sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

E perguntam vocês: "porque é que The Bug não 'tá nos melhores de 2014?"


Sempre a defender The Bug como um dos músicos do milénio, o gajo lança o LP Angels & Devils (Ninja Tune; 2014) e não aparece nestas listas parvas? Como se explica isto pá?
Poisé! Mas é possível quando se sai desiludido de algo... mas isto não são arrufos de namorados... ou talvez até seja. É assim, acho que é um álbum burguês... invés de o gajo ter ido buscar aqueles MCs todos ganzados dos Narcóticos Anónimos como nos discos anteriores, foi buscar a nata da música actual: o gajo dos terroristas Death Grips, a sobrevalorizada Grouper, o camarada Justin (Godflesh / Jesu) que juntos fizeram God, Ice, Techno Animal e Curse of The Golden Vampire (ou seja, só coisas boas!), o fantasmagórico sonsinho do Gonjasufi, etc... e na realidade parece um colectênea com faixas de Death Grips (embora estes já estejam muito mais à frente do que The Bug fez com o vocalista!), de Jesu ou Godflesh "remisturado", de Grouper, de Gonjasufi, etc...
E isso é mau?
Não caralho! Mas o que queria era um álbum de The Bug! Outra coisa irritante é ouvir este álbum na versão LP, em vinil - na realidade um desperdício industrial e atentado ecológico para quem parece estar tão preocupado com a destruição irracional do mundo! O álbum tem cerca de 48 minutos e talvez seja verdade que se fosse só uma rodela de vinilo a coisa poderia ter menos qualidade sonora com a compressão / impressão do disco. Resultado, o álbum foi separado em dois discos 12".
O gajo devia ter tirado um minuto ou dois nas músicas para caber tudo num disco vinilo, é isso?
Tentem ouvir em casa um disco em que de 7 em 7 minutos temos de ir mudar de lado... A mim parece-me insensato fazer isto quando desde o Punk que os músicos podem definir com liberdade a sua música e o formato onde ela irá ser editada. Num mundo imaterial que é esta nossa cultura digital, fazer álbuns com 3 faixas ou 33 parece ser o mesmo porque a circulação de ficheiros será sempre caótica - como alguém afirmou, voltamos aos tempos do "single" porque as pessoas num álbum podem escolher só ouvir uma música / faixa que gostem. Mas se The Bug queria fazer disto um vinilo então deveria ter pensado um bocado, não? Já que pensou em grafismo tão "state of the art" prá capa... É que parece que caiu neste fenómeno que poderia-lhe chamar de "vanity vinyl press" que à três ou quatro anos para cá, trouxe a ideia que para a música ser boa é preciso que ela esteja editada em vinilo - der por onde der...
Mas o álbum é mau?
Não, como poderia ser? É THE BUG!!! (mais ou menos) E é verdade que ouvir Angels & Devils em vinilo sai de lá muito mais bujarda do que em digital! O gajo é um dos masters da música Bass, Dub, Dubstep,... - mas deixou o Dancehall para trás, e isso não dá para perdoar! Isso ainda é piro que pensar que afinal estou a ouvir o Gonjasufi a lacrimejar...