sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

25

- Yoshiharu Tsuge : Oba Electroplating Factory (Drawn & Quarterly; 2024)

- Sidney Lumet : Serpico (1973)

- Roxy Music : For your Pleasure (Island; 1973)

- Spaceways : Solid Krell Metal (Cup of Tea; 1998)

- DJ Scud : Ambush! (Rephlex; 2003)

- Prolapse : Ghosts of Dead Aeroplanes (Cooking Vinyl; 1999)

- Studio One Groups (Soul Jazz; 2006)

- Boy Igor : An yet it moves -  The Realization and Suppression of Science and Technology (Zamisdat Press; 1985)

- Joel & Ethan Cohen : A serious man / Um homem sério (2009)

- Federico Fellini : O Sheik Branco (1952)

- Henri-Georges Clouzot : Les Diaboliques (1955)

- Joe Mulhall : Rebel Sounds - Music and Resistance (Footnote; 2024)

- Stig Dagerman : A Sombra de Mart (Cotovia; 1999 - orig. 1948)

- Warren Ellis : Do Anything. Thoughts on comics and things (Avatar; 2010)

- Al Pacino : Sonny Boy - Memórias (Presença; 2024)

- Davide Ferrario : Umberto Eco - A Biblioteca do Mundo (2022)

- Les baskets pas si vertes de Federer / Os Ténis Pouco Ecológicos de Federer (RTS, 2024)

- Serafín : Carmen Underground (Gisa; 1974)

- Singles 2006-2007 (Soul Jazz; 2007)

- š!#53: Czech Special (2024)

- Paradigm Shift (Off Beat / SPV; 1997)

- Amadou & Mariam : Dimanche a Bamako (Radio Bemba; 2004)

- Pedro Moura (a), Susa Monteiro (d), Fernando Pessoa (autor de obra adaptada):  Mensagem (Levoir; 2024)

- M Berthod : Cette Beauté Qui S'en Va (Les Impressions Nouvelles; 2014)

- André Oliveira (a), Ricardo Santo (d) e Eça de Queirós (autor da obra adaptada): O crime do Padre Amaro (Levoir; 2024)

terça-feira, 31 de dezembro de 2024

24h


- Ruben Östlund : Triângulo da Tristeza / Triangle of Sadness (2022)

- Thierry Van Hasselt : La Véritable Histoire de Saint-Nicolas (Frémok; 2023)

- Stefan Zweig : Castélio contra Calvino ou uma consciência contra a violência (Assírio & Alvim; 2023 - orig. 1936) 

- João Abel Manta : Livre (Palácio Anjos, Algés) + Laurent Filipe : A Torre de João Abel Manta : O Imaginador (RTP)

- Imai Arata : Flashpoint (Glacier Bay)

- Will Self : The Butt (Bloombury; 2008) 

- Michel Faber : Listen - on music, sound and us (Canongate; 2023) + O Livro das Estranhas Coisas Novas (Relógio D'Água; 2015 - orig. 2014) + Debaixo da Pele (Difel; 2001 - orig.: 2000)

- Ryszard Kapuscinski : Ébano (Livros do Brasil; 2020 - orig. 1998)

- Marc Torices : La alegre vida del triste perro Cornelius (Apa Apa; 2023) 

- Octopoulpe (19 Maio; Disgraça)

- Krypto (2 Novembro; SMUP)

- Chris Oliveros : Are you willing to die for the cause? (Drawn & Quartely)

- Saeed Roustayi : Os irmãos de Leila (2022) 
 
- Anthony Burgess : 1985 (Arrow Books; 1980 - orig. 1978)
- Deborah Shamoon : Passionate Friendship - The Aesthetics of the Girl's Culture in Japan (University of Hawai'i Press; 2012)
- Claire Barel-Moisan & Matthieu Letourneux : Albert Robida - De la satire à l'anticipation (Les Impressions Nouvelles; 2022)
- Evin Collis : Litterpig (4 vol.; ed. de autor; 2020-24) + Transcontinental (3 vol.; ed. de autor; 2016-18)
- Jeanne Waltz : Vento assobiando nas gruas (2023?)
- Bruno Dumont : O Pequeno Quinquin / P'tit Quinquin (2014)
- Beth de Araújo : Soft & Quiet / Suaves e Silenciosas (2022)
- Erica Couto-Ferreira : Corpos : As outras vidas do cadáver (Faktoría K / Kalandraka (2023)
- Simone Weil : Reflexões sobre as causas da Liberdade e da Opressão Social (A Bela e o Monstro / Rapsódia Final; 2022 - orig. 1943)
- Andrew Nette & Iain McIntyre [ed.] : Dangerous Visons and New Worlds : Radical Science Fiction, 1950-1985 (PM Press; 2021)

quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

Merda Frita



Há por aí todo um fascínio pelo Japão e pela sua cultura. Fascínio esse perigoso se não tivermos um posicionamento crítico sobre aquela sociedade e o seu Estado. Os Mangás e Animes aparecem como uma fofura para a juventude e sobretudo faz parte de um “softpower” que nos fazem esquecer que o país é racista e xenófobo – curiosa a série de TV Tokyo Vice, um “neo-noir” que mostra como é tratado um “gaijin”. Seja como for isto são notícias antigas, a cultura Pop da Coreia do Sul está a ser a nova coqueluche cultural nestes tempos. E talvez seja mesmo o fim da linha para o Japão, que tinha o prenúncio em 2013 quando apareceu um CD que juntava as BiS com os Hijohkaidan.

As BiS (Brand-new Idol Society) é uma banda “idol”, aliás, elas são “alternative idol” se nos quisermos rir ainda mais. O fenómeno “idol” surge no Japão nos anos 60 e mete umas caras larocas a cantar, dançar e a venderem iogurtes ou merda frita. A coisa foi evoluindo ao ponto de serem também bandas de miúdas – tipo Spice Girls mas mais mecânico, histriónico e foleiro. As BiS romperam um coche a foleirada ao misturarem outros sons e temas dentro desta cena de bonecas biónicas, daí “o alternative”. Aliás, foi graças a esse rompimento que apareceu também o Kawaii Metal – com as Babymetal como a grande referência, e sim, é J-Pop com Metal à la Slipknot.

Os Hijohkaidan são da primeira geração de músicos Japanoise – termo ambíguo que tanto quer dizer que são artistas que fazem música com objectos não-musicais amplificados, ruído electrónico, buscas cósmicas (vindo do grande fascínio japonês pelo Prog e psicadélico), o grito punk “um dois três quatro” para depois ouvir-se um gajo a defecar, performers que atirarem sacos de urina ao público, um bulldozer em palco (o concerto de Hanatarash acaba quando este está para atirar um cocktail molotov aceso para o palco), etc… Extremismos vários que tornaram míticos projectos como  Boredoms, C.C.C.C., Incapacitants, KK Null, Gerogerigegege, Ruins e claro o grande deus Merzbow.

Não faço puto ideia quem é que se lembrou de juntar os géneros Idol e Noise, parece mesmo aquelas parcerias de bandas rock decadentes ocidentais em que tens de meter um miúdo novo do Trap que esteja em grande para que continues relevante nos tops e social-media. Só aqui o estranho é que imagino que no Japão ninguém queira saber dos Hijohkaidan, mesmo que tenham uma carreira de terrorismo sónico desde 1979, e prás BiS tenha servido para queimar carreira. Não será assim, claro, como irão ler a seguir… até porque foi editado numa empresa enorme, por isso, já sabem do cliché de que o capitalismo absorve tudo, até Noise!

Assim temos um CD intitulado Bis Kaidan, 27 minutos de som, elas a cantarem aquelas vozinhas irritantes híper-coreografadas – mas também muitas vezes a gritarem como umas desalmadas ou para megafones – com batidas de dance-teen-pop-anime. Por detrás, ouve-se ruído puro do trio de velhinhos (há uma mulher na formação, by the way!) empenhados em fazer disto uma experiência ainda insuportável que o normal. Tudo é errático e caótico, guitarras com feedback e barulho digital. O CD traz uma fotografia como extra de uma das seis BiS, talvez para colecionar e arranjar autógrafo, sei lá…

E se isto deveria ser um disco único para melómanos e amantes do Pop bizarro, a coisa não ficou por aqui. Houve concertos e um disco ao vivo de despedida: 2014.5.6 BiS階段 Last Gig @ WWW. Um duplo CD, cujo livrinho tem fotos dos concertos – é hilariante ver as miúdas ensanguentadas vestidas de fato de colégio com tripas de fora e a fazerem, acho eu, um pacto de suicídio colectivo - o pior “bizness” de sempre como toda a gente sabe. O primeiro CD é absolutamente insuportável, o tema nerve é repetido 13 vezes, como uma performance de endurance (para todos! Público e músicos) em que vamos ouvindo um tema especialmente fofinho irritante “em loop” durante 50 e tal minutos creio, não tenho coragem de voltar a por o disco nem para ver esta informação tão relevante para este artigo. Por detrás, mais uma vez, os Kaidan a fazer barulho! O segundo disco já são vários temas do disco original, menos mal. Mas sim fiquemos pelo disco original, evitem o “ao vivo”, para vossa sanidade mental. Por outro lado, pode ser uma boa forma de desmame e desintoxicação da cultura nipónica!

Artigo publicado na Merda Frita Mensal #2

quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

Mais uma pró currículo!


 

Pelos vistos vou participar disto, ainda bem que recebo emails divulgativos da Zaratan...

sexta-feira, 22 de novembro de 2024

As rosas cheiram bem?




As compilações Desert Roses (e outras que aparecem por aí a dizer "isto é música árabe") ora são o puro Orientalismo - segundo a Teoria de Edward Said da forma como o "Ocidente" vê os "orientais" - ou é mandar à favas a todos que esperam essa mesma pureza fantasiada. Esta colectânea é um misto das duas atitudes ao ponto de se encontrar aqui Reggaeton (Tres Mundos), um insuportável italiano fatelo (Piero Esteriore) a usar arabescos ("apropriação cultural" dirão os PCs da vida), metal de videojogo (Baghdad Heavy Metal) ou Reggae (Gnawa Diffusion) em alegre sintonia com a Aldeia Global - se calhar num volume anterior até lá 'tá o Candy Shop do 50 Cent! Este é o quinto volume editado pela CIA (Copeland International Arts) e é de 2007. A maioria das músicas são do Líbano mas há aqui também sons do Egipto e da Argélia, por exemplo, sem que essas fronteiras sonoras sejam identificadas algures no objecto editorial. Obviamente que é mais um disco de capitalização do exótico para se ouvir num bar giro - só não sei bem é aonde... O que vale é que os CDs estão baratos, no meio dos espinhos colhe-se umas rosas, nem que seja porque a "média" desta música do "Oriente" turístico sempre é melhor que a merda do Pop Ocidental...

La Légende Du Raï, vol. 1 (The Intense Music; 2003) é uma colectânea manhosa que se calhar deve ser vendida nas autoroutes francesas, tanto que outros volumes da "colecção" inclui outras antologias "best of" de Chales Aznavour, "stars des sixties", Edith Piaf e outras situações que não consigo identificar nem me interessa... O Raï é um estilo de Pop da Argélia, muitas vezes perseguido pelo Estado e senhores da moral mas que devido à sua popularidade não conseguem abafar. Não creio que falem de política directamente mas já sabemos que os ditadores do mundo não curtem nada sensualidade do amor. Não percebendo as letras fica uma impressão de uma música popular - em que os sintetizadores trouxeram uma universalidade seja no mundo árabe, Cabo Verde, Portugal ou Balcãs, vai-se lá explicar, ou então a família humana tem menos diferenças que os nacionalistas nos impingem! - entre vozes sofridas (de amor? luxúria?), algum trolóló funky (amor conquistado?), alguma intoxicação sonora (?), vozes masculinas, vozes femininas, vozes de crianças (?), alguns stars (com centenas de k7s editadas como o Khaled, quem? Bom, o gajo até aparece duas vezes neste CD, por isso, respeitinho!) e outros nada conhecidos (cóf cóf cóf). Um argelino poderá ficar tão fascinado com um disco de Pimba que apanhasse numa gasolineira na A22. Embora o Raï tenha mais pathos e instrumentais mais bonitos.

quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Michel Faber : Listen - on music, sound and us (Canongate; 2023)

Foi a Flur que recomendou este livro e ainda bem que caí na esparrela... Só que ainda estou a processar este generoso epitáfio sobre o ideal de consumo da música do século XX. Talvez venha a editar este "post" daqui uns dias...

Faber nem é académico da música (ainda bem) nem é um crítico especialista de música, é "apenas" um escritor que sabe do seu métier para condensar e redigir - mas sobretudo alertar - sobre a maneira como sentimos a música. Do colecionismo em negação - o capítulo em que tenta livrar-se do disco This Inheritance must be refused é hilariante! -, a falocracia em negação que absorvemos seja da Wikipedia seja da imprensa especializada (curiosamente estava a ler o livro quando os escândalos sexuais no Jazz português explodiram), o holiganismo em negação como nos deixamos influenciar pelos outros ou ainda os malefícios da Nostalgia... tema a tema, taco a taco, sem ficarmos a conhecer mais sobre esta ou aquela banda - nem sempre é verdade mas os exemplos são demasiado aleatórios quer para o mau quer para o bom, para que isso seja a essência do livro - ficamos a compreender melhor as nossas escolhas musicais. 

Ou pelo menos as dos consumidores anglo-saxónicos. Há música a rodos neste mundo para descobrir sendo uma missão impossível poder ouvir toda a música que existe e que vai existir. Faber diz-nos que não temos de ficar pelos cânones de gajos brancos (e "gajos" significa literalmente mesmo humanos com pénis) e como tal podemo-nos libertar de qualquer pressão de grupo, basta ter curiosidade pelo "outro". Há uma ternura e um humor neste livro que o torna numa mensagem de amor e de esperança para todos os melómanos - e até para os não-melómanos!

 PS - ele "trasha" um coche no Henry Rollins que se acha muito esperto. Boa Faber! Nunca curti esse caralho!

quinta-feira, 19 de setembro de 2024

El Brujo está morto, viva El Brujo!


Ainda só no outro dia soube da morte do Pinche Peach e ontem morreu o Brujo! 
Brujeria No Más! 

quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Deste vez é mesmo aqui ao lado...

 


Acontece no dia 14 de Setembro, às 15h30, na Casa da Achada uma conversa com Marcos Farrajota (mais uma vez) sobre Carlos Botelho, no âmbito da exposição A vida sem palavras.

quinta-feira, 29 de agosto de 2024

Brix Smith Start : Rhe Rise, The Fall, and the Rise (Faber & Faber; 2016)

 Verão e biografias de roqueiros e outros loucos relacionados. I love it! Total sucker! E saiu-me esta Brix - nome vindo pelo seu amor (partilho o mesmo) pelo tema Guns of Brixton dos Clash, e da música punk e post-punk britânica.

Princesinha californiana que foi parar ao pesadelo do proletário inglês e as suas morcelas, Brix é daquelas figuras que teve mais vidas que um gato e cujas relações ultrapassam os famosos "seis graus de separação". Rodeada por uma família disfuncional, com problemas de auto-estima (que inclui bulimia e anorexia), abusada sexualmente (esse desporto nacional dos EUA - perdoem-me a piada mas é uma nação culturalmente baseada em "rape culture" e já não há paciência para o que se passa por lá até as mulheres americanas tomarem os ensinamentos de Solanas e Bobbitt de vez) e que conheceu, apaixonou-se e casou-se (e divorciou-se) do Mark E. Smith (1957-2018) dos The Fall
 
A única coisa de boa que este peido velho (e morto) de Manchester foi de lhe dar (e tirar) confiança para investir na música - ao que parece ela fez parte de um período dourado dos The Fall, entre 1983 e 1989 mas sinceramente não faço mínima, nunca foi banda que me tivesse interessado. Confiança que esgotou a dada altura, tendo-se dedicada à moda desde 2002. Entretanto desde 2016 que voltou com bandas suas que ainda não tive tempo para ouvir.
 
Sincera - como é normal nestas obras autobiográficas - sem filtros, sem ser ordinária a lavar roupa suja ou à procura de vingança barata, eis um livro perfeito para as férias ou para os transportes públicos de regresso ao trabalho. Só digo mais isto, Brix ainda teve relações com o Rato Mickey (shit you not!) e o foleiro Nigel Kennedy. Os seis graus vão ainda às Bangles e Hole... e Donovan! Ufa! Intenso! Aliás, intensa!

Uma nota final: no sítio da Faber atrevem-se a dizer que The Fall foi "most powerful and influential anti-authoritarian postpunk band in the world"... WTF!? Anti-autoritária? Toda gente sabe, e não é preciso ler este livro, para saber que Smith era um filho da puta de primeira! E autoritário! JIIsus fuck! Pelo som da banda parecer tão "free form", lembra o que escreveu em tempos o Rui Eduardo Paes sobre Sun Ra, Zappa, Kuti e Captain Beafheart que também pareciam todos estes líderes de bandas (e a palavra "líder" não engana) uns grandas malucos, anarquistas, improvisadores sem hierarquias mas são sabidas as histórias como todos estes gajos despediam, torturavam, abandonavam nas estradas estrangeiras das tournês e oprimiam os seus "colegas" músicos. Está tudo louco!

quinta-feira, 22 de agosto de 2024

100 Trabalho


Esqueci-me de anunciar esta exposição em que participei com uma velharia do Talento Local... Entretanto esta nova fica já aqui assente, o novo projecto do australiano Michael Fikaris Human Work. + info: aqui 


segunda-feira, 22 de julho de 2024

Vaidade anarquista

Referem a minha tira Centro Anarquista Português de Artes Modestas - mais tarde mudado para Centro Anarquista Internacional de Artes Modestas - neste livro dos 50 anos d'A Batalha recuperada pós-25 de Abril. Dizem que é um belo nome mas escapa "anarquista" na referência do livro. LOL

sexta-feira, 12 de julho de 2024

'Tou na Merda


Finalmente a chavalada do fanzine Merda Frita Mensal passou ao titio Farrajota o número 2 em que participo com um texto sobre Japanoise. Num mundo divido em velhos que voltam a fazer zines sem interesse nenhum porque há realmente uma certa atitude para fazer este tipo de publicações e um mundo de miúdos empreendores higiénicos que se chateiam na 'net, esta Merda é antítese disto tudo: livre, provocador xixi-cócó, quesafoda-o-mundo... Um bocado solipsista natural da idade, é um fanzine porreiro mas que é merda.

Acho que se pode pedir práui: merdafrita89@gmail.com - 89?

quarta-feira, 26 de junho de 2024

alt-Nunsky

Nunsky é entrevistado no H-alt. Entretanto raptaram aqui uma prancha da estreia do artista no Mesinha de Cabeceira #4 (1994) antes de um verdadeiro Nazi Skins Massacre!!!!!
 

sexta-feira, 21 de junho de 2024

Ritalina

O mercado português do livro anda cheia de paca e até edita duas autobiografias da brasileira-mutante Rita Lee (1947-2023). A julgar pela falta de tradução de português brasileiro para o de Portugal, a editora Contraponto (do grupo Bertrand) têm a consciência que existe uma enorme população brasileira a viver por cá, por isso não vale a pena perder tempo com "traduções" até porque temos um acordo ortográfico merdoso que "une" as duas línguas. Lee alguma vez foi grande em Portugal comparando com outros músicos brasileiros? Acho que não... A escrita da maior "porra-louca" é "multiculti", divertida, descomprometida, cheia de estrangeirismos sobretudo em inglês gringo (isto sim é traduzido) e expressões mestiças como "roquerou". Sendo verdade que os portugueses estão expostos ao português BR desde sempre com a importação de "quadrinhos" (Disney, Marvel, DC, Turma da Mônica), exibição de 'novelas na TV e vídeos de parvalhões do Youtube, ainda assim há expressões que passam ao lado ao português "iluminado" e que não justifica não terem feito um "aportuguesamento PT" da sua escrita.

Uma Biografia (2017) é uma colecção de memórias de família, de intimidades, toxicidades e da sua carreira musical. É engraçado que Rita Lee sendo uma mulher "sem qualidades" - não é de uma beleza espampanante, não tem uma voz magistral nem é virtuosa como músico - consegue ser isso tudo e melhor que todas as criaturas que vão aos programas de talentos para serem mastigadas pelo putedo da indústria fonográfica e afins. O que Rita nos ensina é que quando se tem algo para dizer e imaginação, estas podem ter mais força que os corpos perfeitos da máquina do sistema. E mesmo quando se vive em estado de repressão, afinal Rita viveu durante a Ditadura Militar, tendo sido censurada e até foi presa durante a gravidez do seu primeiro filho. Cheia de esquemas e histórias cómicas e trágicas, eis uma leitura para o Verão que se aproxima, até porque a música dela, a solo, pós-Mutantes, é quase toda ela Pop levezinha e descartável, como tudo nesta altura.

A sua sinceridade é inspiradora, seja para as boas ou más decisões, é sempre divertida mesmo quando vai ao fundo. Esta escrita será repetida no Outra autobiografia (2023) que regista o final de vida de Lee numa luta contra o Cancro. No meio de medicamentos e terapias mil, dores e a percepção que a Morte se aproxima, Rita é a última a rir.

De resto, as edições incluem as fotografias memorabilia de praxe (fotos da família, animais, concertos, celebridades, acidentes, etc...) sendo as mais impressionantes as do último livro, claro, uma Rita desgastada pela doença e pela velhice mas também com desejos psicadélicos. 
 
Uma figura extraordinária que se soube reinventar até ao fim. Fofa!

terça-feira, 11 de junho de 2024

Farra & Diana


16 anos depois de passar por Lisboa, eis Mike Diana pela Feira do Livro de Lisboa a passear um bébé espancado que adoptou na feira da ladra... E já agora, ele está a usar uma t-shirt serigrafada pelo Gonçalo Duarte, procurem se quiserem passar vergonhas públicas!

terça-feira, 4 de junho de 2024

José Moura : "Turning the crank : The NoHo Scene 1979-1982" (Holuzam; 2024)

 José Moura tem sido uma caixinha de surpresas com os seus Cadernos de Divulgação, e eis que se lançou noutra aventura impressa musical, a de compilar informação de uma micro-cena num livrinho, oficialmente companheiro de um EP mas que pode ser vendido e lido separadamente... 
Que importância terão três projectos musicais efémeros - a saber, The Higher Primates, The Scientific Americans e Human Error? Talvez o nome de Elliott Sharp se destaque para que ninguém fique à toa. E algures no meio Stevie Wonder e os Pere Ubu em poucos graus de separação... Mesmo o que estes ilustres desconhecidos não sei se terão o ónus de ser os pioneiros da comunhão Rock e Dub, No Wave e Dance, parecem alinhados aos seus tempos - peno nos ricaços YelloYello. Talvez um especialista o possa reparar, não sei... Nem sei se o livro o dá atender na realidade nem percebo o investimento de uma loja e editora de música de Lisboa a pegar numa micro-cena dos gringos, até pode parecer ser irónico, porque geralmente são os grandes países que vão recuperar o passado dos desgraçados... 
Escrevem nos press: Northampton, Massachusetts. As Cinco Universidades. Universidade de Hampshire. Educação progressista. Cursos de Música Electrónica. Uma vasta população estudantil criou e sustentou uma vibrante cena cultural. Isto é apenas um vislumbre de uma fracção, mas fértil e com impacto nas vidas de muitos que com ela contactaram. O livro segue um grupo de indivíduos que se juntaram, fizeram música, promoveram-na e editaram-na, criaram condições para outros gravarem e editarem música, programaram bandas e, no fim, dispersaram-se pelo interior e Costa Leste dos Estados Unidos. 
De resto, independentemente das intenções editoriais e autorais, é sempre fixe ler uma história "menor", longe das grandes narrativas. Como dizia o recém-falecido Albini, a história do Rock não vai dos Beatles aos Sex Pistols e destes aos Nirvana, sempre houve muito mais coisas pelo meio. Há episódios bem divertidos neste livrinho, documentos gráficos e o modus operandi de um mundo que já lá vai...

sexta-feira, 17 de maio de 2024

European Arapaima


Manipular os media é sempre bom porque assim de passados 6 anos pode-se ouvir Breakcore na Rádio Nacional. O Domestic Arapaima foi aconselhado aqui pela casa... 

quarta-feira, 8 de maio de 2024

Play a Phil Collins song at me while I'm grocery shopping? Pay me twenty dollars. Def Leppard? Make it a hundred. Miley Cyrus? They don't print money big enough.

Steve Albini RIP (Rapeman In Peace)

O meu verdadeiro ídolo e herói. 

A partir de agora, só fica a merda..


PS - agora percebo porque há mesma hora que foi anunciado a sua morte estava a ler este artigo... A coincidência estava-me a parecer demasiado "creepy"...