terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Dear 2019

foto: Simão Simões.
Marcos Farrajota curte Freaker Unltd#6 após visita a excelente exposição Sunshowers.
Sem tretas, ao contrário do Pinóquio-Led que está a engrupir a dama num jantar nada romântico na merda da Lx Factory

- Ian F. Svenonius : Censorship now!! (Akashic; 2015)
- Charlotte Salomon : Vida? Ou Teatro? Charlotte Salomon. Berlim, 1917 – Auschwitz, 1943 (Museu Colecção Berardo) + Life? Or Theatre? (Taschen; 2017)
- Halfdan Pisket : Dansker (Presque Lune; 2018)
- Pietro Citati :  Israel e o Islão : As Centelhas de Deus (Cotovia; 2005)
- Ian F. Svenonius : Supernatural Strategies for Making a Rock 'n' Roll Group (Akashic; 2013)
- Zen : The Privilege Of Making The Wrong Choice (Rastilho; 2018 - orig. 1998)
- Olivier Schrauwen: Vies Parallèles (L'an 2 / Act Sud; 2018)
- Jafar Panahi : Dayereh / O Círculo (2000)
- Bill Griffith : Zippy Quarterly #1-18 (Fantagraphics; 1993-98)
- Mark Beyer : Agony (NYRC, 2016 - orig. 1987)
- Ema Gaspar (curadoria) : Sunshowers (5 Jan - 3 Fev; galeria da Ler Devagar)
- Beherit : Electric Doom Synthesis (KVLT; 2017 - orig. 1996)
- Mark Greif : Against Everything (Verso; 2017)
- Seth : Clyde Fans (Drawn & Quarterly)
- Enda Walsh : Ballyturk (Artistas Unidos; 16/04)
- Rafael Álvarez, "El Brujo" : Ésquilo, nascimento e morte da tragédia (Festival de Teatro de Almada)
- Marcel Schmitz e Thierry Van Hasselt : Vivre à / Living in FranDisco (Frémok; 2018)
- Amedeo Bertolo : Anarquistas e orgulhosos de o ser (Barricada de Livros; 2018)
- Ethel Grodzins Romm : The Open Conspiracy: What America’s Angry Generation is Saying (Avon; 1971)

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Tal como na BD...


Onde quer que um gajo pare, há sempre malta cheia de boas intenções. Olhem na BD portuguesa cheia de tótós a quererem a expandir o medium mas completamente ignorantes da sua história ou do mundo. No Rock idem idem aspas aspas. Em 1997 nem dei por este CD duplo Biografia Pop/ Rock pela Movieplay. Talvez não teria sido tão entusiasta das colectâneas Portuguese Nuggets há mais de 10 anos atrás se soubesse que já havia esta reedição de bandas rocks portuguesas dos anos 60 e 70 - e 80! 
A selecção é quase aleatória, tanto entra "garagice" dos anos 60, como "Progrissice" dos 70 e depois o "Rock Português" dos anos 80 sem nenhum percurso cronológico, tudo embalado em cores flúor de música Rave - porquê? Para apanhar a nova geração da altura? E é dado também um toque de modernidade com um remix Hip Hop no final do segundo CD com o tema dos Pop Five Music Incorporated que abre o primeiro CD. Smart! Assim temos UHF entre slows de amor dos 60, psicadelia dos Psico com uma versão do Bailinho da Madeira (vomitante) e até Skasada (Rock & Várius) e New Wave (Corpo Diplomático) tudo no meio dos Twists e Hully Gullys dos 60. Uma caldeirada à portuguesa!
É quase insuportável ouvir qualquer um dos CDs de tal confusão de temas, cronologias e estilos - não que não aprecie salganhada, muito antes pelo contrário - mas numa colectânea com a importância de prestar serviço público (a História do Rock português) não corre nada bem... E daí, o que interessa mesmo? As letras são lamechas, pueris ou ridículas, afinal de contas estamos no mundo do Pop descartável em que tudo é húmus para servir de repetições insípidas no futuro - basta ouvir esta selecção que "engrandece" a música portuguesa...

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Xenotopia


De tudo de excelente que se pode dizer de Musique de France (Crammed; 2016), álbum de estreia dos Acid Arab, o melhor ainda é o próprio título. Estes dois produtores electrónicos que assinam o trabalho são franceses (um até é luso-descendente), são branquinhos, são europeus e usam músicas orientais com música electrónica de dança ocidental para melhorar ambas. O título não deixa margens para acusações de apropriação cultural pós-colonial.
O fascínio pelo lado arabesco por europeus não é novo, relembro os nossos Çuta Kebab & Party ou o confuso Muslimgauze, ou ainda indo aos pioneiros Byrne & Eno. Da mesma forma que se encontra o inverso como Ahlam ou Maurice Louca... O que vale é que aqui estamos no "state of the art" deste "género", acho que nunca se ouviu de forma tão nítida e bem produzida este híbrido, que faz todo o sentido se misturar.
Em parte percebe-se que há também uma comunidade de músicos do médio-oriente a ajudá-los como Rizan Said (ligado ao Omar Souleyman!) ou Rachid Taha. Entretanto saiu o novo disco deles com mais participações "genuínas" para os que se preocupam tanto com a pureza das coisas...

sábado, 14 de dezembro de 2019

E Justiça para todos...


Cupid in Reverse (Plastic Head; 1990) é o segundo LP dos The Justice League of America e está classificado no Discogs como Gótico e Post-Punk. Qualquer pesquisa que realize sobre estes gajos ou dá, claro, desenhos animados de super-heróis ou o disco à venda em qualquer lado. Eis a 'net em 2019, a minha pesquisa já deve estar viciada ou por ser uma banda obscura q.b., não se pode encontrar nada mais. Também há sempre a probabilidade de a banda ser medíocre e ter tido uma carreira pouco ou nada interessante que alguém se tenha dado ao trabalho de escrever sobre ela. O disco não é mau de todo, pedaços de Rock Industrial, Indie e sim Gótico... assim todo distribuído sem nunca alcançar um momento alto. Assim como a Internet...

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Renda barata e outros cartoons de Stuart Carvalhais n'A Batalha



...

livro co-editado pela Chili Com Carne e o jornal de expressão anarquista A Batalha - no âmbito do seu centenário.

Quando o nome de Stuart Carvalhais (1887-1961) é referido pela segunda vez no diário A Batalha, a 22 de Fevereiro de 1921, dificilmente se poderia augurar um futuro radiante para o cartoonista nas publicações periódicas ligadas à Confederação Geral do Trabalho. Nessa data, o jornalista Mário Domingues escrevia as seguintes linhas: “O sr. Stuart de Carvalhais, colega de Jorge Barradas, sujeito como este a ser amanhã vilmente caluniado por aqueles que ora o afagam, não se envergonhou de aceitar apressadamente o cargo de director do ABC a rir, sabendo como foi injustamente tratado o que o antecedeu. O sr. Stuart Carvalhais julga os seus actos como entende, bem sei; procede a seu bel-prazer. É possível que considere correcta a sua acção. Eu, porém, classifico-a simplesmente de traição”. (...) Apenas dois dias depois, Domingues retratar-se-ia deste duro julgamento. Alegadamente, o Barradinhas teria mesmo merecido ser despedido, mas isso não impediu o jornalista de sublinhar que “no lugar do sr. Stuart, não [aceitaria] esse lugar, não porque isso acarretasse para [si] rebaixamento moral, mas porque esse acto poderia fazer crer ao público, desconhecedor dos bastidores da questão, que não tinha sido leal a sua forma de proceder”. 

Por esta altura, o percurso de Stuart estava ainda afastado do periodismo libertário (...) tinha já colaborado proficuamente no Século Cómico, O Zé, Gil Blas, A Lanterna ou na Ilustração Portuguesa. Em 1914, contribui para o monárquico O Papagaio Real, sob a direcção artística de Almada Negreiros. No ano seguinte, regressa ao Século Cómico, onde inicia a série «Aventuras do Quim e Manecas», e em 1920 junta-se a Barradas em O Riso da Vitória. Depois de se tornar director do ABC a rir, colaborará no ABC e no ABCzinho. Até que se chega a 1923, mais precisamente a 30 de Novembro, e logo na primeira página do n.º 1539 de A Batalha pode ler-se: “Inicia hoje a sua colaboração em A Batalha o conhecido caricaturista e nosso prezado amigo Stuart Carvalhais, cujo lápis exímio e irreverente irá dar aos nossos leitores monumentos de incomparável prazer. Stuart Carvalhais, cujo mérito está acima dos nossos elogios, principia a sua colaboração no nosso jornal com uma série de desenhos, plenos de graça, de comentário ao caso da falsificação dos bilhetes de Tesouro, que tanto tem dado que falar”. 

Os diferendos entre Stuart e a redacção do jornal estariam, agora, plenamente sanados, iniciando-se uma colaboração de três anos com a Secção Editorial de A Batalha. Durante este período, não houve periódicos que tenham recebido mais contributos de Stuart do que o diário, o Suplemento Literário e Ilustrado de A Batalha e a Renovação. Significa isto que Stuart se teria convertido à Ideia anarquista? Ou que teria passado por uma fase monárquica, por ter colaborado em O Papagaio Real e na Ideia Nacional, de Homem Cristo Filho? Provavelmente o mais sensato será rejeitar qualquer uma destas conclusões apressadas. Talvez Osvaldo de Sousa não esteja muito longe da verdade quando afirma que “Stuart era um céptico na política, um anarquista na destruição ideológica e um político-desenhador na expressão do sofrimento, miséria e vida do povo”. 

(...) Ao viver de avenças, de uma produção de uma “média de 15 desenhos por semana”, certamente que não se pode afirmar que Stuart foi, pelo menos nesta década de 1920, “um homem livre” (...) Stuart foi um fura-vidas, que provavelmente viu nas publicações de A Batalha uma forma de se sustentar a si e à sua família e também um conjunto de jornais e revistas que seriam a casa natural para receber o seu golpe de vista impressionista sobre a desigualdade, a exploração infantil, o desemprego, a fome, a crise da habitação, a mendicidade, a prostituição e a questão feminina. 

(...) Apesar de a colaboração de Stuart se iniciar no diário A Batalha, no qual publicou 23 cartoons até à edição de 25 de Dezembro de 1925, é no Suplemento Literário e Ilustrado de A Batalha, fundado em Dezembro de 1923, que se podem encontrar mais trabalhos gráficos da sua autoria. Ao todo são 66, entre cartoons e ilustrações. 

(...) Stuart não mais regressaria aos periódicos de A Batalha, que passavam por uma situação interna complexa: além da instauração da ditadura militar (...), a direcção da secção editorial estava sob fogo do jornal O Anarquista, que acusava os colaboradores do Suplemento, do diário e da Renovação de serem jornalistas profissionais, sem ligação ao meio operário. (...) Não será displicente considerar-se que esta também foi uma das razões para que Stuart não mais emprestasse a sua caneta a A Batalha e que aqui terminasse a sua aventura libertária: à sua espera estava agora a redacção do Sempre Fixe, que o acolheu até à sua morte em 1961. 

 As várias monografias acerca da vida e obra de Stuart (...), pecam todas pela quase total omissão da sua passagem pelos periódicos libertários. Se estas falhas são voluntárias ou mero desleixo pouco interessa aqui, mas certo é que as breves e raras menções a esse período se resumem a um punhado de reproduções gráficas, a considerações genéricas sobre o seu “anarquismo de rua”(?), tudo enquanto se aflora en passant que o autor também fez uns bonecos para as publicações libertárias. 

(...) Sirva então este modesto livro para dar melhor conta, a um tempo, da riqueza múltipla do trabalho de Stuart, sem no entanto cair numa ardilosa hagiografia do seu papel autoral, nem reivindicar uma actualidade que cabe apenas a cada leitor avaliar. E, por outro lado, para mostrar como Stuart foi, entre muitos, um importante contribuidor para a feitura da obra colectiva e centenária de A Batalha. - António Baião no prefácio do livro

domingo, 1 de dezembro de 2019

Olive Metal


Os metaleiros são hipócritas como se sabe, andam sempre a arrotar postas de pescada e a perseguir quem é ou não "True" e isto e aquilo mas assim que há uma nova tendência no mercado da música pesada, viram-se logo para ela. Estes Earth Electric nitidamente surfam sobre a onda retro-metaleira criada pelos Ghost e o seu Metal para donas-de-casa. Não haja dúvidas sobre a qualidade instrumental de Vol.1 : Solar (Season of Mist; 2017)! É Hard Rock pesadão com uns sintetizadores ácidos, guitarradas bem rasgadas, uma bateria energética (como aliás, já não ouvia há muitos anos do Camarada Martins) e breaks de quem sabe. Som do caraças! Mas cada vez que oiço aquela vozinha de virgem da Carmen Simões lembro-me que o problema não é chupar os anos 70 mas antes o Gógó Metal dos anos 90. Vade retro! Ah, o disco acaba com um ripanço à Michael Gira porque os metaleiros passaram a ouvir Swans há 15 anos para cá...

sábado, 30 de novembro de 2019

Tipo... não!


Pensava que os Type Non seriam daquelas bandas (projectos?) com centenas de discos e k7s obscuras, afinal de contas, até tem um disco editado em Portugal pela Simbiose. Pois, é o segundo disco / álbum / CD... e o último! 
O primeiro é este Phantasmagoria (SDV; 1991) e que dizer sobre isto? 
Não!
Caramba nem sobre os gajos dá para encontrar o quer que seja na 'net mas lembro-me de vários anúncios sobre o grupo no jornal Blitz. A História espezinha qualquer um, não? 
...
Há faixas que parece Residents, outras Dead Can Dance e de forma geral Thobbling Gristle porque tudo que é Electro e Industrial é TG até prova contrária... O segundo disco era ainda mais Dark do que este, e prontooooos, é isto...

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

CRAZY!


O sítio onde meti música pela primeira vez reabriu e com toda a pujança! 
Sim, fica em S. Romão, Seia, Serra da Estrela. 
Chequem Oráculo Bar se forem para aquelas bandas!

Não estava lá em 1989... talvez em 1994...

Café Estádio from paulo abreu on Vimeo.

terça-feira, 12 de novembro de 2019

Amusing regime uvula


Existem ainda lojas de discos na Lisboa dos turistas! E uma delas tem um acervo de discos Punk e quejandos que celebra as velhas glórias - é a Mega-Store By the Largo (do Intendente), by the way... Onde encontrei este CD que mete um colhão de bandas que não foram muito longe a fazerem versões dos grandes Subhumans (ingleses, há também uns canadianos). É o velho "covers album" / álbum de tributo, etc... em que a maior parte das vezes as versões pouco ou nada acrescentam aos originais, por falta de confiança ou originalidade da banda. Das poucas vezes que esta fórmula correu bem foi com o Red, Hot + Blue (dedicado a Cole Porter) e Virus 100 (Dead Kennedys) mas ou por nostalgia barata ou porque até há bandas a foderem os temas originais este CD ouve-se sem ser chato. Punk Rock, Hardcore simpático (Whippasnappa), D-Beat cavaleiro (Rectify), Crust mal-disposto e outras variações possíveis do Punk. Algures uma ida ao Folk (Wat Tyler), ao Dub (Bungalow Band), Post-Punk (Ten Tennats) e ao Indie Pop (LD50), assim a servir quase como interlúdios para as energias agressivas do Punk. Nice. Ah! o CD chama-se  Still Can't Hear The Words: The Subhumans Covers Album (Blackfish; 1999).

terça-feira, 5 de novembro de 2019

Chaka chaka boom

Gozo com os gajos e ainda me deixam escrever na revista! Sim, escrevi uma resenha na Loud! 
Quem a encontrar, ofereço alvíssaras!

domingo, 20 de outubro de 2019

Exposição É Só Vaidade! Colecção da Fundação Farrajota (dias 10 a 20 Outubro) @ Casa José Joaquim Santos

imagem: Tiago Baptista in fanzine Cleópatra (2006)

O mundo gira sempre de forma inesperada e quando o PEQUENO é bom! Encontros Sobre Edição Independente preparava-se para seguir um rumo - a vinda de autores internacionais para conversas com o público - eis que somos convidados para integrar a programação do FOLIO – Festival Literário Internacional de Óbidos, que decorre de 10 a 20 de Outubro

Uma coisa não impede uma outra e vamos em frente com um encontro mais complexo e completo.


PROGRAMAÇÃO



fotos de Thy-Lande Monnet, montagem fuck off do designer da Fundação


Exposição É Só Vaidade! Colecção da Fundação Farrajota (dias 10 a 20 Outubro) @ Casa José Joaquim Santos 
Os Fanzines poderão ser um artesanato urbano da Era da Informação, publicações amadoras em marginalidade bibliográfica, galerias nómadas e precárias, reacções à tirania da História. Desde os anos 30 que sofrem mutações e provocam dores de cabeças a todos que gostam de gavetas bibliográficas. Nesta exposição, da colecção particular de Marcos Farrajota, são mostradas uma série de publicações independentes deste universo, buscando mostrar a sua riqueza de temas e formatos, tudo graças à sua livre circulação.


Conferências (dias 19 e 20 Outubro, respectivamente) @ Livria Artes & Letras - Espaço Ó, às 15h
Casa de Papel - quando os zines invadem espaços físicos 
com 
Cecília Silveira (Sapata Press), Madame Zine (Atelier 3|3) e Xavier Almeida (Revista Decadente)

Tradição já não é... metamorfoses do fanzine 
com
Hetamoé (Clube do Inferno), Tiago Baptista (Façam Fanzines Cuspam Martelos) e Rodolfo Mariano (Rock Bottom)


Workshops por Patrícia Guimarães (dias 19 e 20 de Outubro)
E se o Medo fosse uma personagem de BD? 
para maiores de 7 anos

Folio um outro formato de fanzine
para maiores de 12 anos


Mercado de Fanzines e Edição Independente (dias 19 e 20 Outubro, entre 10h-18h) @ Rua da Porta da Vila
com 
Atelier 3|3 (c/ Casa Azul, Inkprint, Mundo Fantasma, Quarto de Jade), Chili Com Carne, Clube do Inferno, Imprensa Canalha, MMMNNNRRRG, Paperview, Patrícia Guimarães, Revista Decadente, Rodolfo Mariano, Sapata Press Tiago Baptista.


Novidades Editoriais
Instant Gratification (Paperview) de Abdrew Kuykendall
O Colecionador de Tijolos (Chili Com Carne) de Pedro Burgos
...




Exposição É Só Vaidade!

Colecção da Fundação Farrajota

Os Fanzines poderão ser um artesanato urbano da Era da Informação, publicações amadoras em marginalidade bibliográfica, galerias nómadas e precárias, reacções à tirania da História. Desde os anos 30 que sofrem mutações e provocam dores de cabeças a todos que gostam de gavetas bibliográficas. Nesta exposição, da colecção particular de Marcos Farrajota, são mostradas uma série de publicações independentes deste universo, buscando mostrar a sua riqueza de temas e formatos, tudo graças à sua livre circulação.

A selecção de títulos foi pensada em grandes temas dos fanzines espalhados em sete mesas -  música, BD, literatura, cultura, política, arte, culinária – para além de obras de referência e nove capas de formatos grandes que “rockam” (passe o anacronismo)!

 

Fanzines de Música

Um dos grandes géneros de fanzines, que durantes décadas divulgavam bandas e discos que a imprensa oficial não queria (e continua a não querer) saber.

 

- Mouco #1 (1999?; Porto) Edu & Luís, fanzine de Indie Pop

- Garagem #1 (2000, Guimarães), Garagem, fanzine acompanhado pelo primeiro disco de drum’n’bass português

- Headless'zine #2 (Set'95; Pragal), Gonçalo Prazeres, fanzine de Metal

- Underworld / Entulho Informativo #16 (Jul'05, Lisboa) Joaquim Pedro, importante fanzine no meio português underground, sobretudo no espectro Metal, Hardcore e Punk. Capa de Fredox (França)

- Ice Cream Star#1 (Dez'94; Lisboa) Elsa Pires, fanzine de música Indie Pop, ligada à editora Beekeeper

- Anita #2 (Primavera 2014, Portugal/China?), Joana Matias, perzine e zine de viagem de Joana Matias na China, este número dedicado à música.

- Neural Therapy #7 (Primavera 1998, Reguengos de Monsaraz) Jorge Mantas, fanzine de Música Extrema

- Sanabra Enxebre (Dez'09, Porto) Latrina do Chifrudo, fanzine de Música satânica

- Maximumrocknroll #396 (Mai’16, EUA), fanzine Punk, criado em 1982 e extinto este ano

- Punk Magazine #17 (Mai'79, Nova Iorque), John Holmstrom, mítico fanzine de Punk, e que vulgarizou o termo nos EUA

 

 

Fanzines de Culinária Vegetariana

Antes da popularização da Internet, era normal encontrar informação alternativa em fanzines, como é o caso do vegetarianismo. Comer também é um acto político.

 

- Grime + Nourishment : A Vegan Cookbook (200_, Londres) 56a Infoshop

- Como manter um Panda Gordo (2012, Porto) Joana Valente / O Panda Gordo

- Lo Pikante Natural (199_?, Portugal), ?, acompanhado com um panfleto anti-MacDonalds

- Comilona : Vegetais e mais (2003, Caldas da Rainha), Filipa Pontes

- Guia de Alimentação Vegetariana (Out'97, Lisboa), Cadernos para a Autosuficiência

 

 

Fanzines politizados

Os movimentos libertários desde sempre usaram a “pequena imprensa” para disseminar pensamento e crítica política. Nesta selecção há um enfoque nas  publicações de BDs politizadas.

 

- Suburbano : Fanzine Implicativo com a Situação [s.n.] (2001?, Lisboa), ?, fanzine de recortes de imprensa, saíram dezenas de números (sem numeração ou data)

- Os Bárbaros #3 (2001?, Coimbra), Hurso

- Plain Rapper Comix #2 (1992?, Inglaterra), Pete Loveday / AK Press, número dedicado à cultura canábica

- Last Hours #17 (2008, Londres), Indy & Ink

- World War Illustrated #49 : Now it’s time of Monsters (2018, EUA), AK Press, fundada em 1980 por Peter Kuper e Seth Tobokman

- It’ Ain’t Me Babe (1970, São Francisco), Last Gasp, primeiro livro de BD produzido inteiramente por mulheres, incluindo as autoras Trina Robbins e Barbara "Willy" Mendes.

- Inguine Mah!gazine #6 (2005, Itália), Coniglio

 

 

Publicações de Referência

Dada a efemeridade e a falta de oficialidade dos fanzines, começaram a serem editados fanzines dedicados aos fanzines (directórios ou “metazines”), bem como livros técnicos ou de História desta cultura.

 

- Computer Arts Projects #99 (Julho 2007; Inglaterra) Future Publishing, estranha temática deste número desta revista em que explica como replicar as estéticas underground através de ferramentas digitais!!

- D.I.Y. : The Rise of Lo-Fi Culture (2005; Inglaterra), Amy Spencer / Maron Boyars

- Whatcha mean, what’s a zine? (2006, EUA), Mark Todd & Esther Pearl Watson / Graphia

- Catálogo Expofanzines 2000/2001 (2001, Galiza), Colectivo Phanzynex

- Fancatalog (2008, Almada), catálogo da IX Feira Internacional do Fanzine de Almada, um dos primeiros eventos dedicados ao tema

- Na Silu / By Force : Submit of cheap laser graphics (2010; França / Sérvia), Turbo Comix

 

 

Fanzines e a Literatura

Os fanzines são mais conhecidos nos meios da música ou BD mas sempre trataram de “mil” assuntos diferentes. Desde os primeiros de Ficção Científica nos anos 30, passando por assuntos culturais até aos diários de vários escritores com assuntos tão pessoais que a designação “fanzine” deixou de fazer sentido (fãs de quê?). Nos países anglo-saxónicos começou-se a usar a terminologia “zines” ou “perzines” (personal zines / zines pessoais).

 

- Divided by Zero (1999; Inglaterra), Noek K. Hannan / Antkh, Fanzine de Ficção Científica

- Mondo Brutto #23 (2001, Madrid), El Viejo de la Montaña & cia, Revista espanhola dedicada ao lixo cultural

- Zundap #11 [#6] (2002?, Lisboa), José Feitor, Fanzine cultural

- Conto de Natal para Crianças (1972, Lisboa), Mário-Henrique Leiria / Forja, Edição de autor com fotomontagens

- Escavações Arbitrárias (2012, Cascais), Rafael Dionísio, Zine de poesia (ou plaquete?)

- Murder Can Be Fun #9 (1998, EUA), John Marr / Slave Labour, comic-book baseado no fanzine

- Murder Can Be Fun #20 (2007, EUA), John Marr, Fanzine dedicado a homicídios

- Safety Zone #3 (1996; Cascais), Afonso Cortez, perzine

- Laca #3 (2003; Porto), A. Afonso, F. Gingão e S. Dias, fanzine cultural, especial tecnologias

 

 

Graphzines

Fanzines gráficos são verdadeiras galerias de arte nómadas, algumas baratas outras com requintes de luxo com impressão em serigrafia, por exemplo. O movimento mais influente deste tipo de zines veio de França e os colectivos Bazouka (1972), Elles sont de sortie (1976) ou Le Dernier Cri (1995). Em Portugal de referir a enorme existência deste tipo de zines nas Caldas da Rainha a partir dos anos 90 com a abertura da ESAD.

 

- Nótibó (200_?; Caldas da Rainha), João Cabaço

- Ex-Man (2001; Porto) Miguel Carneiro

- As aventuras de qualquer coisa (2018, Lisboa), André Ruivo / Stolen Books

- Mix Tape (2008?, Dinamarca), Allan Haverholm

- Patau (2012, Coimbra), Manuel Pereira / Black Blood Press

- El Temerário #8 (2012, Valencia), Ediciones Valientes

- Hopital Brut #5/6 (2001, Marselha), Le Dernier Cri

- Revue 1.15 # 24 (2017; França), Loïc Largier

- Elles sont de sortie #40? (1994, Espanha), Bruno Richard & Pascal Doury/ 10 000 Humans

 

Fanzines de Banda Desenhada

Num meio débil de edição de BD em Portugal, os fanzines foram uma forma de desenvolver obra com a vantagem da sua completa liberdade formal e de conteúdos – formatos minis ou gigantes, numerações negativas, o troco já incluído, nomes jocosos, jogos de narração, paginação em acordeão, mapas, desdobráveis, enfim, o que for necessário para não ser… quadrado! Um movimento que curiosamente aparece antes do 25 de Abril de 1974.

 

- Herpes Labial (Out’97, Alverca), Geral & Derradé

- Pintor & Meio #3 (1991?, Almada?) Rodrigo Miragaia

- Não ‘tavas lá!? Especial Tremor #4 (2017, Chili Com Carne), Marcos Farrajota, BD reportagem do festival Tremor (nos Açores), um desdobrável distribuído ao público na última noite do evento.

- Aleph #2 (Mar’74; Lisboa), José Morais C. de Faria, dos primeiros fanzines portugueses, dedicada ao estudo da BD, número de cisão maoísta

- G.A.S.P. #1 (1992?, Lisboa), [Diniz Conefrey], número especial “BD no feminino”

 - Besta Quadrada #1 (1993, Lisboa), João Fonte Santa

- Besta Quadrada #3 (2008, Caldas da Rainha), André Caetano & Tiago Baptista, zine que se dá conta neste terceiro número que houve outra “Besta Quadrada” nos anos 90

 - Sub #3+5 [8] (Out’99; Lisboa), Pitchu, capa em alcatifa, mais tarde o seu autor andou a promover a ideia que o próximo número teria uma capa em pele humana!

- História em que o autor apaga a própria história (2012, Lisboa), Xavier Almeida

- The Thin Thing (2008?, Noruega), Dongery

- Que Suerte! # Petróleo [9] (2001, Madrid), Olaf Ladousse

- Sing it out (2008, Noruega), Pitchu, Bendik Kristoffer & Flu / Dongery

- Há Festa na Selva (1994?, Lisboa), João Chambel

- Lisboa #4 (2008?, Noruega), Sindre Goksoyr & Kristoffer / Dongery, noruegueses obcecados com Lisboa!

- Bio Edificio 421 (2012, Itália), Lök, mistura de tiras de BD com várias narrações possíveis!

- Succedâneo #-29 (Mai’03, Porto), João Bragança, o mais extravagante dos títulos que alguma vez apareceu em Portugal (1996-2006) usando toda a espécie de materiais para embalar a publicação, desde carteiras do Pekemon até luvas de jardineiro. Número dedicado ao trabalho.

- Reencontre Fortuite (1997, França), Carole Toulose & Sébastien Détreq / Des Gribouillis, duas BDs que se cruzam a meio do fanzine

- Petit Paresseux (Jan’19, Angoulême), Thy-Lane Monnet / Trés Trés Bien

 - ? (201_?, China), Nhozigna

- Totentanz (2012, França), Marcel Ruijters / Garage L, impresso em serigrafia, paginado em acordeão

- Boswash (2000, EUA), Nick Betozzi / Lux, desdobrável

- Brilliant Inc. (2003, Finlândia), Mikko Väyrynen, desdobrável




Nove capas que rockam!!

 

Paula Ferreira (Portugal) – Leitmotiv #1 (1980)

Rigo 23 (Portugal) – Ganmse (1986)

André Ruivo (Portugal) – Retratos (MMMNNNRRRG + The Inspector Cheese Adventures; 2017)

Hetamoé (Portugal) – QCDA #2000 (Chili Com Carne; 2014)

Harukawa Namio (Japão) – Callipyge (United Dead Artists; 2008)

Tommi Musturi (Finlândia) – Specter (Kuti Kuti; 2012)

Amanda Vähämäki (Finlândia) – Cani Selvaggi (Canicola; 2013)

Pauliina Mäkelä (Finlândia) – Mystic Sessions, vol. I (Kuti Kuti; 2006)

Mat Brinkman (EUA) – Multiforce (Picture Box; 2009)

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Greta Thunberg sings Swedish Death Metal



Escola de Gotemburgo! Melodic Death Metal!

terça-feira, 25 de junho de 2019

JAMM #1 (Fábio Lopes; Abr'19)


Dizem no seu manifesto que "gastaste três euros e meio nisto... [uma página] ...pode ser lixo mas ao menos é reciclável [página seguinte]". Ceeeeeeeeeeeeerto! Eu gastei mais porque mandei vir por correio entusiasmado pelo facto de ter aparecido "mais uma revista de música" / "just another music magazine", ainda mais uma publicação "indie" num país amorfo em que que só sobrou os senis dos metaleiros a publicarem uma revista sobre música (pesada) nas bancas. Devia ter desconfiado logo quando o Gato Mariano desmascarou logo as bizarras intenções desta malta. Afinal é uma revista profissional ou um fanzine a lutar por ideais e estéticas? 
Qualquer resposta seria interessante, pelo menos para mim. Uma revista profissional sobre música é sempre útil como uma revista sobre caça ou aeromodelismo, e um fanzine ainda mais porque é feito de obsessões dos seus editores e colaboradores. Nem carne nem peixe, apenas cáca!
Os editores da JAMM não são uns porcos capitalistas a querem-nos impingir música de merda (embora também o façam), são apenas uns "milleneals", vulgo, ignorantes e narcisistas. Que o seu editor queira aparecer em todas as fotografias da revista, tudo bem, mas que dê ao menos conteúdo nas suas 70 e tal páginas bem impressas maiores que A4. Na JAMM não se escreve uma única linha sobre música - conseguem acreditar? Entrevista figuras institucionais (presidentes de câmara e outros sinistros), escreve a explicar o que é uma mixtape ou um vinil (porque não existe wikipedia em 2019) mas não fala de uma única banda! A não ser que considerem duas sessões de fotografias tontas do Luís Severo (a pensar que ele já se chamou Cão da Morte!) e das Golden Slumbers (quem?) e pouco mais como promoção musical. Parece um jornal de escola para jovens empreendedores que precisam de alguma informação básica para investirem dinheiro. "Just Another Bitches and Money" deveria ser o título. 
Diz Fábio Lopes, o "boss" desta bosta, que não tem curso superior como desculpa por ter feito uma publicação inútil! Olha, meu, sabes não foram quadros de técnicos superiores que fizeram outras publicações sobre música no passado mas sim pessoas que se entregaram de coração e alma para divulgar bandas e projectos de outros sem pensar duas vezes se iam aparecer em fotos catitas! 
Dica da semana: a música é criada para além de preocupações de plataformas digitais ou fronteiras. Outra dica: a música electrónica de dança veio dos guethos dos EUA e das batalhas campais contra a bófia na Inglaterra, por isso nada mais estúpido do que escrever sobre instituições como entregas de galardões MTV (get off the air!? oh, obscura citação!) ou discotecas londrinas de "boom-tchica-boom-boom-boom" - um relato aliás, revelador da ética destes gajos que perdem uma amigo no meio de Londres mas 'tá-se bem, ele deve estar bem, Londres é tão pacífica à noite...
Quem me dera ter perdido apenas 3,5 euros! Mas a quem revenderia isto pelo mesmo preço ou menor? Vai é para o papelão e é já!

terça-feira, 4 de junho de 2019

Especialista em Shoegaze


Um exemplo de uma necessidade extrema de arranjar diversão no festival de BD mais aborrecido do planeta (yup, Beja!). Foto de André Pereira para o instangrana da Chili

terça-feira, 28 de maio de 2019

Eles nitidamente precisavam de mais tempo para gravar...


...Yes please (Factory; 1992) era o álbum dos Happy Mondays que iria safar a editora da falência mas pelo contrário engoliu-a de vez. Que se aprenda daqui, nunca fiar em agarrados e boémios para qualquer tipo de negócios. Disco considerado abaixo dos anteriores (porque é!), há pelo menos duas faixas más (Theme from Netto parece um ensaio de um grupo de baile), outras duas redundantes, aliás, quase tudo é puro Happy Mondays em repetido, o que não é propriamente mau uma vez que ninguém se queixou disso em Ramones ou Motorhead ou Slayer, por exemplo. 

Brilhante é o tema Cut'em Loose Bruce que compensa todo o caos do álbum, tema com um vocal feminino potente de Rowetta, um mini-Rap de Kermit, sons empilhados aos montes mas sobretudo com a banda transformada numa fodidíssima orquestra afro-cubana. Quem não mexer o rabo com este tema é porque tem problemas! Ah, pois, o disco foi gravado nos Barbados com a banda de rastos e totalmente intoxicada em drogas. Shaun Ryder acrescentou a voz só mais tarde, já em Inglaterra depois de alguma desintoxicação clínica. É um estranho disco, feito de camadas de Caribe e depressão branquela.

terça-feira, 21 de maio de 2019

Homis ta tchora també



Nem sempre se pode acertar, Mentis Afro (Edietox; 2008) dos Mundu Infernal é um CD de hip hop consciente com rap crioulo tuga. Pena que seja chato, mesmo com o crioulo a descoordenar as palavras deste pula, não bate, muito USA, apesar da boa produção e gravação. Ironia das ironias a melhor faixa do disco intitula-se Deja vú... Mas nunca se sabe quando se acerta! Terra Terra e o seu Volume 1 (auto-edição; 2007) já uma babilónia de sons cabo-verdianos e Hip Hop sem vergonha como se fosse um programa de rádio de "black music" (termo que não me agrada mas que serve para o mínimo denomidor comum). Disco que vai crescendo dentro de ti / It growns on you, iá! Informação na 'net, zero. Tocar no PC também não dá porque está com um programa marado (anti-pirataria?), como não perder tempo com este underground luso-africano? Adoro!

quarta-feira, 15 de maio de 2019

Arabi Jazz



Antes de Amir ElSaffar e antes das foleiradas da ERC Records, em 1958 já se tinha fundido o Jazz com os sons das Arábias, graças a Ahmed Abdul-Malik (1927-1993) a tocar oud no East Meets West (Riverside). Nascido nos EUA, dizia que o pai dele era sudanês, mas "wikis" consultados dizem que o pai era das Caraíbas, bof, talvez por isso que Abdul-Malik não voltará a fazer discos assim (a peta não pegou?) - FAKE, volta a fazer um disco este-encontra-oeste em 1963!
No primeiro LP a fórmula ainda está para se descobrir mas é melhor que o segundo disco e mais tarde e melhor em Jazz Sahara (RCA, 1960) porque tem faixas mais longas, e por isso, mais adequadas às expansões melódicas da música árabe - especialmente a faixa El Haris / Anxious. Há muito saxofones intrometidos ao ritmo dromedário da coisa mas mais tarde ou mais cedo calam-se. Uma boa descoberta que me faz esquecer o excesso de ElSaffar...

terça-feira, 7 de maio de 2019

RIP Barbosa, RIP RE, RIP MMP


Faleceu o Barbosa e com isso qualquer hipótese de voltar a ver os Repórter Estrábico ou ouvir discos novos. Significa também que se já nem ouvia bandas Pop/Rock portuguesa - ficava-me por ler as tiras do Gato Mariano mas nem ia ouvir a merda que se produz - agora nada irá mover-me para ouvir o quer que for desse espectro. Foram os melhores!

sexta-feira, 26 de abril de 2019

Prova dos Nove

Para provar a inabalável certeza deste texto vamos lá ver, estive recentemente na Feira de Metal de Almada e trouxe uma mão cheia de CDs, compras aleatórias de gajo que ainda curte discos a 10 paus ou mais.
Tomb of Finland adquiri pelo nome parvo associado ao grande fazedor e ícone de BD gay Tom of Finland, só por isso valia a pena pegar nele se Frozen Death (Target; 2018) não fosse dos discos mais chatos de Doom/Death do mundo, e de sempre! São finlandeses gordos, bem na vida sem nada para dizer a não ser banalidades, curtem a Morte? Olham suicidem-se agora em Abril que é a altura mais popular para essas acções na Escandinávia. Ainda por cima tive de esperar uma eternidade para que o vendedor soubesse o preço desta merda, além que foi o mais caro do lote que trouxe e ainda ouvi a boca "isto é Doom com onda Death mas não é para Hipsters!". Ou o CD é uma grande merda ou eu sou uma grande merda de hipster, o que me estou bem a cagar porque sei que irei vender isto no discogs.com e recuperar o meu guito... E foi o que aconteceu, uma semana depois foi para um grego com falta de bom gosto!

Felizmente trouxe dois CDs de Beherit que deixam qualquer um K.O. Engram (KVLT; 2016) é de 2009 e é o mais purista na forma, ou seja Black Metal. Desta banda finlandesa que volta a ser banda e não projecto de um músico só. Vamos lá ver, Beherit faz parte da segunda geração de Black Metal, digna de rivalidade com os broncos noruegueses mas que rapidamente se desfez ficando Nuclear Holocausto (voz, guitarras e sintetizadores da banda e sim é o pseudónimo de um músico), dizia, Nuclear Holocausto ficou sozinho a criar mais dois discos electrónicos de má onda ambiental. Engram é puxado para os ouvidos virgens de BM, Aqui e acolá ouve-se uns samplers de Ambient a completar a coisa, mas mostra de quem sabe sabe e que não é preciso mais gente neste subgénero de música. Electric Doom Synthesis (KVLT; 2017) já é outro campeonato, é dos tais discos electrónicos de (Dark) Ambient, de 1996, e parece mesmo música feita para festa do Santo Cabrão, sobretudo impressiona por ser dinâmico na sua estrutura, pouco dado a repetições e drones tão na moda do século XXI. Lembra Throbbing Gristle que tinha feito algo 20 anos antes, tudo bem, mas um metaleiro é um metaleiro e vice-versa. Álbum impressionante que deve ter posto muita gente a pensar no futuro da música e na ninfa loura com maminhas à mostra do livrinho do CD - em LP deve ser melhor, claro!

quarta-feira, 17 de abril de 2019

Senior Metal

Felizmente com a normalização em curso da sociedade, as tribos urbanas estão a desaparecer. Felizmente a raça metaleira irá ser extinguida por serem os mais meninos delas todas. Felizmente comecei a colaborar com a revista Loud! em Janeiro deste ano e até já publicaram uma resenha escrita minha sobre o novo disco do DJ Balli mas... Infelizmente, entretanto, nada mais sei se continuo na redacção, não me respondem aos emails, os anormais.

A sério, o Metal é a terceira idade! No pior sentido do envelhecimento, ou seja, rabugice, hábitos inalterados, lentidão, nostalgia, incapacidade física, paternalismo e imposição da vontade por mais irracional que possa ser. Deveriam abrir novos Centros de Dia só para esta malta - bem que armaram-se em engraçadinhos o ano passado em Vagos, mal sabiam eles que estavam era antes a revelar a sua verdadeira face.

Em defesa da revista, não deixa de ser admirável que ela pura e simplesmente exista. O/a Blitz foi à vida no ano passado - adeus! Ninguém sentia a sua falta desde 2001 anyway! Porque que é que a Loud existe? Simples, o público metaleiro é fetichista e ainda compra discos, CDs ou vinilo, em pleno deleite de coleccionista completista, sem critério ou gosto. É o humano mais amigo do Capitalismo a seguir ao "normie", sem ele saber, apesar da sua dita oposição ao Sistema. Com um público fiel, o Metal ainda existe apesar da sua forma artística estar morta desde 2001 - só para coincidir com o Blitz!

A Loud! tem tudo como qualquer outro "template" de revista de música Pop/Rock: agenda, bisbilhotam o que uma banda está a gravar em estúdio, Top do ano, mixtape de um músico, músicos a adivinharem as bandas que lhes dão à escuta, entrevistas, resenhas, etc... SE novamente SE for no universo da "música pesada". Isto é fantástico! Vendo a desmaterialização da cultura por todo a parte, a revista acaba por ter pertinência num quiosque - versus a miséria editorial feita por grandes grupos económicos como a merdosa A Nossa Prima e quejandos.  Não há nenhuma revista assim em Portugal, é aliás a única de música e talvez a única de crítica que se possa acreditar da sinceridade dos seus escritores - ao contrário do bordel assumido das fracas figuras (mas cheias de ego) do Público e afins.

Não expectável e que topei neste número em que participei, é a quantidade de pontuações baixas aos discos. Não deveria ser assim, ou pelos menos tradicionalmente nos fanzines de Metal não acontecia isto, afinal quando se faz parte de uma cena é típico dar pontuações altas, raramente negativas, aos "irmãos" que te dão música e carne para canhão. O que aconteceu? Apanhei um mês mau de edições? Ou existe uma corrosão nas almas dos críticos que estão fartos do excesso?

Alguém consegue dizer quantos discos de Black Metal são editados por mês? E de Death? E de outro subgénero? Resposta: centenas! Isto sem mexer um milímetro do padrão criado entre os anos 70 e 90 do século passado. Tocam algo de relevante e que alguém se lembre um disco depois? Não! Daí que a Nostalgia pelos "anos dourados" do Thrash (Slayer), Death (Morbid Angel), Black (Venom) e Grind (Carcass) sejam sempre o ângulo de observação por todos os metaleiros. Nada bate aquele disco de Sepultura ou Candlemass. Nem no Rock tradicional há esta sensação de desamparo e orfandade, mesmo depois dos Beatles, Doors ou David Bowie terem ido desta para melhor.

Os Metaleiros são velhinhos xexés perdidos neste mundo do Caos da Aldeia Global. Tentam clarificar o espírito fazendo "checklists" de quantas vezes viram Godflesh (ao menos que seja Godflesh, foda-se) a tocarem ao vivo aquele álbum específico, quantas edições em cores diferentes têm de um disco de Black Sabbath, etc... É o consumidor mais passivo de sempre, o verdadeiro burguês agarrado ao "vil metal". Não percebo muito bem porquê ou como se deu esta deformação, afinal os metaleiros e as metaleiras dos anos 90 ou eram uns anjinhos lindos ou eram uns brutamontes bêbados mas não pareciam ser materialistas. Se calhar pensei assim, romantismo meu destas criaturas na altura. Uma fantasia que acabou e agora vejo-os como hipopótamos, não só por serem o público mais gordo em qualquer concerto mas sobretudo por serem conformistas.

Talvez tenha sido o Goth e o Black nos anos 90 que estragaram o Metal, trazendo a velhacaria da Extrema Direita e da má literatura. Ou a explicação mais simples é que o Rock e o Metal já têm 70 e 51 anos, respectivamente. É difícil ter uma cabeça aberta com estas idades, sejam de forma individual seja de forma colectiva. É natural, como os ranchos folclóricos, que o metaleiros e o Metal cristalizaram em tradicionalismos. Ficam pasmados por verem os putos irem ouvir Electrónica ou Hip Hop. Claro que sim! Melhor pegar num Software do que em riffs de dinossauros!!

Mas também não são assim os gajos do Jazz? Coleccionadores anais de discos. Tal como Jazz nos anos 60 quando era popular, o Metal deveria ser um ponto de libertação da classe operária. Os metaleiros como bem se sabe, são os que conduzem os nossos metros e taxis, são eles que fazem o design dos panfletos do Continente, são eles que trazem os discos e dildos que comprastes na puta da Amazon, são eles que carregam as tubagens dos sanitários, são elas que cuidam dos nossos bebés nos jardins de infância, caramba! No entanto... nada disso, só existe Morte e Demência.

Metaleiros do Mundo, zuni-vos e erguei-vos contra a alienação consumista! Só há uns Morbid Angel! Ou uns Mayhem! Não é preciso mais e mais e mais, sei que por cada metaleiro que comprar um CD será menos um “normal” a comprar um CD de Beyoncé ou dos Cure mas lutar fogo com fogo, meus amigos, nunca deu grandes resultados. Que tal, antes um encontro de todos vós, a bloquear as entradas de um Shopping num Sábado? De garrafão e/ou litrosa na mão, com picos nos braços e piaçabas em riste à entrada da H&M? Que tal oferecer os vossos milhares de discos de milhares de bandas sucedâneas que apodrecem nas vossas mediotecas a putos à porta da escola? Eles não conhecem Death mas podem ouvir uns outros quaisquer. É preciso é começar por algum lado… E se só um puto for convertido ao Doom, o sacrifício de ter oferecido todo o vosso lixo já terá valido a pena!!

segunda-feira, 15 de abril de 2019

No fds do porco nazareno


Quem não consegue ouvir Beherit neste fim-de-semana deprimente, então que fique pelo EP Lily Lavender "Joy Of It" Fusion Confusion (Hockey Rawk; 2012) da (ou das?) Mole Says Hi. O mel social-democrata da Suécia criou uma sociedade em que tanto amolece o Death Metal (passou a chamar-se de melódico graças aos Carnage) e adocica ainda mais a Pop de doce que já é. E não há volta a dar, pensem nos Ghost e no meu querido Melanie Is Demented! Fazendo Mole Says Hi parte do movimento Twee Pop - como a "nossa" Moxila - o destino já estava traçado para um "burlesco" de e para tímidos.
Ouvir em 2019 este disco pode ser considerado um exercício para induzir depressão quando já basta este fim-de-semana dedicado à criatura mais deprimente de sempre, mas que fazer? Um sueco passou por cá e deixou-me o disco. And you know what!? Gostei imenso especialmente do Lado A que começa com sons estranhos e depois lá vai prá vozinha singela etc e troca o passo. Por momentos até achei que estava a ouvir algo original, o que se pode pedir meias em 2019?

terça-feira, 26 de março de 2019

John Peel e Sheila Ravenscroft : "Margrave of the Marshes" (Corgi; 2006)

 É a biografia oficial de um DJ que passou durante décadas a melhor música do mundo à pala dos impostos dos ingleses nas rádios estatais, executando real serviço público ao contrário de todas as outras putas e lixo que se encontram no sistema - como acontece cá com a nossa RDP e os seus "alvins". Apesar de alguma intimidade revelada pelo próprio e a sua esposa/ viúva, a escrita não é brilhante nem há histórias tão impressionantes apesar de ficarmos com a consciência plena que era um santo com pés de barro - ainda bem, nada pior que biografias higienizadas de virtudes. Através do livro dá para conhecer a figura de Peel (1939-2004) uma vez que nunca ouvi os seus famosos programas para perceber a personalidade deste melómano que tanto passava Reggae como Grindcore. Se a referência a estes dois géneros de música tão díspares parece uma graçola apenas, para mostrar um gosto ecléctico, no entanto quando Peel passou Reggae (finais dos 60) ou Hip Hop (anos 80) chegou a receber ameaças de morte por ser "música de pretos" ou de "música de pretos criminosos". Só por isso, merece respeito... e um livro!

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Simon Spence : "The Stones Roses - War and Peace" (Penguin; 2013)

Bloody soap opera! É a forma mais simples de resumir este livro. Ou ainda se poderia dizer que esta é a história da melhor banda Pop dos finais dos anos 80 que assinou o pior contrato de sempre - até incentivaram a isso, tão convencidos que eram. Não deixa de ser fascinante a história desta banda e como estava sempre a dar um passo prá frente e dois para trás. Como trabalho jornalístico parece estar bem feito, sem histerias típicas da Britpop e os seus periódicos, levando a narrativa com justiça desta cambada de "lads" estoicos - imagino como será sobre os Happy Mondays que Spence escreveu posteriormente.
De resto é burrice, egos, curte de vida Rock'n'Roll, dinheiro ou dívidas a mais, fracassos e sucessos - aliás, é uma banda que produziu pouco mas tudo o que fez foi sempre para os Tops de vendas, mesmo quando se tratavam de reedições décadas depois, poucas poderão ter este estatuto.
Dois cenas curiosas que este livro mostra, os grandes números da indústria do Pop britânico comparados com os dos EUA são "peanuts" e é incrível a quantidade de palavras gastas por Spence para descrever as roupas dos elementos da banda cena a cena. Uma biografia da Lady Gaga será tão diferente como esta? Talvez não...

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Punks perdidos no tempo e no espaço...

Montes de discos nas últimas semanas (cóf cóf) e sem paciência para dizer muito sobre eles. Não que sejam discos maus, se calhar até muito antes pelo contrário, só ando pouco inspirado para escrever sobre música nas últimas semanas (cóf cóf), especialmente depois de ler os livros do Ian F. Svenonius. Tudo parece fítul depois de ler os seus ensaios marxistas sobre o Pop / Rock.

O álbum homónimo dos Lost Sounds - o sexto deles? ou o quarto de originais? - tem uma capa patética e horrorosa mas felizmente o som é fixe. Punk Rock com sintetizadores e muito groove como só os norte-americanos sabem fazer, afinal foram eles a inventar o Rock. Editado pela importante In the Red Records. Obrigado ao boss Daniel Dias pelo disco e mostrar que o rock não morreu! Mas espera lá, este disco é de dois mil... e... quatro!


Mais para trás, o segundo (?) disco dos Logical Nonsense, Soul Pollution de 1995 - reeditado em 1997 pela Alternative Tentacles. É Hardcore, Crossover e Crust ou algo no meio. Som potente. Menos interessante que o álbum seguinte Expand the hive. Chequem estes gajos, é daquelas bandas que ninguém quer saber mas que são chapada na cara. O CD foi adquirido na loja Megastore by Largo que agora tem uma enorme variedade de discos Punk & filhos.




Daí que aproveitei e fui ao passado ouvir coisas que ou me passaram ao lado ou que ouvi de raspão em k7s de amigos nos anos 90. Como por exemplo os Mucky Pup, uns Hardcores metalizados que sempre serão recordados como uns brincalhões. Daquelas bandas meio palhaças. Certo! Quase soa a Anthrax, têm trejeitos - basta ouvir Someday - mas o que impressiona depois de 30 anos de A boy in a man's world (Torrid / Roadrunner; 1989) é o à vontade da banda em que não só arrota as suas postas de pescada mas sobretudo saltitam de sons sem haver uma repetição exaustiva de um género ou sub-género. Neste novo milénio, tudo o que é do espectro de Rock Pesado é uma chachada em loop, como se fazer uma faixa dedicada aos três porquinhos fosse denegrir a imagem de uma banda porque ela tem de ser séria e profissional. Interessante como o mundo mudou para um mundo de covardes com medo das aparências. Longe de ser uma obra-prima, é apenas um disco divertido de se ouvir na esperança de descobrir a Fonte da Juventude.

Outro de 1989 é Metal Devil Cokes (R Radical) dos MDC ou Millions Of Dead Cops ou Millions Of Damn Christians ou Millions Of Dead Children ou Millions Of Deceived Citizens ou Multi Death Corporations ou Mesinha de Cabeceira (not!). Banda punk norte-americana "engajada" politicamente - das primeiras no punk dos EUA? - na defesa dos direitos dos animais, vegetarianismo, causa queer, anti-capitalismo, anti-consumismo,... Lembrava-me de algo desagradável na banda e claro, é a parte "folk" deles. Não deixa de ser surpreendente eles fazerem, especialmente deveria ter sido duro nos concertos cheios de rapazolas suados a vomitarem testosterona apanhar com momentos mais... cantantes e menos "mosheiros". Curioso ainda assim, lembra coisas muito lá para trás.

Por fim, dois bons discos que se destacam no meio desta punkalhada:



Kylesa é mais Sludge que outra coisa - mas Time will fuse it's worth (Prosthetic; 2006) foi mais tarde reeditado pela Alternative Tentacles - com duas baterias. Isto simplifica a banda, porque falta dizer que são estaladão! Um bocado repetitivo e arrastante  (caramba, é Sludge!) mas capazes de ir buscar mais um som ou outro aqui e acolá como a Intro e Outro por exemplo tem tribalismo, pena ser só no inicio e fim do disco, ou um piano num dos temas. Fiquei fã, ei-de de procurar mais discos. Nada mau, confirma que os últimos bons discos foram quase todos gravados em 2006!
Oops! Wrong Stereotype é uma típica colectânea da Alternative Tentacles, com uma capa de Windsor Smith as bandas do momento. Neste caso em 1988 bombava NoMeansNo (que velocidade!), Alice Donut (adoro um disco deles, o que está aqui parece-me fora do que estava habituado mas contam uma história violenta que "only in America"), os industrialitas Beatnigs entre outros e claro o chefe da editora Jello Biafra com um excerto de um "spoken word" seu. De referir, facto que desconhecia, que Biafra começou a fazer "spoken words" porque achava mais emocionante confrontar o público com os seus textos políticos do que ir com uma banda repetir as mesmas lenga-lengas de sempre. Curioso, perigoso e audaz! Agora percebo tudo!

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

P/B



Duas bandas míticas da cena EBM / Industrial. Um disco de merda e outro bom. Os Nitzer Ebb pode ter um dos melhores temas de dança de sempre (Getting Closer, de 1990) mas nem tudo o que fizeram era bom - os Front 242 passavam-lhes à frente - e ainda menos quando é um regresso de envelhecidos. Industrial complex (Major; 2010) é tão óbvio onde querem chegar que nem dá vontade de partir. Pior ainda é o CD extra de remisturas, perfeitamente redundante e anacrónico. A evitar. É terrível quando estas cenas acontecem. Já os Skinny Puppy nunca deixaram isto acontecer, hanDover (Synthetic Symphony / SPV; 2011) obriga a ouvir várias vezes à procura de novas leituras e desnortes sonoros. Sons de máquinas levados à procura de Humanidade e humanos a tentarem ser nano-insectos-robots, em que há lugar para drama teeny-boper, foleirada Dark e dança adulta. É o terceiro álbum quando os membros da banda voltaram a dar as mãos (ó capa tosca! nem parece da banda que é) e nem que passe 40 anos nunca nunca nunca irão desiludir!

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

EVROPSKO NASLEĐE U SAVREMENOM AUTORSKOM STRIPU I ILUSTRACIJI


Fiz uma BD para o Festival Nova na Sérvia, como sempre através do amigo Aleksandar Zograf
É sobre os fascistas do Pingo Doce e a Herança Europeia. 

Foi no ano passado
+ informações da exposição AQUI!

O catálogo chegou todo em papa e bem encharcado - coincidência máxima, as únicas páginas que consegui abrir deste bloco de celulose foi na minha (ena!) e do do Zograf (a sério!), há magia ou quê? Espero por outro exemplar e ficam imagens da cena...








Textos a acompanhar o catálogo

Europe have this perverse idealist image that "we" are better than “Amerikkka”. That we're more educated with a superior humanistic heritage but… just try to draw Tintin without permission and you’ll see what will happen to you. Or doing a reinterpretation of Maus – remember how Flammarion obliged the destruction of the Katz book by Ilan Manouach and 5éme Couche? No, my friends, Europe is rotten to the core with a disgusting corporative culture. This comix is a small slice-of-life, a simple observation of another person working in a big company that it’s shaping his life. 

Marcos Farrajota (1973) works in Lisbon Comics Library and is founder of Mesinha de Cabeceira zine (27 issues), Chili Com Carne association and MMMNNNRRRG label. He’s also a comics author with nine books out, four as complete autobiographical author, other as fiction writer with João Fazenda and Pepedelrey. International bibliography includes comix and articles in zines, newspapers and books like Stereoscomics Special SPX (France), Milk+Wodka (Switzerland), Prego and Pindura (Brazil), White Buffalo Gazette (USA), Free! Magazine and Kuti (Finland), Stripburger (Slovenia), La Guia del Comic (Spain), Inguine Mah!gazine, Komikazen - Cartografia dell'Europa a fumetti, Crack On and Quadradinhos : Sguardi sul Fumetto Portoghese (Italy), Kuš! (Latvia), Metakatz (5éme Couche, Belgium), No Borders (Alt Com), Sekvenser and Bild & Bubbla (Sweden) and Skulptura? (Cultural Center of Pancevo).

O catálogo ensopado:



E ontem recebi os catálogos como deve ser, ufa!

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Bob Dylan : "Crónicas - volume 1" (Ulisseia; 2005)

Os poucos livros sobre música editados em Portugal são algumas letras de músicos ou as suas biografias. Esta é uma delas da controversa figura de Bob Dylan, que apresenta uma série de "crónicas" ou memórias soltas escritas de forma não-linear, da mesma forma como a sua figura e música também não são lineares de todo. Livro bem escrito e tal, não deixa de me fazer sentir que poderia estar a ler o Mein Kampf ou a biografia de um jogador da bola. Há um "eu" tão grande como o iate dele que se quebrou nos anos 80. Ian Svenonius no The Psychic Soviet (Drag City; 2006) diz que o Dylan foi um traidor na luta de classes quando electrificou a guitarras para tocar Folk e faz sentido, o individualismo gringo intrínseco dele é/foi o que fez dele o maior da sua geração. Não é um gajo que possa cheirar o chulé dos outros. Por mim, não será depois de ler este livro que irei ouvir as suas musiquinhas. E além disso, prefiro o Leonard Cohen...

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Yo! Oi!


Ena! Fui convidado pela Zerowork para fazer o "artwork" do CD do Phantom.
Tudo correu às maravilhas ao contrário de outras experiências!
Grande Rattus!

Dizem e com razão: A urgência do hip hop cruzada com a violência do punk. O sarcasmo do rap em forma do it yourself no estado mais puro. Um murro no estômago para os mais desprevenidos!



o original... ou parte dele...

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Fuck Príncipe I got Kussondulola


Em 1995 o Mikas, guitarrista dos Primitive Reason, comprou o Tá-se Bem (EMI-VC; 1995) dos angolanos, residentes em Portugal, Kussondolola (que prontamente gravei para k7) com o statement sempre radical dele que era este o melhor disco do ano em Portugal, senão o de sempre. Agarrado aos Rocks achei aquilo (muuuuito) exagerado. Passados 24 anos acho que até lhe dou razão. O álbum sai incólume ao teste do tempo, tem o melhor groove de dança alguma vez feito em Portugal, as letras de Janelo mantêm-se cantaroláveis, contundentes e emblemáticas, numa fusão inteligente de Reggae e Afro-Pop. A produção mais limpa que um rabinho de bebé (ah!?) na altura chocou-me um bocado mas mais do que nunca fez e faz todo o sentido, todos os bongos ou teclados ouvem-se com a clareza que Jah (zeus!) desejaria para os seus guerrilheiros músicos passarem a mensagem ao mundo. Um dos melhores discos dos anos 90 para começar!

Que belo natalixo, Dr. Fon-Fon!