domingo, 30 de junho de 2013

Greil Marcus : "Marcas de Baton : uma história secreta do século vinte" (Frenesi; 2000)

 Foi o camarada REP que me falou desta verdadeira pérola de escrita  sobre "o poder da Poesia". Claro, que devia dizer que afinal é um livro sobre os Sex Pistols, ou se calhar é sobre os Dadá, ou sobre os Situacionistas, ou antes, sobre os grupos heréticos do cristianismo... O que o livro revela é que nunca antes se tinha feito estas ligações (invisiveis, hum.. a BD de Grant Morrison?) nem visto como foi criada a cultura juvenil no século XX, ao ponto que podemos afirmar que não há diferença entre os ritos do cristianismo primitivo (ler Os Evangelhos Gnósticos de Elaine Pagels, exemplarmente editado pela Via Óptima) com os concertos dos The Germs, entre os Catáros e o Cabaret Voltaire, entre João de Leyden da revolução anabaptista e Johnny Rotten - como o seu verdadeiro nome é John Lydon, arrepia a coincidência cósmica nos nomes!
O livro grosso de 500 páginas lê-se de uma rajada furiosa tal como os tótós que lêm aqueles livros tipo Código Davinci e afins à procura da iluminação - "alguma vez sentiram-se que estavam a ser enganados?" diziam os Sex Pistols, certo? Aliás, o subtítulo deste maravilhoso livro não engana - "uma história secreta do século XX" - e qualquer um de nós que goste de Arte, sem teorias de conspiração, gostará de descobrir os significados de uma série de situações que aconteceram com a nossa Cultura nos últimos 40 anos.
Resta dizer que não percebo porque ninguém fala deste livro como uma referência obrigatória, especialmente porque há uma edição em português. Também não percebo porque a Frenesi fez uma das capas mais merdosas da história. Se a edição anglosaxónica mete os Sex Pistols em primeiro plano (na realidade este ensaio começa e acaba sempre com o fascínio de Marcus pela banda) na edição portuguesa temos uma capa com o amarelo-doença mais sem graça, péssimas "fonts" e arranjo gráfico, que tem todas as condições para ninguém se aproximar dele. É o problema dos anarquistas e "os de esquerda" (ou de todos os portugueses se olharmos para a imprensa oficial), armados ainda em poetas do século XIX, não percebem o que é imagem, ilustração, desenho e grafismo.
MAS VOCÊS estão avisados, procurem o livro se lembrarem-se que é um livro amarelo, grosso e feio à superfície mas denso, alucinado e mágico no conteúdo - ah! é verdade o livro está cheio de fotografias e "BDs detournement" o que irá logo chamar a vossa atenção. Até é estranho a edição portuguesa não ter cortado as imagens... uau!

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