quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Invisual 11.2 || RÁDIO ZERO

Esta Quarta, às 20h vai para o "ar-virtual", cortesia da famosa Rádio Zero, a 11ª emissão da "segunda temporada" do Invisual, um programa que pretende divulgar as promíscuas relações entre a banda desenhada e a música.
Produzido por
Marcos Farrajota, este programa terá como convidado repetente João Maio Pinto, ilustrador e um dos Mamede. O programa deverá se reger pelas habituais pérolas e novidades ligadas à bd e à música, escolhas do convidado, a continuação do "dossier Finlândia" e o ciclo de músicas dedicadas ao sub-anormal do Super-Homem com o tema Sunset Superman retirado do álbum Dream Evil (Reprise; 1987) de Dio.
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É repetido no Sábado, às 13h. Playlist: Löbo, Vince Guaraldi Trio, Yello, The Wolfgang Press, Anssi 8000 e Lightning Bolt.
Podcast aqui depois da emissão.

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Tiago Guillul "IV" (FlorCaveira)
Fricara Pacchu "Midnight Pyre" (Lal Lal Lal)
Nerve "Eu não das palavras troco a ordem" (Matarroa)
The Dirtbombs "We have you surrounded" (In The Red)
Girl Talk "Feed the animals" (Illegal Art)

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Vinilo Natalixo


Judas Priest: Turbo (CBS; 1986)
Yello: Flag (Mercury; 1988)
Dois álbuns dos anos 80's que se beijam em colisão frontal. Adquiridos nesta quadra natalixa, o primeiro durante a Laica, o segundo trocando uma prenda "falhada" na Louie Louie. Ambos tem sucexxxos incontornáveis: Turbo Lover (JP) e The Race (Y)... e talvez por isso achava que os álbuns seriam melhor do que são. 
No primeiro caso esperava Speed / Heavy nojentito e... Bem! É nojentito sem dúvida mas mais Glam Metal do que nunca - ao que parece é um álbum em que os JP se venderam, segundo os fãs porque passaram a incluir sintetizadores. É capaz que eles tenham razão... Também, custou só um Euro e o rídiculo Turbo Lover só por ele já vale esse Euro! 
Os suiços Yello são um caso estranho da Pop, a começar porque deve ser a única banda que não tem uma base de "working class heroe" como acontece com toda a Pop - desde sempre sabe-se que os seus elementos são milionários e cheios de pasta... ou pelo menos o vocalista Dieter Meier é rico com quintas de vinho. Tem como hobby fazer filmes e cantar nos Yello. Flag (soa a "fag", que é o que o vocalista dos Judas é) é daqueles álbuns que sofre a injustiça tecnológica. Apesar de já haver CD's em 1988 não havia o ainda o terrível hábito que se institui nos anos 90 de preencher os 80m / 80MG dos CD's. Por isso Flag soa a pouco com as suas oito músicas - quatro que não chegam aos 4m e as outras quatro entre os 5 e os 8m. O excelente The Race - a razão de ter pegado neste álbum - é a tal dos 8m (com um vídeo fabuloso, afinal até os ricos fazem coisas boas!), um épico trágico-cómico que aguenta o sabor do tempo porque foram os Yello que deram o sabor "latin lover" às máquinas Kraftwerk - muito antes das tentativas tolas do Señor Coconut - e como se sabe o Latino ganhará o mundo segundo o Fernando Pessoa. As restantes músicas ando a saborear, ficando surpreso desde já com Tied Up que abre o álbum que é extremamente parecido com The Race (será uma prequela?). O resto parece abaixo dos "templates" do álbum Claro que si! (Vertigo; 1981) mas com o tempo de certeza que a coisa irá ao lugar ao contrário ao que a capa sugere - já agora, excelente capa de Ernst Gamper, o artista que fez a maior parte das capas da banda nos anos 80.

Mercantologia 3: Noitadas, deprês & bubas


«É extremamente díficil escrever um livro medíocre. O livro conseguido está na ordem do dia. Falhar em literatura é um gesto de pura rebeldia. Um péssimo romance é um acto de terrorismo. Só uma miopia extrema, ainda assim fàcilmente corrígivel, pode conduzir ao desastre. A possibilidade de errar foi reduzida ao mínimo indespensável que mantém as aparências e evita o escândalo. Só nos resta escrever livros certos e vendê-los a um público certo. Um público obedientemente entusiástico e atento. (...) O que antes era puro empirismo ou um difuso ritual feiticista tem agora um método de infabilidade. A improvisação e o gesto institivo estão desactualizados. Pior, são nefastos. O escritor deve actuar com rigidez e concisão. O êxito é a meta. O êxito é a única saída.» - Artur Portela, filho in Feira das Vaidades (Atlântida Editora; 1959)
É com palavras da juventude de "alguém que foi para a Alta Autoridade para a Comunicação Social", que apresentamos um livro novo de Marcos Farrajota. De novo quase nada têm, a não ser uma bd inédita de 10 páginas (para o #5 do zine A Mosca que nunca chegou a sair), porque o livro insere-se na colecção Mercantologia, uma colecção da Chili Com Carne dedicada à reedição de bd's perdidas no mundo dos zines.
São bd's autobiográficas de Farrajota, publicadas entre 1995 e 1997, nos números (esgotados) 6 ao 12 do Mesinha de Cabeceira, antecedentes ao É sempre demais... (Lx Comics #2, Bedeteca de Lisboa; 1998), apresentam o grosso da exploração da autobiografia no seu trabalho. Género esse pouco habitual em Portugal, mesmo depois do "boom" e da implosão da bd portuguesa, ao qual o autor acabou por subverter e abandonar gradualmente.

E como na vida, há de tudo nestas bd's: sexo juvenil, amores de recorte Primavera/Verão, uso de drogas leves, vida suburbana em Cascais, relações sociais (envolvendo desde vários autores de bd a músicos como os Primitive Reason), deambulações urbano-filosóficas de quem andava à toa, rapinanços de conteúdos alheios (Mão Morta, Julie Doucet, Einstürzende Neubauten, Madman) e participações alheias de amigos - como acontece na bd Die Fliege II com textos de Miguel Caldas.
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volume 3 da Colecção Mercantologia ... 72p. p/b 21x22,5 cm, capa a cores, edição brochada ... com prefácio de Daniel Lopes e apoio técnico de Pepedelrey
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Apoio: Instituto Português de Juventude
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algumas páginas aqui.
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PVP: 8€ (50% descontos para sócios CCC).
à venda no site da CCC e na BdMania, Cave, Fábrica Features, Matéria Prima, Mongorhead, XM, Mundo Fantasma, Central Comics, Utopia (Porto), Ao Sabor da Leitura (Moura), Dr. Kartoon, Livro do Dia, Kingpin Books, Rastilho (mail-order), Shop Suey, Letra Livre, Neurotitan (Berlim), Casa Ruim (Torres Vedras), Para-Livro (King + Mercado da Ribeira), CDGO.com e Carpe Diem.
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historial: Lançado na 10ª Feira Laica ... Nomeado como Melhor Argumento Nacional pelos Troféus Central Comics
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feedback: Os meus sinceros parabéns por teres sempre conseguido pôr a alma a nu, sem concessões nem comiseração! Ondina, The Great Lesbian Show ... É excelente sem favor! Belo trabalho! João Chambel, co-autor de Heróis da Literatura Portuguesa ... os registos variam, da autobiografia à crítica ou ensaio sarcástico, a fantasias sexuais. Também em termos formais ultrapassa o desenho para explorar a colagem, faz citações a partir do uso de fotografias, bocados de outras b.d.’s (caso do período gigante da Julie Doucet ou capa do Kill Your Boyfriend), letras de música, cartões da J.S., que cruza com apontamentos do seu diário gráfico. Afonso Cortez-Pinto in Umbigo [ler aqui artigo completo] ... é o delírio, mesmo! excelente a tua ideia de compilares tudo e editares. dei comigo a rir sozinho enquanto via o teu livro (e a rever-me em algumas das situações ;) tens ali um documento de grande fôlego (e talvez seja o livro de BD menos pretensioso que alguma vez vi ;) e isso dá-lhe uma força brutal. agora é pensares numa compilação "não tavas lá?!" e coleção de discos UnDj... daqui por mais um 10 anitos!! Nuno Moita, Grain of Sound


+ feedback: Acho que agora te fiquei a conhecer perfeitamente! Eh, eh, eh! Tiago Guillul, FlorCaveira ... é necessário tomar em conta que os acontecimentos retratados nestes pequenos episódios, alguns solitários – a própria criação dos trabalhos, a masturbação, as migalhas, as paranóias dos charros, as fantasias mentais, as reflexões sobre a vida – outros colectivos – saídas à noite, festas, concertos, passeios, férias, conversas – vivem em torno de uma cultura noctívaga, de um certo grau de rebeldia em relação à imposição da “normalidade social”, de uma ansiedade em relação ao futuro e àquilo a que nos parece obrigar, que se revela no próprio modo de trabalhar a banda desenhada: os traços nervosos, a flutuação dos estilos, as complicadas ou grotescas composição de página, as inclusões de material alheio (...), as diatribes contra a “normalização” aventada acima, etc. Pedro Moura in Ler BD ... Gostei muito, irmão! Bacana! Jakob Klemencic, autor esloveno de férias em Curitiba! ... O livro está do caralho!! Lembro-me de uma ou outra coisa mas ler tudo de uma só vez é completamente diferente. Li aquilo em duas vezes e a meio já ganhava o hábito de andar a rodar o livro para ler as letrinhas no fundo e referências. Acho que as histórias funcionam bem melhor num todo do que fragmentadas! Gostei particularmente da do ano 2000, o pesadelo da droga (ainda sonho com isso!!) e aquela sobre nosso Portugal está brilhante (mesmo que tenhas gamado o texto!). A do Salão do Porto fez-me lembrar montes de coisas dessa altura, acho que esse foi o melhor festival que fizemos cá! Está tudo muito porreiro, desde a história das calinadas (hehe) até às desventuras amorosas. O problema da BD autobiográfica é o de se descobrirem os podres todos: vodka na cona é naquela... mas cartões do PS?? arrggghh Hei, quando é que sai o próximo?? Rui Ricardo, ilustrador ... parecem polaroids dessa década. muito fumo de charros, mão morta, fantasias na carreira do 414? sem guita, música em altos berros, existencial. um trabalho interno rico e muito interessante que não começa nem acaba com este livro. in thefootballer-vs-thepugilist.blogspot.com ... it's crazy. I liked it. It is something in between Andrea Pazienza and Edika MP5, ilustradora italiana ... pura “BD Gonzo”, híbrida entre o egocentrismo de Hunter S. Thompson e a semi-psicopatia de Larry David David Soares, escritor ... gostei do livro, acho que foi mesmo boa ideia compilar tudo numa mesma edição. Apanhei uma valente gripe (...) e as primeiras gargalhadas, foram provocadas pela leitura de tiradas tuas decorrentes das vicissitudes da tua lúgubre existência. A “tua dor de braço” ser uma possível doença psicossomática resultante da tua timidez, quase que me deslocava os maxilares. Paulo, Division House MAS COM RESPEITO AO TEU LIVRO, ESTA LIDO E DIGERIDO. (...) FIQUEI COM BOA IMPRESSAO DO AUTOR. UMA PESSOA HUMILDE, QUE DEMONSTRA CUIDADOS MUITO HUMANOS NO TRACTO COM OS OUTROS, ESPECIALMENTE COM AS MULHERES; QUE DEMONSTRA INTERESSES ALTRIUSTAS PARA ALEM DO CULTO DA POPCULTURE, UMA GRANDE QUALIDADE EM DEGENERAÇAO NOWADAYS; QUE DEMOSNTRA SABER COMUNICAR-SE COM O MEIO FISICO E SOCIAL INTERCAMBIADO AS SUAS FRAILIDADES E DEBILIDADES (UMA VEZES MELHOR OUTRAS VEZES PIOR É CERTO), O QUE O MANTEM NUM PROCESSO CONSTRUTIVO DE AMADURECIMENTO E CRESCIMENTO EXISTENCIAL MUITO VALIOSO; ESSENCIALMENTE DEMONSTRA GRANDES QUALIDADES PARA DOMINAR UM TIPO DE DESENHO LIVRE QUE EU PARTICULARMENTE APRECIO EM CONJUNTO COM O SEU GREEDY MEAN WAY EM QUE SE AUTO-CRITICA TORNAM O TEMA "EGOCENTRISMO" MUITO INTERESSANTE IN A FUNNY WAY, E ATÉ EDUCATIVO, E A LEITURA VIVA, RICA E ...ESSENCIAL! VERA SUCHANKOVA ... Gostei muito do teu livro, o periodo em que foram escritas as tuas histórias corresponde à altura em que vivi em Lisboa e identifico-me com muitas das coisas de que falas(música, timidez, charros, copos, filmes....) André Ferreira, Ao Sabor da Leitura / Goran Titol ... Back then, the guy was young; he thought important to write down the names of fave bands as many times as possible (the way less creative colleagues do on schoolbags and tables (...) occasional innovative solutions in using and combining words and pictures, that several times reach across the standard comic language in Stripburger #48... Bom, o pacote chegou (...) Caí primeiro no seu porque foi uma surpresa, não esperava por isso, não sabia que você estava preparando um livro e é realmente muito bom, ainda estou nele. (...) parabéns pelo livro. Fábio Zimbres
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Entretanto o pessoal começou a contar histórias de "coincidências das nossas vidas" que acho hilariantes - ler aqui a primeira.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Jesus é panasca


Não foi o Mike Diana que fez isto no Bairro Alto... Feliz Natalixo!

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Invisual 10.2 || RÁDIO ZERO

Esta Quarta, às 20h vai para o "ar-virtual", cortesia da famosa Rádio Zero, a décima emissão da "segunda temporada" do Invisual, um programa que pretende divulgar as promíscuas relações entre a banda desenhada e a música.
Produzido por
Marcos Farrajota, este programa terá como convidado especial Margarida Borges, ilustradora (autora do zine Gente Cega e do "nosso" desenho da Guestlist desta segunda temporada) e pertencente ao colectivo Hülülülü.
O programa deverá se reger pelas habituais pérolas e novidades ligadas à bd e à música e escolhas da convidada.
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É
repetido no Sábado, às 13h. Playlist: Dynamite, Sonic Youth, Fiona at Forty, Joy Division, Lustmord e The Whitest Boy Alive.

Podcast aqui depois da emissão.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Aurea Mediocritas

Roubando o nome do blog do Camarada Caldas, eis um "post" de discos que se foram acumulando por aqui nem sei bem porquê... Até sei porquê... a qualidade mediana dos ditos sujos auto-infligiram a sua perdição nas dezenas de CD's que pairam por estas bandas...
Still Alive (Anticon / Sabotage; 2007) do Dj Mayonnaise é uma seca de quem nos EUA não soube do fenómeno da Electrónica dos anos 90 vinda de Viena: batidas Hip Hop com camadas de sintetizadores, scratch pacífico e samples inofensivos que em 1997 ainda poderiam impressionar os incautos. Uma edição que mostra que a Anticon pode ser irregular apesar de ter um DJ com um nome porreiro para uma petiscada ligeira e uma posterior grande cagada - visão tão inevitável como ir parar à secção de segunda mão da Feira Laica, amanhã no Furacão Mitra.

Next, A Whisper In The Noise com Dry Land (Exile on Mainstream / Sabotage; 2007) é melancolia gótica sem de termos de pensar em vampiros e brumas mas mais próximo de um "Gótico Americano" na Era da Informação. Soa bem para um dia de Inverno porque cheira a erva molhada e bostinha ainda quente despejada pelos animais de uma quinta próxima. Os pianos suportam as vozes Xanax e o Rock minimalista ao longo 54 minutos gravados pelo Steve Albini. Tempo mais que perfeito para um álbum "light" para quem gosta de de depressão desfocada. Tudo certinho como é normal nestes tempos de "standards" que vivemos - excepto a explosiva música Sons (a faixa 6 - sempre a faixa 6 a melhor dos discos!) que soltam-nos da letargia. Acho que ainda ei-de ouvir este disco num dia mais calmo... só para ter a certeza que ele não é assim tão desprezível porque de vez em quando, eu sei, eu sei..., sou um bocado estúpido. Depois digo-vos algo, se me lembrar!

Por fim, som Black pela dupla Yes King via Rock This World (Grand Central / Time Warp; 2008). Uma cena tão manhosa como as estórias envolta das editoras que sustentam este disco - faliram porque não pagaram "royalties", no mundo "online" não se encontram as referências certas, enfim, quase que cheira a Casablanca. Depois é dezenas de participantes, alguns conhecidos como Dawn Penn outros novos talentos como Ayak que mais parece uma compilação de R'n'B, Dancehall, Hip Hop, Dance e Reggae para MTV mostrar. Uma faixa ou outra até não são más mas no global leva-me a perguntar como é que isto veio cá parar... Não tenho mínima ideia! Mas sei perfeitamente onde irá parar... Até amanhã!

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Mitra sound baby


A primeira semana do Furacão Mitra em termos de registos aúdio não me correu nada mal - se esquecermos o desastroso directo para a Rádio Zero. Primeiro veio-me prás mãos o vinil de 10" dos [f.e.v.e.r.], The Laptop Mixes (Raging Planet, 2008) que edita a passagem da banda pela sessão "3 pistas" comissariadas por Henrique Amaro e a Antena 3. Editado em vinil branco ao sabor de produção DIY para fã desnaturado... Interessante sem acrescentar nada de novo. O mesmo para o novo single dos Haxixins, Depois de um Lsd / Espelho invisível (Groovie Records; 2008) em vinil verde radioactivo... Radioactivo ou retroactivo? Conforme quiserem, são uma verdadeira máquina do tempo para gostava de ter vivido a Swinging London com o fuzz eléctrico das drogas... giro mas eu prefiro o Século XXI!
Depois houve Traumático Desmame com a banda a atirar k7's ao público - pertença antiga do Dr. Gama - apesar de estar a fazer um directo pró Invisual de alguma forma consegui uma k7 de 90m com Ancient Wisdom (Doom Metal chato) e Dark Funeral (Black Metal que ainda não ouvi com atenção). Troca feita com o Gama e resultou no Split-DVD dos Desmame com Josué o Salvador em Busca da Perdição (Useless Poorductions; 2008). Ainda não tive tempo para ver... o Furacão não tem sido Mitra mas tem sido um furacão na minha vida!

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Invisual 9.2 || RÁDIO ZERO

Esta Quarta, às 20h vai para o "ar-virtual", cortesia da famosa Rádio Zero, a nona emissão da "segunda temporada" do Invisual, um programa que pretende divulgar as promíscuas relações entre a banda desenhada e a música.
Produzido por
Marcos Farrajota, este programa será mais um especial em directo do Furacão Mitra em que pelo menos o polémico autor norte-americano Mike Diana será entrevistado.
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É repetido no Sábado, às 13h. Playlist: Albert Fish, Lobster, We Are the Damned, Karma to Burn, Te Voy a Matar e Euthymia + Kenji Siratori.
Podcast aqui depois da emissão.
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Já agora, fiquem com a programação musical desta semana:

--- Festival Rajada Famélica: dia 19: Löbo + The Sound of Typewriters ::: 3€, às 22h
--- DJ's: GoldenShower (dia 17), The Criminal Sound System of Great Jucifer (dia 18), Psiquiátrico (dia 20).

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Mitra, Mamede e Desmame

Mamede (Filipe Abranches + João Maio Pinto + Ricardo Martins) na inauguração do Furacão Mitra



Depois Traumático Desmame (Filipe Leote + João Gama + João Trovão)

Invisual 8.2 || RÁDIO ZERO

Esta Quarta, às 20h vai para o "ar-virtual", cortesia da famosa Rádio Zero, a oitava emissão da "segunda temporada" do Invisual, um programa que pretende divulgar as promíscuas relações entre a banda desenhada e a música.
Produzido por
Marcos Farrajota, este programa será um especial em directo do Furacão Mitra em que pelo menos o polémico autor norte-americano Mike Diana será entrevistado e se calhar ainda poderemos ouvir os Mamede - cujo um membro da banda fez o cartaz do evento ------>
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É repetido no Sábado, às 13h. Playlist: Traumático Desmame (ao vivo), Iron Monkey e Authopsy Protocol.
Podcast aqui depois da emissão.
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Já agora fiquem com a programação musical do evento:

--- Inauguração com Mamede e Traumático Desmame ::: gratis, às 19h

--- Festival Rajada Famélica
dia 11: I had Plans + Kill me Tomorrow (usa) ::: 5€, às 22h
dia 12: HüsqVarna + The Living Dead Orchestra ::: 3€, às 22h
dia 19: Lobo + The Sound of Typewriters ::: 3€, às 22h

--- DJ's: Ardo Zilef (dia 10), Festa FUCK 80's com GoldenShower e Slug (dia 13), GoldenShower (dia 17), Milkshake dos Campeões do Yé Yé (dia 18), Pirata (dia 20, a confirmar)...

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Invisual 7.2 || RÁDIO ZERO

Esta Quarta, às 20h vai para o "ar-virtual", cortesia da famosa Rádio Zero, a sétima emissão da "segunda temporada" do Invisual, um programa que pretende divulgar as promíscuas relações entre a banda desenhada e a música.
Produzido por
Marcos Farrajota, este programa terá como convidado especial José Feitor, ilustrador, organizador de eventos e editor da Imprensa Canalha. O programa deverá se reger pelas habituais pérolas e novidades ligadas à bd e à música, a continuação do "dossier Finlândia" e o ciclo de músicas dedicadas ao sub-anormal do Super-Homem com o tema Tails of the Unexpected retirado do álbum Music Frå Hybridene (Kirkelig Kulturverksted; 1997) dos Farmers Market.
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É repetido no Sábado, às 13h. Playlist: Mindflayer, Country Teasers, Cleaning Women, Mekons, Bob Sakuma, Pontos Negros, Modern Lovers e Camper Van Beethoven.
Podcast aqui depois da emissão.

30 000 macacos me mordam!


Lightning Bolt: Wonderful Rainbow (Load; 2003)
Mindflayer: It's always 1999 (Load; 2004)

É assim que se faz uma "cena": um armazém (um espaço!), um montão de gente que é permanente ou está em trânsito, e vontade de criar sem medos... Assim foi nos meados dos anos 90 até 2000 e qualquer coisa com o Fort Thunder de onde saíram vários artistas e músicos (des)alinhados pelo "brutismo" e o "ruído" do mundo Pop que vivemos.
Dos artistas mais conhecidos é sem dúvida Brian Chippendale - publicado em Portugal no zine Mesinha de Cabeceira - que não só é alucinante com os paus-lápis a fazer bd's lixadas como é com os paus-baquetas da bateria dos Lightning Bolt - e outros projectos. Pegar num álbum dos Lightning Bolt é poder ter acesso aos dois mundos: a capa e desenhos de interior do CD e claro com a rodela no leitor, a música feita de baixo e bateria - e de vez em quando uma voz qualquer de gnomo bêbado - que assaltam os ouvidos como um cabo de alta tensão que só os mais fortes conseguem resistir. Ainda podemos falar de Rock e acrescentar o Noise e o Improv assim como se Slayer fosse tocado por dois putos de 9 anos... É bom, é...
Mindflayer parece uma banda sonora para um jogo de computador ou aqueles de "Dragões e Matrafonas" (Masmorras digo!) não fosse a banda constituída pelo Chippendale (bateria) e Matt Brinkman (electrónica). Brinkman também desenha e faz bd "bruta" sendo conhecido - relativamente, por isso não perguntem a um "bedófilo" - o livro Teratoid Heights (Highwater; 2000) onde também poderemos descobrir a filosofia da sua música. A razão porque It's always 1999 parece um jogo de computador tem haver com a forma sincopada e a sensação de marcha ou de caminho que a música transmite - tal como na BD Teratoid assistimos a um percurso de um monstro - e talvez por isso que os títulos das músicas lembram também batalhas improváveis entre baleias ou criaturas fantásticas. Brinkman deve ser um "nerd" daqueles que passou a secundária toda a jogar Warhammer ou o Magic mas não foi "nerd" o suficiente para começar a tocar Power-Metal ou a desenhar bárbaros com machados. Invés disso temos Rock Noise de sabor de Providence / Fort Thunder, longe do discurso Rockeiro de Albini ou Sonic Youth (e essa geração anterior). Com o uso de electrónica de Brinkman mais facilmente parece que estamos numa festa Techno Hardcore do que um concerto Rock, apesar de não estarmos nem numa coisa nem noutra. É «nem carne nem peixe», claro! É carne radioactiva de Troll cheia de calorias lo-fi e sabor a aço!!!

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Invisual 6.2 || RÁDIO ZERO

Esta Quarta, às 20h vai para o "ar-virtual", cortesia da famosa Rádio Zero, a sexta emissão da "segunda temporada" do Invisual, um programa que pretende divulgar as promíscuas relações entre a banda desenhada e a música.
Produzido por
Marcos Farrajota, este programa terá como convidado especial Mário Freitas, dono da loja e editora Kingpin Books. O programa deverá se reger pelas habituais pérolas e novidades ligadas à bd e à música, a continuação do "dossier Finlândia" e o ciclo de músicas dedicadas ao sub-anormal do Super-Homem com o tema Tails of the Unexpected retirado do álbum Music Frå Hybridene (Kirkelig Kulturverksted; 1997) dos Farmers Market.
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É repetido no Sábado, às 13h. Playlist: André Ruivo, The Knife, Stalwart, Muse, Lightning Bolt e Minta.
Podcast aqui depois da emissão.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Invisual 5.2 || RÁDIO ZERO

Esta Quarta, às 20h vai para o "ar-virtual", cortesia da famosa Rádio Zero, a quinta emissão da "segunda temporada" do Invisual, um programa que pretende divulgar as promíscuas relações entre a banda desenhada e a música.
Produzido por
Marcos Farrajota, este programa terá as habituais pérolas e novidades ligadas à bd e à música, a continuação do "dossier Finlândia" e o ciclo de músicas dedicadas ao sub-anormal do Super-Homem com o tema Aryan Superman dos Gestapo SS retirado so álbum Vinlandic Stormtropers (Clawhammer; 2002).
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É repetido no Sábado, às 13h. Playlist: Cul de Sac, Black Flag, Zero à Esquerda, We Are The Damned, Rollana Beat, Big Black, Rapeman, Lighting Bolt (que nos visitam esta semana e ninguém sabe que o baterista Brian Chippendale faz bd e ilustração, como esta aqui do lado), Aavikon Kone Ja Moottori, Terveet Kädet,Death Trip, Kolmas e Leo Bugariloves
. Podcast aqui depois da emissão.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Invisual 4.2 || RÁDIO ZERO

Esta Quarta, às 20h vai para o "ar-virtual", cortesia da famosa Rádio Zero, a quarta emissão da "segunda temporada" do Invisual, um programa que pretende divulgar as promíscuas relações entre a banda desenhada e a música.
Produzido por
Marcos Farrajota, este programa terá as habituais pérolas e novidades ligadas à bd e à música, a continuação do "dossier Finlândia" e do ciclo de músicas dedicadas ao sub-anormal do Super-Homem com o tema Superman dos R.E.M. retirado so álbum Life's rich pageant (IRS; 1986).
A convidada desta semana é uma repetente Sara Figueiredo Costa, divulgadora de bd e ilustração, mais conhecida pelo seminal blogue Beco das Imagens - que já esteve no programa de 02.05.08 - e que irá seleccionar música.
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É repetido no Sábado, às 13h. Playlist: Bikini Kill, Black Flag, Diplomáticos do Monte Alto, Raúl Seixas,
Psychatrone Rhonedakk, Zbigniew Preisner, Terveet Kädet e Astor Piazzolla. Podcast aqui depois da emissão.
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Imagem de Angel de la Calle retirada do segundo volume de Diarios del Festival, diários onde o autor espanhol regista apontamentos sobre os festivais por onde vai passando.

domingo, 9 de novembro de 2008

Batcave


Almada, terra dos Góticos, uma prova fotográfica!

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Invisual 3.2 || RÁDIO ZERO

Esta Quarta, às 20h vai para o "ar-virtual", cortesia da famosa Rádio Zero, a terceira emissão da "segunda temporada" do Invisual, um programa que pretende divulgar as promíscuas relações entre a banda desenhada e a música.
Produzido por
Marcos Farrajota, este programa terá as habituais pérolas e novidades ligadas à bd e à música, a continuação do "dossier Finlândia" e o regresso ao ciclo de músicas dedicadas ao sub-anormal do Super-Homem com o tema Superboy da Nina Hagen retirado so álbum Nina Hagen Band (CBS; 1978).
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É repetido no Sábado, às 13h. Playlist: Blackalicious, Fucked Up, Alla Polacca,
Filii Nigrantium Infernalium, Entité Sonore Gangpol Inc., Miguel Mocho, Filipe Leote, Jack The Rapper, Donna Summer e Sielun Veljet. Podcast aqui depois da emissão.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

O amor é fodido


v/a: Loveradio 1 (Love / Siboney; 2007)
Wigwam: Lucky golden stripes and starpose (Love / Siboney; 1992)

Não há editora fonográfica que tenha tido mais importância na Finlândia como a Love Records - nem houve alguma vez um logótipo mais bonito como o dela como podem bem ver a obra-prima aqui ao vosso lado --------->
Criada em 1966, numa altura que a Humanidade pela primeira vez na vida se estava a divertir com montes de drogas e sexo, resistiu até ao final dos anos 70 tendo editado o melhor que se produzia, em termos musicais, na Finlândia: Rock, Prog, Jazz, Música de Intervenção, Étnica, Experimental... E é mais ou menos isso que recentes colectâneas em CD tem tentado mostrar com as suas diferenças. Se Arktinen hysteria (Love Records; 2001) era um documento sobre a vanguarda musical, com textos em inglês para chamar a atenção da importância da música finlandesa. Já os quatro volumes de Loveradio, que dos quais só arranjei o primeiro, o objectivo é interno, nostálgico para a geração dos anos 60 e 70 e revivalista para as novas gerações.
E se este será um produto burguês vulgar então teremos de nos preocupar com o gosto medianos português porque é absolutamente incrivel como é eclética esta(s) colectânea(s): música para "crooner casino 007" (Kaj Chydenius), Pop nas mais variadas formas: "easy listening" (Pepe & Paradise entre muitos outros), meio psicadélico com os Juice e Kaseva (estes últimos, os Beatles Suomis?), com o Tango à mistura (Tauno Paulo) porque o Tango é normal para aquelas bandas, bubble-gum (Kaisa Korhonen), ou acasalado com Rock da praia (Rauli "Badding" Somerjoki), Folk (Pihasoittajat), Prog com os Wigwam (na sua primeira fase; ver mais abaixo) e Tasavallan Presidentti. Quase tudo cantado numa língua para apenas 5 milhões de pessoas no mundo que a entendem. Há duas excepções que são os Hurriganes que parece mesmo saídos do Glam Rock britânico idiota, e o "enfant terrible" do M.A. Numminen a assassinar a língua alemã mais uma vez. Ainda há Jazz representado pelo Eero Koivistoinen Quartet. O disco é porreiro de se ouvir - se a rádio fosse sempre assim... -, nunca agride (excepto o sr. Numminen, claro!), com a vantagem de não se perceber as vulgaridades melodramáticas das letras.
A actividade da Love teve algum impacto internacional logo na altura ao ponto de algumas das melhores bandas Rock terem feito alguma carreira internacional como os Wigwam, a maior banda de Rock Progressivo da Finlândia, vinda das cinzas dos Blues Section, e que teve duas fases, a primeira entre 1969 e 1974, e a segunda entre 1974 e 1977. A fase deste álbum é a segunda, gravado em 1976, com letras em inglês e ao que parece, segunda as pesquisas na 'net, a banda era bastante mais Pop nesta fase. Algumas críticas que encontrei dizem que é um disco abaixo da média por ser demasiado "down" (?). Dizem que se não fosse pelo tema Eddie and the boys (que acho a pior faixa do disco) o disco seria demasiado melancólico. Enfim... acho que é um disco agradável de ouvir, datado como é óbvio mas talvez por ser mais obscuro é bem mais fixe de ouvir do que os Genesis, Dire Straits ou Supertramp. E para dizer a verdade parece bem melhor pelo pouco que infelizmente ouvi dos Genesis e afins... Para além de ter uma capa engraçada q.b.
Como se pode constatar, desde os anos 60 que daquele país se faz muita boa música, alguma "estranha"/experimental/free que irá continuar em editoras carismáticas como a Bad Vugum (actualmente BV2), Fonal ou Lal Lal Lal - para breve algo sobre esta última. E claro, claro que também há o reverso da medalha que é a música comercial - que por estar à escala global atinge uma estupidez ainda maior como alguns descendentes directos: Hanoy Rocks, 69 Eyes, HIM, Nightwish e vómitos afins. Não sei se é preciso de ouvir todos os discos da Love para perceber a música popular finalndesa mas pelos vistos só já me faltam uns 383 álbuns...

Troca de Discos || BAR DO BAIRRO

flyer de Jucifer


ÚLTIMA SESSÃO de Troca de Discos no Bar do Bairro, com o unDJ GoldenShower. Para quem não sabe do que se trata eis o Manual!

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Gémeos falsos


Ragga Twins: "Step out"
v/a: "Steppas’ Delight - Dubstep Present To Future"
(Soul Jazz / Sabotage; 2008)

Não há editora de música que relembre e respeite mais a música "Black" que a Soul Jazz... Se foram os discos de Reggae e Dancehall que lhe deram mais projecção, será injusto não referir às compilações ou reedições de discos de Funk ("über-cool" a recente colectânea New Orleans Funk : The Original Sound of Funk : Volume 2, que merecia um artigo só para ele), ritmos afro-cubanos (interessante o disco Tumba Francesa — Afro-Cuban Music From The Roots) e Voodoo, Disco, Soul (investiguem a compilação de singles das Sisters Love, Give me your love) mas também outras "danças" inesperadas como o Post Punk e No Wave, Tropicália e música electrónica em geral.
Não se sabe se é a Soul Jazz que controla o mundo ou se ela rege-se pelas modas mas cada vez que a editora pega em algo perdido na história da música urbana moderna, de repente parece que ela está a dar. Pelo menos é o que parece... quando pegaram no Acid e de repente ia jurar que o Acid tinha voltado. E se neste Novo Milénio, ou pelos menos nestes anos zero, parece que a recriação e revivalismo estão na ordem do dia, e se o Jungle parece que está aí outra vez, a Soul Jazz tinha de nos trazer tesouro cheio de singles e máxis raros dos Ragga Twins, que nos inícios dos anos 90, juntamente com os produtores Shut Up and Dance criaram a ponte entre o Reggae e o Hip Hop, o Jungle - e em paralelo e derivação o Drum'n'Bass, UK Garage, Dubstep, Grime,... Ouvi-los nos dias de hoje soa algo estranho porque o som é baço e naíf - quase que se já se pode falar em "e-vintage de estado 808" - o que poderá fazer delícias aos "e-nostálgicos". As vozes acabam por sobresair em excesso enquanto debitam "raggas"sobre a cena Rave e o clima social britânico da altura - que de alguma forma não é muito diferente dos dias de hoje.
CD ou LP duplo, Steppas' delight, ao que parece é uma edição de luxo para quem quiser saber o que é o Dubstep - digo «ao que parece» porque o que tenho são CD's promocionais sem as fotografias e textos que costumam acompanhar as edições da Souljazz, ficando reduzido ao acesso à música e à nota de imprensa. O problema dos promocionais é que estão com as faixas trocadas em relação às edições oficiais sendo um bocado labiríntico analisar a "coisa" - por outro lado, não é o propósito do Dub baralhar os sentidos para entrarmos "algures" noutra dimensão?
Claramente existe um fosso entre os "cromos" e os "novatos" que são separados pelos discos, sendo o primeiro melhor que o segundo devido à "creme de la creme" do Dubstep que o compõe, como os conhecidos Kode 9, Benga e The Bug (este último, aproveito para avisar que deve ser um dos melhores músicos deste início de Milénio). Juntamente com Shackleton e Search and Destroy tecem as barreiras deste (sub)género musical inventado no sul de Londres. E se a proposta da compilação é apontar futuros possíveis para o Dubstep, no primeiro disco já são feitos pequenos desvios-padrões com Unkle Sam (próximo do Reggae), TRG (quase Techno Minimal) e Seventeen Evergreen (quase que próximo de Rave). Ou Plastician que juntamente com Gatekeeper (no segundo disco) juntam o Grime à colecção.
É no segundo disco onde impera mais "confusão" - apesar da inclusão de "standards" como Ikonika e Shonk - indo para novas lóagicas como o do Hip-Hop (Joker), aquela mixórdia que foi Kruder & Dorfmaster - Vade de retro satanas não estamos nessa! - por Martyn, House-qualquer-coisa-merdosa de Geiom (c/ Marita) ou de Silkie, a natural perversão do Dub tradicional por Peverelist... enfim nada de Futuro muito radiante, diga-se.
A excepção deste disco passa por Gothtrad, o melhor do segundo disco, uma percurssão meta-espacial de assustar até os mais sóbrios, na direcção do Dub Industrial... mas espera, na edição ao público esta faixa está no primeiro disco! Hum... parece-me que quem tiver a edição normal poderá ficar com o primeiro disco e despachar o segundo. Ou então comprar a "colecção" Box of Dub : Dub Step and Future Dub (2 volumes também pela Soul Jazz) porque ao menos não há tretas e temos as participações de Digital Mystikz, Burial e Skream...

World coming down


O Externato Novo Calipso onde andei - 5º ao 9º ano - vai fechar amanhã. Mobílias e outros objectos estão a ser despachados, à venda por "tuta e meia". É provavel que uns parceiros meus irão lá buscar coisas para termos mobília para um espaço cultural a abrir em Janeiro 2009 - preparem-se! É estranho todo este processo de morte, húmus e nascimento.
Algures nestas fotos tiradas pelo camarada Seringa está o reflexo do meu professor de Matemática - e dono do colégio -, o terror da escola. O homem de barba e sempre de batina branco que todos respeitavam. Um homem de ferro para qualquer puto de 11 a 15 anos que andasse por lá. Ainda bem que foi lá o Seringa, não sei se teria coragem de voltar a este sítio e ver o meu ex-professor. Lembro-me de ir lá, à alguns anos, falar sobre bd aos alunos e achar que todo o sítio era muito mais pequeno do que aquilo que imaginava.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Invisual 2.2 || RÁDIO ZERO

Esta Quarta, às 20h vai para o "ar-virtual", cortesia da famosa Rádio Zero, a segunda emissão da "segunda temporada" do Invisual, um programa que pretende divulgar as promíscuas relações entre a banda desenhada e a música.
Produzido por
Marcos Farrajota, este programa marca o regresso às entrevistas a convidados com um repetido, o autor de bd e escritor David Soares - que já esteve na emissão de 16 de Maio.
Haverá pérolas e novidades ligadas à bd e à música, pelo menos uma delas ligadas à Finlândia.
...
É repetido no Sábado, às 13h. Playlist: Diamanda Galás, Depeche Mode, Miss Kittin, Mão Morta, Wigwam, Marduk e Suffocation. Podcast aqui depois da emissão.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Invisual 1.2 || RÁDIO ZERO

Esta Quarta, às 20h (NOVO HORÁRIO!) vai para o "ar-virtual", cortesia da famosa Rádio Zero, a primeira emissão da "segunda temporada" do Invisual, um programa que pretende divulgar as promíscuas relações entre a banda desenhada e a música.
Produzido por
Marcos Farrajota, neste programa haverá pérolas e novidades ligadas à bd e à música. Iremos à descoberta da Finlândia, reviveremos os Secret Chiefs 3 e o festival Boom (de bd! e em S.Petersburgo!), e saudamos os regressos a Portugal de Kriistina Kohlemainen (do festival SPX e directora da Bedeteca de Estocolmo) e o inglês Dave McKean (o respeitado ilustrador e autor de bd).
...
É repetido no Sábado, às 13h. Playlist: Secret Chiefs 3, Goran Kajfes, Machine Head, Front Line Assembly, algo da compilação de Hip Hop russo Cepesa Russia's nº1, Kari Kuuva e J.O. Mallander. Podcast aqui depois da emissão.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

From: Division House Tue, 14 Oct 2008 02:49:19 +0000 Subject: RE: sc3

Olá Marcos
Já li o livro... e gostei do livro, acho que foi mesmo boa ideia compilar tudo numa mesma edição. Apanhei uma valente gripe desde SC3, e as primeiras gargalhadas, foram provocadas pela leitura de tiradas tuas decorrentes das vicissitudes da tua lúgubre existência. A “tua dor de braço” ser uma possível doença psicossomática resultante da tua timidez, quase que me deslocava os maxilares. Coincidência das nossas vidas: na altura, fui de propósito ao Dramático de Cascais, para ver My Dying Bride. Por razões que já não consigo descortinar, acabei por apanhar uma monumental bebedeira de uísque com um puto de Cascais, e quando finalmente decidi ir para dentro, ao entrar no pavilhão ouço: “Thank you, Portugal, See you next time!” e já só os vi de costas. Até hoje... Vingo-me num concerto em DVD que tenho deles. Apesar de na altura já quase não ouvir Iron Maiden, após um grego algures pela zona, acabei por me consolar com os velhinhos Maiden. Na bancada... Entretanto uma besta arranca-me o piercing do nariz com o casaco e por pouco também o nariz, que não parava de largar sangue. Na saída, a policia “varria” todo a gente. Escondi-me atrás de uma roulote e consegui ir ao pavilhão e convencer um gorila a ir procurar uma coisa que tinha perdido. O lixo era imenso, e apesar das minhas tentativas, nunca mais encontrei o pentagrama. Entretanto, após insistência, disse ao gorila que andava à procura de um piercing. Quis me bater. Só filmes. A bebedeira não passava, e não conseguia vir acordado para ajudar o condutor. Perto de Coimbra, abro os olhos e vejo ele em velocidade máxima a fazer a estrada do outro lado dos separadores (na faixa contrária...). Perguntei porque o fazia, respondeu-me que era para se manter acordado. Pedi desculpas por eu não conseguir manter-me acordado e sugeri-lhe que parássemos. Disse que não. Limitei-me a fechar os olhos e pensar “Que se foda... é um dia como qualquer outro para morrer. Além disso não vi My Dying Bride...” Foi um dia como muitos outros, intenso e com doses industriais de vida, estupidez, sorte, vazio and so on...
Desculpa a descrição... Mas como também foi um dia que te marcou, tá-se...
Abraço
Paulo

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Invisual guestlist

Estiveram na primeira temporada (Out'07/Ago'08) do Invisual:

#41: autor inglês de bd Sam Wilson e a Rita Vozone (01.08.08)
#40: João Maio Pinto, autor de bd e ilustrador (25.07.08)
#33: Richard Câmara, autor de bd (06.06.08)
#32: especial Bandidos Desesperados Invisuais (28.05.08 / 30.05.08)
#31: Pepedelrey, editor e autor de bd (23.05.08)
#30: David Soares, escritor e autor de bd (16.05.08)
#29: Nuno Franco, jornalista e dono da loja Soundcraft (09.05.08)
#28: Sara Figueiredo Costa do Beco das Imagens (02.05.08)
#27: JCoelho (25.04.08)
#25: Ricardo Martins dos Lobster (11.04.08)
#24: Rita Braga (04.04.08)
#23: autor Pedro Zamith (28.03.08)
#22: autor/editor/impressor Lucas Almeida (21.03.08) e que fez o desenho do lado.
#18: Biu, Roberta, Stevz e Gomez do Bongolê Bongoró, e ainda o Pepedelrey (22.02.08)
#12: Jakob Klemencic e David Krancan da eslovena Stripburger (11.01.08)
#9: autor/editor italiano Alberto Corradi (21.12.07)
#8: unDJ GoldenShower (14.12.07, sessão de unDJing)
#1: autor/músico suiço Roman Maeder do Milk+Wodka (26.10.07 - gravado em Junho)

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

DEA report on "Troca de Discos com unDJ GoldenShower || BAR DO BAIRRO"

flyer de Jucifer

Outro fiasco de sessão de Troca de Discos em que até o paciente Gama ficou fodido. Ou porque o pessoal já não tem discos e não os quer carregar - viva os Ipods e a Digitalia! - ou porque é à Terça ou porque começa tarde, ou porque ninguém curte o GoldenShower, a verdade é que o pessoal não aparece... Claro que ainda troquei coisas, uma banhada como Rockin' House (Virgin; 2004), colectânea ElectroClash com nomes sonantes como Punk Division a pegarem nos White Stripes, Justice vs Simian, Miss Kittin, Audiobullys (o que é feito destes gajos?) e Fatboy Slim entre outras coisas para dançar entre o House mentecapto e o Rock fajuto...

O Gama foi um querido e ofereceu-me dois clássicos, o último álbum dos Cannibal Corpse com o primeiro vocalista Chris Barnes, The bleeding (Metal Blade; 1994) que é uma bomba escatológica de Death Metal pujante, e o obscuro Min Tid Skal Komme (Misanthropy; 1997) dos Fleurety, uma inesperada estranha banda noruegesa de Black Metal Progressivo - muito interessante! Bem porreiro as ofertas do Gama, dankes very muchas!
Com ele ainda troquei o primeiro LP da parvite da Nina Hagen (cujo lado B não é mau de todo, "Kraut Punk"?), um "best of" dos B-Thong (Crossover da Suécia a lembrar um bocado os Optimum Wound Profile) e o «primeiro single 7" de Noise português» (!?), Randomizer (Scion; 1997) de Plan.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

lalalalalala toing!

Mais boa música da Finlândia desta vez com as produções da Lal Lal Lal, editora de referência em questões experimentais e psicadélicas por aquelas bandas.

Começo com os Avarus, "banda da casa", uma vez que os seus criadores são os donos da Lal Lal Lal, e também uma referência elogiada pela Wired. O álbum Vesikansi (co-edição Secret Eye; 2006) é emblemático do projecto: tocado e gravado de uma vez só (aliás ao vivo no Lazybird Club em Dublin), é improvisado até ao tutano, provavelmente só com um microfone para gravar a barulheira industrialoíde feita sabe-se lá com que instrumentos tal é a estranheza que se ouve da rodela. Parte da estranheza deve-se ao facto que os músicos finlandeses tocam com qualquer coisa que lhes venha parar às mãos, desde paus de uma árvore a instrumentos musicais "oficiais" (estragados ou não) ou inventados - uma tradição de Histeria Ártica, diga-se de passagem - talvez por isso que há tantas fotos de morsas na embalagem, esses pesados animais árticos de pele enrugada. A capa cheira-me que foi pintada e montada por Roope Eronen do atelier de bd Kuti Kuti.

E por falar de instrumentos inventados e no Eronen. Neste caso, é mais instrumentos moribundos no projecto Nuslux e o o CD-R Triple (Ed. de autor; 2007) que é Eronen (dos Avarus e cabeça da Lal Lal Lal) a solo a torturar dois osciladores em curto-círcuito ligados a três copos de água. Os sons são estridentes e arrepiantes como se as máquinas tivessem aprendido a foder, ou pelo menos, a masturbar. Quando pensavamos que não se conseguia fazer mais música irritante... eis um finlandês espertinho para nos provar o contrário - um outro CD-R de Eronen ao que parece ele usava um moribundo sampler Yamaha a dar o pifo... Mas como diz o Merzbow «Noise para mim é a música Pop».

A Lal Lal Lal edita também vinil, arranjei dois singles:

Kompleksi: (I Ain't No) Lovechild / Moscow 1980 (2005) é Electro-Trash do pior feito por um duo da cidade de Tampere com pancadas por sex-shops (é Electro, certo? ergo sexo) e fetiche estalinista. Por isso quando os sintetizadores disparam somos levados para parvalheira kitsch retro-pimba que serve para lembrar como os tempos eram simples antes do muro cair. O disco é acompanhado por um cartaz A4 fotocopiado de uma colagem manhosa (estilo punk'zine) de glórias soviéticas. Alguém lembra-se do Misha? Exacto: Moscovo 1980...

Javelin: Oh Centra (2006) não são finlandeses mas sim norte-americanos de Providence - mas nada de Noise Rock por estas bandas! Também é "kitschtrónica" com aura de inocência infantil, que se deve em grande parte por causa da capa com gatinhos desenhados, aos sons 8 bits e às vozinhas de Estrumfes pastilhados. A cadência é muito Hip Hop, no entanto. Giro...
Curiosidade, quer Javelin quer Kompleksi soam bem em 33 ou 45 rotações... Creio que deve ser esta uma das vantagens de ter gira-discos.


Por fim, ainda nota para outra edição finlandesa, não da Lal Lal Lal mas que se insere em sintonia com as atitudes DIY e Improv que há tantas num país com metade da nossa população. Neste caso, estamos no campo do Jazz com On Duty (Kissankusi; 2007) dos Black Motor que é um CD-R ao vivo com quatro temas Free mais mal-gravados que os CD's do zine Galatic Zoo Dossier - o som está todo distorcido que parece um "bootleg" feito pelo puto mais ranhoso do planeta. De positivo é a energia da banda e o à vontade do trio para fazer versões quer de uma música do Billy Childish quer de Redd Stewart & Pee Wee King. Os finlandeses gostam de baralhar - experimentar é a palavra certa - e é por isso que gosto deles!

PS - Kiitos Roope Eronen e Tommi Musturi!
PPS - ficou de fora um CD dos Fricara Pacchu porque pretendo fazer uma tira a criticar o disco...

Emma Petit et al. (ed.): "Old Rare New : The Independent Record Shop" (Black Dog; 2008)

Os anglo-saxónicos editam grandes livros. A Black Dog edita grandes livros. E o problema de alguns "grandes livros" é que muitas vezes podem ser apenas bonitos de ser ver e folhear mas ao espremer a coisa, pouco sumo deitam cá para fora. Ao contrário de um disco vinil em que podemos mudar as rotações e acelerar a música de forma que ela (ainda) fique divertida, não se pode fazer um livro à pressa. Muita gente fala mal da indústria fonográfica e os seus fenómenos Pop nojentos mas esquecem-se que um livro também pode ser tão artificial como o 50 Cent – talvez pelo excesso de respeito pelo “Livro”, esse clássico da cultura, que os discos nunca conseguirão ter um IVA similar. Os Henry Potter podiam ser vendidos com um IVA de 20% mas as pessoas têm pudor em deitar o “Karl Marx era Satânico” (a não ser que se goste de bizarrias culturais) para o lixo ou queimar o “Como obter Felicidade na Vida” (qual deles?) ou o “SCUM” da louca da Valerie Solanas. Ei! Relaxem, alguns livros merecem destinos tão baixos como certos discos de músicas de Natal ou de EBM.
Não será bem o caso deste livro embora o luxo gráfico seja desnecessário para tão pouco conteúdo. Acompanhado com boas fotografias de lojas e proprietários e de reproduções de capas de discos (ora bizarros ora de culto mas sem qualquer catalogação ou referência intrínseca aos textos), o Design é bastante atraente e limpo para querermos levar o livro para casa mas infelizmente pouco serve de referência enquanto livro sobre música - o objectivo não é esse mas sinto que os volumes da Re/Search sempre estarão à frente de muita coisa que se edite. Old Rare New É na realidade um guia "deluxe" e burguês para quem quiser ir às melhores lojas dos EUA e de Inglaterra e que prega para os “convertidos”. Apesar das colaborações, em forma de crónica ou de entrevista, de James Dean Bradfield (dos Manic Street Preachers), Steve Krakow (o MEGA-cromo do zine Galactic Zoo Dossier), Devendra Banhart, Stuart Baker (da Soul Jazz), Billy Childish, Bob Stanley (dos Saint Etienne), Bonnie 'Prince' Billy entre outros, pouco sabem dizer mais do que lugares-comuns de quem colecciona coisas - neste caso, música disseminada em discos em vinil e em vinil apenas...
Lugares-comuns? Então são "as belas capas que só um vinil pode estar associado", "a tactilidade e ritualidade implícita do objecto", "o gozo em encontrar raridades enigmáticas", "as disputas entre coleccionadores", "as lojas excêntricas e caóticas repletas de discos ao ponto dos clientes terem dificuldade em encontrar o quer que seja a não ser que perguntem aos donos", "as histórias da génese pelo amor pela música (ou pelos discos)"… Enfim, talvez pelo formato “chapa 5” das entrevistas algo falha neste livro, transformando-o numa Grande Ode à Loja de Discos em Vinil pelos Nostálgicos Pós-Trintões. Pegar neste livro poderá ser uma descoberta para o jovem da geração mp3/download que nem sabe o que é um CD (que horror!) mas ainda assim ele poderá ter dificuldades em pegar nele porque também não sabe o que é um livro graças à TV, vídeo-jogos, áudio-livros ou livros digitais – e no fim de contas, é isto que satura neste livro é que os coleccionadores de discos esquecem-se que o gosto pela cultura é acima de tudo elitista - sempre foi e sempre será. Podemos ter um Bilião de GB de música no PC mas isso não fará da pessoa um melómano ou culta nem trará uma tragédia a toda a indústria fonográfica (editoras, bandas, lojas). Quem gosta música ou de cultura, no inicio pode começar a acedê-la pelos meios mais baratos (pobres ou democráticos como quiserem chamar) e mais tarde com a idade e rendimento adequado é que se procura meios mais nobres – por exemplo eu tive centenas de k7’s porque não tinha dinheiro para comprar discos. Se hoje fosse um jovem estudante faria o mesmo, tentaria conservar a música que fosse interessante e que eu prezasse ao ponto de querê-la ter num formato material como um vinil ou CD antes que o PC pifasse de vez. O resto, ou seja, as milhares de gravações e downloads ilegais de trampa Pop poderão desaparecer que até é uma bênção. O facto dos “putos de hoje não saberem nada” é um chavão de trintões ressabiados em perfeito conflito geracional não-assumido (os últimos pensam que são melhores porque já foram Punks ou uma merda pseudo-iluminada assim do género) mas quem gosta de Madonna tanto faz ter em mp3 ilegal ou o mesmo tema em vinil amarelo limitado a 500 exemplares, aliás, o mp3 é sempre mais barato e felizmente mais descartável - quem sabe quando a Humanidade desaparecer, a raça alienígena que visitar os restos mortais do planeta não encontrará tantos artefactos pirosos que nos façam diminuir culturalmente perante as outras raças do Universo.
O futuro dos discos e das lojas dos discos é várias vezes referido no livro pelos entrevistados, a maior vezes como uma calamidade de quem não sabe que há coisas mais importantes no planeta Terra. O alarme é estranho e deslocado, tal como na pintura ou outras artes, a música vive tempos de ruptura e de crise com fenómenos estranhos: desde de alguns músicos serem convidados a fazerem "curadoria" como se fosse galeristas - Festival All Tomorrow Parties - ou o mais estranho, e creio que noutras artes não houve nada assim, que se o Rock foi uma música rebelde, então o que se faz com uma geração baby-boomer de artistas rebeldes que nunca mais morre? Entre os Rolling Stones e o Ozzy, ainda faltam dois Beattles e uns três Bee-Gees... o resto anda cá tudo! Felizmente só os Punks Rockers tiveram mais dignidade em morrer mais cedo para não assistir ao coleccionismo e ao fetichismo dos rebeldes.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Alah Rocks!!!


Boris & Merzbow: Rock Dream (Southern Lord / Sabotage; 2007)
v/a: Waking Up Scheherazade: Arabian Garage/Psych 60's-70's (Grey Past?; 2008)

O Ocidente adora o Oriente sem o assumir e sabe que de "lá" pode aprender muito e até roubar ideias (de forma aborrecida) o que os Orientais inventam. Uma lista? Soka! Do Médio ao Extremo Oriente: Rock psicadélico,Tamagoshi, Haikus, Haxixe, Zen-Zen, Tao-tao, Mao-Mao, Buda-Buda, Dalai Lamas, Kama Sutra, 1001 noites, Dragonball, Ópio, Japanoise, Nusrat Fateh Ali Khan, Hello Kittie, e claro o "ultimate tantric orgasmatron": siga a sua vidinha quotidiana chata e um dia deste, quando menos esperar, leva com dois Boeings 767 nos cornos.
Claro que é um Amor não assumido, porque os Ocidentais vem a História da Humanidade quase que exclusivamente de forma eurocêntrica: houve chimpazés, homídeos, sumérios e múmias mas desapareceram excepto as últimas, depois veio a Grécia, Roma, o idiota do Jesus (que andou a chupar muito orientalismo pelos vistos), e o cataclismo-mor, ou seja, a Roma Católica. Depois os portugueses foram até ao Extremo, os italianos e franceses inventaram o "Humanismo", os ingleses a Revolução Industrial e os norte-americanos o Neo-Liberalismo e a TV por cabo... O resto do planeta sempre foi primitivo e não contribuiram em nada a não darem chatices e a matemática quando os árabes ainda não eram fundamentalistas... tá-dá! Não é um óptimo resumo de 200.000 anos de Homo Sapiens? Eu acho que é...
Entretanto os Ocidentais sempre aborrecidos têm descoberto que afinal os primitivos, manhosos do caraças, afinal até tem coisas boas e influentes sobre a nossa cultura do tipo, não haveria Death Metal sem África nem chamuças sem os indianos.
[falta texto aqui para fazer relação com o que foi dito e a resenha dos discos já seguir... que se lixe, estou de férias não me apetece escrever muito, fica assim mesmo!]
O primeiro disco é um "nuggets" de países árabes, a saber do Líbano, Algéria, Irão, Egipto no período de 1966 e 1972, ou seja na altura em que os países ainda não tinham apanhado com revoluções islámicas (como o Irão) e estavam abertas à Democracia e os "valores ocidentais". São 12 bandas e 16 faixas (4 bandas repetêm-se no lado A e B do LP) que usam o Rock e o som "étnico árabe" em perfeita fusão de estilos, embora algumas não fujam muito do "template" anglo-saxónico do Rock dos anos 60's como os Kool Kats. Alguns cantam em inglês, outros naquela algaraviada que ninguém entende. Cantam também na essência músicas de Amor excepto os libaneses The News que na letra fazem-se passar por habitantes da lua e à procura da Paz (é para rir mesmo). Destaque para os Sea-Ders (verdadeiros Beatles do Ali-Bábá e que em breve a Groovie irá reeditá-los), El-Abranis (detentores de um groove primitivo e quase assustador!), Morocco que foi gravado nos EUA e aproxima-se de um estereotipado Belly-Dance / Exotica mas com uma cavalgada Garage caótica, os Raks com o seu Raks Dance até podem estar a cantar que as formigas são giras e trabalham muito mas a malha deles é tão potente que quase apetece vestir um cinto de explosivos e suicidar-me para dentro de uma carrinha de transporte de putos israelitas; mas a melhor de todas é Kareem Issaq & Middle Eastern Rock (gravado também nos EUA) que mais uma vez numa língua incompreensivel usa um "fuzz" infernal e um andamento mortal, Besaha é o nome desta petita de ouro negro! O disco deve ser "pirata" mas é um verdadeiro "must have"! Não há nome de editora em lado nenhum embora uma investigação na 'net aparece a Grey Past como possível responsável. Por cá encontrei o disco na loja Vinil Experience. O disco, em vinil (claro está) é colorido - violeta psicadélico tal como é o triplo vinil dos "Merzboris".
Pelo menos a minha cópia dos "Merzboris" é também tal como outras 999 cópias sendo que eainda existem mais 1000 exemplares em vinil vermelho e ainda outros 800 a laranja... O que há mesmo é uma especulação sobre os produtos Boris, cheio de edições limitadas e tratamento deluxe - um tratamento auto-infligido ao que parece porque até convidam o mestre Merzbow a tocar com eles mesmo que os resultados sejam pouco interessantes. Não sei se é por culpa do vinil que se separa em 3 discos - o que equivale a 6 mudanças/interrupções para escutar o álbum todo - ou se das capacidades dos próprios protagonistas mas algo não funciona bem. Boris e Merzbow tocam ao vivo num clube em Tóquio, Boris com aquele Rock manhoso e o Merzbow a bombardear barulho digital sem que alguma vez haja uma símbiose das duas entidades. Talvez possa haver um momento ou dois interessantes mas no geral parece que temos uma banda de Rock de um lado a tocar os seus temas de sempre e do outro um gajo do Noise a tentar chamar a atenção ou a foder as músicas dos outros - como unDJ GoldenShower já brinquei também desta forma mas não editei nenhum álbum de luxo.

Obrigado a Jucifer pela prenda de aniversário Merzboris, e ao Pedro Stuka pelo maxi Motor-Momy-Army (Ed Banger; 2008) de Sebastian, um tipo electro-noise na onda de T. Raumschmiere.