sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

auto-pizza-noise!?


Na mesma altura que acaba este artigo e a leitura do Antibothis, onde participa o DJ Balli, numa tarde depois do trabalho, coloquei o vinil do "pizza noise" na aparelhagem e decidi telefonar a um amigo - estranha banda sonora para se estar ao telefone, né? Enquanto falámos aconteceu algo insólito, o som aumentou até ao máximo... se imaginarmos que se ouvia era Noise puro e duro, os vizinhos devem ter apanhado um susto tal como eu. Tive de ir a correr para baixar o volume, interrompendo a conversa... O estranho disto é que a aparelhagem não tem controlo remotos ou tretas do tipo, nem as gatas foram para cima da aparelhagem mexer no botão - com gatos nunca se sabe!
Enfim, um mistério que partilhei com o DJ Balli, ao qual ele respondeu: Maybe the artichokes in the quarter of pizza interphering with stereo indicators, simulate a sinusoidal margherita, ending in capioricciosa sounds coming from your speakers?!? Claro, só pode ter sido isso!

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Hemoreoidenziden



Shock Therapy : Cancer (Fundamental; 1990)

Mas não foi azeite de 70 que comprei na Artes & Letras, não senhor! Também algum cancro de 80s... Shock Therapy foi uma banda de Detroit que patinava entre um Rock Electrónico que tanto soa a Gótico como a Rock Industrial na linha das bandas da Wax Trax e afins. Não tem os extremismos experimentais dos Pigface nem o groove dos KMFDM, nem o carisma de Foetus ou o beat dos Sisters of Mercy. Apesar das letras escatológicas e lixadas soam a Pop daquela época, final dos anos 80 e principio dos anos 90, onde se pode meter numa caixa de "dance-rock" ou do "grebo" que apesar de serem fenómenos Pop britânicos até faz algum sentido uma vez que a banda gozou um culto enorme na Europa - sobretudo na Alemanha - e ignorância total nos EUA.
Comprei pela capa horrorosa e porque na verdade sofro de alguma nostalgia por estes tipos de sons pós-industriais popys - na livraria tem lá um giradiscos que dá para ouvir estas rodelas do tempo... Ah! uma das músicas é usada um texto do Charles Bukowski com a sua devida autorização pessoal. E já agora será que o tema Itchy Bitchy  dos KMFDM era dedicada ao vocalista Itchy (Gregory John McCormick, 1964-2008)? Who gives a fuck?

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Ursula K. Le Guin : "Os Despojados - Uma Utopia Ambígua" (Europa-América; 1983)

 Há mais de 15 anos que tinha lido um destes volumes - o primeiro creio - e até pensava que só havia um volume porque os anormais da Europa-América na altura despadaçavam os livros em vários volumes para ser mais próximo dos bolsos mitras portuguesas de 1983. Lembrava-me que o livro dava algumas estocadas na Anarquia, sistema social com o qual começava a desacreditar e a criticar no meio codificado dos Punks portugueses, curiosamente foi através de um publicista brasileiro que começei a ler literatura anarquista e não pelos meandros "underground".
Passados estes anos todos fui comprar os dois volumes aos leilões virtuais que existem por aí porque encontro-me a ilustrar textos sobre "Música e Anarquia" do Rui Eduardo Paes para um próximo livro a editar pela Associação Chili Com Carne. Não esperava reler (ou seria melhor dizer reler e completar?) este livro e achá-lo tão poderoso a nível de ideias. Através de um físico dissidente somos colocados a assistir as falhas de duas sociedades, uma parecida à Terra com as suas divisões de poder (sistema capitalista e um comunista à maneira da Guerra Fria ainda vigente em 1974 quando a autora escreveu o livro) e uma Lua com o sistema anarquista. São relatados os horrores (e alegrias) de cada um dos sistemas intercalados em capítulos sempre com Shevek (o tal físico) como unidade narrativa presente que irá desencandear abalos em cada um dos sistemas.
Brilhantemente bem escrito, em que a teoria anarquista é explicada em forma de ficção, Os Despojados, no "final-moral-da-história" mostra-nos que as ideias são as coisas mais importantes que temos, que nos contaminam as almas e que não podem ter proprietário. A prova disso é este livro, que anos depois de eu ter esquecido sobre a importância da Anarquia voltou a reatar-me por este tema tão actual e quente nos dias que correm - claro que o dispositivo real desta metanoia foram os textos do REP.
É importante voltar a falar e aplicar os princípios anarquistas porque apesar de toda a gente andar a discutir sobre meios alternativos ao capitalismo e ao sistema monetário parece que é preciso voltar a inventar a roda quando esta já circula desde 1840 - até parece que se esqueceu de usar a palavra, como é o caso dos filmes Zeitgeist. Pelo menos neste livro não há medo apesar das aterradoras capas... é realmente uma inspiração!

sábado, 19 de janeiro de 2013

CIA info 77.5

Rudolfo (a) e Marcos Farrajota (d)

Marcos Farrajota (a) e Rudolfo (d)
 Finalmente depois de meses passados em que tinha desenhado a BD pró próximo número do Prego que foi escrita pelo Rudolfo, ele agora acabou uma escrita por mim! A dele intitula-se O Rudolfo é (quase) Straight Edge e a minha não tem título... Depois do Rock'n'Roll são as Drogas!!! Há que as tome, há quem não as tome...
As nossas participações estão confirmadas após enorme selecção! E a capa está pronta pelos vistos:


sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

O Azeite de 70


Electric Light Orchestra : On the Third Day (Jet; 1973 - Warner; 1978)
Jan Hammer ‎: The First Seven Days (Nemperor; 1975)

A malta em 70s tripava bem, assim cheio de berlicoques e não como hoje que entra tudo em transe como máquinas apenas pelo excesso de medicamentos e de volumes de som. Tudo era mais calmo e à espera da reforma agrária... os ELO eram uma banda de Rock que se deve meter nos sacos do Prog ou do Art, tanto faz, é Rock convencional com ligaduras leprosas vindas de uma secção de cordas e um orgão circunsisado que lhe confere excertos e fusões com "música clássica". Tem alguma piada mas é uma coisa mole e balofa que podia ser comparada a Mahavishnu Orchestra mas estes últimos são músicos virtuosos que sabem tocar e que pelo menos no primeiro álbum estão cheios de tesão. Os ELO são gajos do Rock armados em intelectuais que não convencem tanto como isso, tanto que a carreira deles irá descambar para o Pop mais ordinário nos anos 80. Ao terceiro dia o Deus judaíco criou o quê? Os mares e continentes? Os ELO deviam ter esperado pelo sexto que foi quando "Ele" criou os homens...
E aparece o Jan Hammer também armado em homenageador da "Criação"... Sem querer depois descobri que este gajo esteve nos Mahavishnu Orchestra e também é conhecido pelos temas daquela xungaria de série de TV Miami Vice... É quase divino todas estas ligações né? Comprei estes discos na livraria Artes & Letras vindos da colecção do dono do estabelecimento comercial, em óptimo estado. A curiosidade era alguma e admito que este disco de Hammer até se ouve porque está cheio de sintetizadores a imaginarem o Universo, ou melhor, a ilustrarem a parvoíce do Genesis.  Raramente há ritmos no disco excepto umas congas quando se chega ao 5º dia que foi, para quem não se lembra (sem lugar para qualquer remorso religioso), o dia que "Ele" criou os animais. Na contra-capa do disco, Hammer gaba-se de não ter guitarras gravadas no disco. Há quem considere este disco pioneiro de Acid Jazz, não sei bem como ou porquê, por mim está nos "cosmos de câmara" com uma estrutura mental do Prog Rock, o que deve fazer molhar gente como o Ghuna X, Judeus e Cristãos drogados dos anos 70. É nice!

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Infecção Urinária de Balli

O ano passado voltei ao Crack… Desculpem, o ano passado voltei ao festival Crack!!! 

Trata-se de um evento 100% DIY – sem um chavo de apoios públicos ou publicidades a telemóveis ou cervejas- que em 5 dias juntam mais de 3000 pessoas a pagarem bilhete para ver alguns concertos mas sobretudo para descerem às catacumbas do Forte Prenestino para acederem ao melhor do que se faz em termos de BD e artes gráficas no mundo independente italiano – ah, esqueci-me de dizer que isto passa-se em Roma, sempre na canicula de Junho – e internacional – com montes de malta vinda sobretudo da Europa. O evento é uma espécie de Festival Rock de Verão mas para quem gosta de livros. Nesses dias ficamos suados, cheios de pó, bêbados e com as publicações mais maradas possíveis para carregar para casa... Como já tenho quase 40 anos, admito que já não tenho tantas costas Punk para aguentar estas orgias gráficas e por várias razões já não punha os pés desde 2009 – quando Portugal foi o país representado neste evento com a Associação Chili Com Carne a servir de representante máximo.

Voltei em 2012 e claro, como blasée que sou, nada me impressionou no campo das publicações mas o meu olho topou uma mesa que tinha o single 7” picture-disc Skatebored We Noize!! (2007)  de DJ Balli que tinha comprado em 2007 numa “infoshop” de Bolonha.

Editada pela Sonic Belligeranza , editora independente de música de produção electrónica italiana, é dirigida pelo DJ Balli. A edição é quase toda ela feita em “picture disc” numa lógica de divertimento visual tolo que este formato permite. O catálogo desta editora tem sempre tusa prá diversão, situação que poderá soar estranha mas realmente num mundo de sobreprodução a todos os níveis, como fazer em relação à música que está mais que explorada? Só se pode foder tudo...

O humor ou aspectos mundanos da vida parecem ser boas formas de contornar o problema e chegar a novas situações – o Noise feito por captação de exercício de skate parece tão boa ideia como um outro single de DJ Balli, intitulado Bally Corgan (2009), que “imprime” nos dois lados do disco montes de fotografias de DJ Balli e um texto a afirmar: People in the streeeet say I look liké Billy CorgAn but I’m not Billy corgan, I’m BALLY CORGAN, I don’t do poetry, I do my horribleeeee n+oizes………. Há malta que diz que o DJ Balli é parecido com o vocalista dos Smashing Pumpkins e ele aproveitou para fazer este single manhoso de Noise em que por pouco se percebe um excerto de uma música da banda norte-americana. Soa mesmo a abóbora esmagada, coisa que os Smashing nunca conseguiriam fazer. Aproveitei para dizer ao Balli que estava lá no Crack que parecia o Grant Morrison, o escocês super-star da indústria norte-americana de BD... Espero que Balli a seguir faça um “Grant Ballison” com um disco invísivel. Topam?

Billy Corgan, Skates,… que mais poderá editar esta Sonic Belligerenza? O músico N. (Nothing, Nihilism, No,…) pegou no som do “nada” para criar o CD Memories from before being born (2005) que apanha o ruído de dois leitores de K7s (com k7s virgens a rodarem) que é processado por uma série de maquinaria (sintetizador, modulador de frequência,…) para chegar a uma série de peças ambientais irritantes e desnorteantes a roçar o Noise. O “nada” é Noise? Sei lá, que venha um académico explicar isto! As imagens do disco foram gamadas a livros de propaganda da Igreja da Cientologia ou coisa que nos valha… Mais humor podre? Sim!

Do criacionismo viramo-nos para o Grande Cabrão Satã com o LP Extreme 8 Bit Terror (2011) que junta uma série de produtores electrónicos de 8 Bit / chiptunes para fazerem versões de temas de bandas de Metal. Abre logo uma rapsódia de temas de Iron Maiden (por Mat64) que prova que o que os Iron sempre quiseram fazer foi músicas para consolas e não Rock para encher arenas. Provavelmente nunca tiveram a tecnologia para o fazer, e depois de ter sucesso a encher pavilhões enormes, cagaram para isso e continuaram a fazer a treta que sempre fizeram. Há ainda versões de Slayer (claro!), Napalm Death, Regurgitate e ainda duas bandas italianas refundidas dos anos 80, Bulldozer e Vanadium – graças ao bom mau-gosto de Pira 666, Micropupazzo e DJ Balli. Para quem é agarrado aos jogos e ao Metal esta é a “banda sonora” indicada! Já tá tudo marado?

Não, não! Então? Há mais! Sendo esta malta italiana só faltava um disco sobre pizzas, certo? 

Certo! 4 Seasons Pizza (2009) reúne 4 temas de “noisers” internacionais, a saber: DJ Balli, Bruital Orgasme (da Bélgica), Zr3a (Japão) e System Hardware Abnormal ‎(do Vaticano!? Nãããã… nesta não caiu!) que num lado do vinil tem as suas faixas separadas como qualquer outra colectânea, e no outro lado do vinil, esses mesmos temas estão misturados num tema só – numa mega-mix Noise! Soa mesmo a barulho e sabe pouco a queijo derretido…

Por fim, acho que é melhor relatar a faceta mais funcional da editora embora o LP Zombiefleshtheater (2006) do alemão Zombieflesheater é todo ele Breakcore que não é propriamente o som mais funcional do planeta tanto que ainda não percebi em que rotações prefiro o disco, se em 33 ou 45, bah! É para soltar a franga, bute!

E prontos! Resta dizer que o DJ Balli contribui para o novo volume (o quarto) da antologia Antibothis (Chili Com Carne + Thisco; 2012) com um texto de como viajar no espaço sem uso das velhas ideias de Newton e sistemas de propulsão nazis (os misseis V2)… Como? Vão comprar o livro (que inclui um CD ) ou querem que vos conte tudo? Ma che cazzo vuoi!

sábado, 5 de janeiro de 2013

Love Hole



After almost two years of being serialized in LODAÇAL COMIX, and shocking some readers with it’s ego-tripping-misogyny-homophobia-hate-fueled character Josh, Afonso Ferreira's LOVE HOLE gets a disgusting treatment and is compiled into a book.
This is a Chili Com Carne and Ruru Comix co-edition, the 6th volume of Mercantologia  collection, dedicated to reprinting lost material from the zine world. Supported by Instituto Português do Desporto e Juventude 

IN ENGLISH
Two color cover + one (red) color 48pages. 
Offset edition of 666 copies. 
ISBN: 78-989-8363-17-6
Cover price: 5€ (50% discount for CCC associates, stores and journalits). It can be purchased in CCC online store, Ruru Comix, Ediciones Valientes (Spain), Matéria Prima, Livraria Sá da Costa (Rua Garrett, Lisbon), Trem AzulMundo FantasmaNeurotitan (Berlin), Fábrica FeaturesArtes & Letras and Letra Livre. Soon in Purple Rose Erotic Shop...