quinta-feira, 27 de abril de 2006

ElectroZone

A música electrónica tem tido os seus altos e baixos como toda a gente sabe. O problema tem sido o anacronismo aborrecido e o mau gosto extremo de alguns projectos.
Vieram-me parar mais uns CD's de EBM - o que um gajo pode dizer mais depois daquele artigo "EBM Zone" no Entulho Informativo #15?

Feindflug com Volk und Armee... (Black Rain; 2005) explora tematicamente a capitulação de Berlim em 1945 dando aquele piscar de olhos à lá nazi tão típica da cena Dark/Industrial. Não passa de uma aberração criativa porque só temos batidas Teknoise sincopadas para a dança com meia dúzia de samples, ou pior, em alguns temas são inseridos (a martelo!) ritmos militares - uma Electro-Marcha? Mein Gott! Safa-se o tema Tauchfahrt, que se "actualiza" no tempo com ritmos Drum'n'Bass. Fazer uma obra militarista com EBM não lembra ao diabo, só mesmo a um Nazi muita-tolo! Se não for Nazi, peço desculpa, é apenas muita-tolo. [2,1; despachá-lo!]

O Bê-Á-Bá da coisa são os Supreme Court com Yell it out (Black Rain; 2005): som "vintage" (o ex-líbris é sempre aquele som de sintetizadores foleiros) que prolonga todos os temas acima dos 4 minutos sem de trazer nada de novo a não ser uma lembrança que isto já devia ter acabado. O que há aqui é só mesmo falta de imaginação sob o ponto de vista externo (usar um subgénero aberrante) e interno (dentro da própria cena conseguir não avançar um milímetro que seja). [2; oferecé-lo!]

Não estou a gozar mas os To Avoid com Voyage into the past (Promo Select / Cop International; 2005) apesar do nome patético, são os mais interessantes deste lote por parecerem os mais Dark de todos - embora, o que este pessoal curte mesmo é a Hello Kittie e outras fofuras cor-de-rosa. As composições são mais complexas, as vozes são distorcidas à Skinny Puppy, as batidas electro-industriais são porreiras, a samplagem é um bocado cliché mas todo este projecto destes alemães é cliché. Ainda assim algo de suportável e de gosto menos duvidoso que os outros. [3,1; trocar um dia destes]

Os chilenos Vigilante com The heroes code (Black Rain; 2005) avariam no Hard (onde cabe um jogo de guitarra metálica e sintetizadores nojentos) que pode fazer lembrar os momentos mais dançantes dos Rammstein se não fosse a voz melosa de "Chuva de Estrelas" que se ouve. Podiam ter ficado pela América já que fazem questão de soarem a gringos. [1,9; colocar o papel no papelão e a rodela no plasticão!]

Fora do EBM, a Bela e o Monstro.

A Bela é o Junkie XL (conhecido pelo Top 1 que conseguiu em 46 países com a remistura do Elvis Presley) tem com Today (Roadrunner / Universal; 2006) o seu mais recente álbum, baseado na ideia que alguém ainda vai querer um sub-produto do que os dinâmicos/potentes Chemical Brothers (são os maiores!) ou do "carismático" (eu não gosto nada dele) Moby. São canções bem feitas de essência Pop-Techno que os New Order já fizeram melhor há mais tempo. [2,5; atirá-lo pró lixo?]

E o Monstro é o álbum homónimo de estreia de shhh... (Thisco / Fonoteca de Lisboa; 2006), à muito esperado dada às impressionantes participações nas várias colectáneas da Thisco, essa grande editora de electrónica alternativa portuguesa, que não vai por modas e facilitismos. Caracterizado pelo Breakbeat negro, silêncios perturbantes, ambientes cinematográficos e até um HipHop teórico, é um dos projectos mais coerentes da Thisco. Merece muita atenção e um [4,2; já faz parte da colecção e em festa rende uma faixa ou outra]!

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