sexta-feira, 25 de agosto de 2006

Betos freaks

Tool: "10 000 days" (Tool Dissectional / Volcano / Zomba / Sony BMG; 2006)

É uma banda com um carisma muito especial, que em 15 anos de carreira editou pouco mais que um EP e quatro álbuns (este é o quarto) e foram parar ao Topo do Mundo. Começando pelas malhas do "alternativo", cedo deram as voltas suficientes para que os rótulos não fossem suficientes - como Prog Rock ou Math Metal. E realmente até a Lateralus (Volcano; 2001), os Tool souberam reinventarem-se e baralhar o sistema. Não creio que suceda o mesmo com este 10 000 days que não sai das balizas já criadas em Ænima (Volcano; 1996) e Lateralus. O facto de a embalagem trazer duas lentes estereoscópicas (e imagens para ver sob a ilusão das lentes) será uma alusão aos mais de 10 000 olhos que lhes devem devorar à espera de um novo álbum que demorou 5 anos a sair?
Talvez, a fama tem o seu preço mesmo quando os 4 tipos da banda possam ser íntegros e isso tudo, é natural que teria de aparecer um álbum menos inspirado. Quase tudo o que aqui ouvimos é previsível no universo Tool. Ainda assim, logo o primeiro tema, Vicarious - sobre o "gozo" de vermos violência nos media - é daquelas faixas imediatamente viciantes com uma letra forte. Em contra-partida temos Lipan conjunring (uma "faixa-intermezzo") irritante tal é a freakalhice de índio de reserva. Ao longo de longos 75 minutos de abuso formal sobre a capacidade de armazenamento de música num Disco Compacto, vai havendo altos e baixos no álbum, e sobretudo percebemos que aquilo que os Tool nos habituavam como "experimentais" foi completamente abandonado mesmo tendo o Lustmord (SPK e outros mil projectos) numa das faixas. Com tanto djambé e repetição de tiques Rock normalizados (na senda da chachada-lamechas que são os paralelos A Perfect Circle) deveria reduzir-se a importância da banda no panorama actual...

Qualidade numérica: 3,5/5 Objectivo pós-audição: guardar para curtir as lentes que oferecem na embalagem

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