendo um país nórdico cujo estereótipo seja ser visto como “organizado, frio e sério” consegue ser antes “desorganizado, quente e divertido” tal como os países do Sul da Europa (ou pelo menos como estes últimos são vistos nos nossos preconceitos comuns). E já que falamos de Portugal, do pouco que há de História da nossa música vanguardista aconselho Antologia de Música Electrónica Portuguesa (CD'04; Plancton Music) apesar de ser centrada exclusivamente em electrónica e claro… em gente séria!