quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Greg Milner : Perfecting sound forever - The story of recorded music (Granta; 2009)

 A razão que me levou a pegar neste livro foi a loja Flur, que vende o livro em Portugal. Enviaram o seu boletim electrónico promocional das novidades da loja, e nele dizia que havia a declaração de um entrevistado neste livro que afirmava que a música em formato digital fazia-nos mal, fisicamente e psicologicamente.

Dos cilindros de cera de Edison até ao Pro tolls, Milner apresenta a História da música gravada e como a própria música se tem modificado graças às inovações tecnológicas na captação de som, gravação, edição e promoção. As histórias que apresenta são seminais nas alterações de paradigmas de comportamentos das indústrias fonográficas, sendo que a questão de fundo passa sempre por saber o que é isso da música gravada?

Ela é captação da “alma” de um momento sónico ou a apenas a sua representação? E sendo uma representação pode ser alterada mil vezes em algo longe de qualquer som real original. Esta questão do que é o verdadeiro som começa logo na figura do “bluesman” Lead Belly, que foi puxado por uns para ser o representante tradicionalista do cancioneiro norte-americano e foi libertado por outros para se poder desenvolver como músico de vontade própria, capaz de se deixar contaminar por influências mundanas do seu tempo para regurgitá-las a seguir com o seu estilo e técnica própria, como aliás, é o funcionamento de qualquer artista. 

Esta epopeia do que é a música verdadeira chega aos dias de hoje com os Red Hot Chili Peppers e o seu álbum Californication, considerado como um disco demasiado “hot” – ou seja, com um som alto demais para “bater” mais  na rádio – e que criou polémica sobre o estado da “guerra do volume” em que vivemos. Curiosamente pelo CD estar demasiado alto, os controlos das rádios automaticamente baixavam o volume do disco ao ponto de passar a ser o disco mais “baixo” que se ouvia na altura.

A “guerra dos volumes” é razão porque deixei de ouvir rádio ou ver TV nos últimos 12 anos ou porque um elemento dos provocadores KLF criou o Dia Sem Música. Paradoxalmente é uma “guerra silenciosa” no sentido que ninguém se parece importar ou perceber como desde os anos 80, primeiro com as rádios e nos anos 90 com a tecnologia digital, todos nós somos violados por uma barulheira infernal em que tudo que é sonoro é puxado ao máximo, não só pelas colunas de som mas também pelas forma de compressão dos ficheiros digitais – o que o livro revela nuns gráficos é impressionante! Talvez por isso que a música desde de 1992 para cá crie cansaço e fadiga física. E talvez por isso que ela seja cada vez mais descartável e funcional servindo apenas como um pano de fundo pouco convincente.

Milner não toma posições neste livro, mesmo que dê muito tempo de antena ao Steve Albini. Quem souber quem é o sr. Albini bem pode imaginar o tipo de declarações que ele fará. Ou quando a tal pessoa que nos avisa que a música digital nos faz mal, na realidade pareça um doidinho que não consegue provar cientificamente do que diz, tanto nos faz porque lendo este livro vamos percebendo que pelo menos que veio dos tempos do vinil e k7 nunca mais poderá ouvir música como antes... Estranhamente não é preciso ser um trintão ou quarentão para perceber isso, até os miúdos dos ipods / mp3 já perceberam isso, quem escreveu uma petição online aos Red Hot Chili Peppers para que os seus discos deixarem de serem tão altos foi justamente um puto norte-americano...

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

terça-feira, 6 de agosto de 2013

D.L.K. The Hell Key #2 (Marc Urselli-Schärer; 1996)

Foi uma das muitas coisas boas da Feira Morta foi que alguém colocou na zona da segunda mão uma série de publicações dos anos 90. Entre várias World War 3 Illustrated (que saquei logo!), a revista Número (que não era boa nem na altura nem agora), revistas britânicas de novas tendências e zines de punk / okupa, encontrei este zine italiano de música electrónica / industrial / Dark.
É bilingue com uma letra minúscula de fazer confusão a qualquer quarentão e impressa em papel verde-nojo em formato A4. Cheia resenhas a discos e concertos ao vivo, entrevistas (aos Young Gods por altura do Only Heaven), artigos (sobre música electrónica italiana entre as décadas de 50 e 70) e claro, como qualquer fanzine que se preze está cheio de erros e gralhas, alguns hilariantes como "Depoche Mode" - uma vez tudo bem mas cinco vezes "Depoche Mode"?
O mais interessante acaba por ser o artigo sobre o projecto Luther Blisset, que nos anos 90 ao que parece também teve representação em Portugal. Trata-se de um projecto de uso múltiplo do mesmo nome para criar uma "mitopoesis" nos nossos novos tempos da hiper-informação. Curiosamente o Blisset ainda anda por aí a criar muitos danos manipulando os manipuladores da informação. B.I.Y.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Efeito Merkel



Michael Rother : Sterntaler (Polydor; 1984; orig.: Sky; 1978)

Encontrei este cromo do Krautrock (Kraftwerk, Neu!, Harmonia) pela segunda vez a solo - e curiosamente o encontro é com o segundo álbum, tal como o primeiro encontro tinha sido com o primeiro álbum numa pefeita coincidência cósmica entre a lixeira e a segunda mão. Desta vez foi na Feira da Achada há algumas semanas a 2 euros o LP... Talvez porque depois de um fim-de-semana no Milhões de Festa com dezenas de bandas Kraut ou Post Rock não haja paciência para mais disto. Não sei, não entra / convence / molha... ao ponto de no primeiro encontro nem ter feito o registo neste blogue onde costumo comentar todos os discos que me chegam...
A música parece infantil ou lembra más séries de TV, tanto faz, na sua Rockice germánica instrumental. O ritmo "motorik" ainda é naquela, as guitarradas xunguitas é que não. Será que vou cair na esparrela de ouvir o terceiro álbum no meu terceiro encontro?

Realmente não há paciência para alemães e branquelos, felizmente ainda apanhei lá na Achada, um CD de Carlo Jones & The Surinam Kaseko Troubadours (MW; 1995), que é uma mestiçagem de música Voodoo com o Jazz à Nova Orleães. Soa realmente a Caribe puro e duro mesmo que seja do país mais pequeno da América do Sul e onde se fala em holandês! WTF!? O mundo foi mesmo todo fodido por europeus que cheiram mal dos pés! Morte aos brancos!