sábado, 5 de agosto de 2006

Quem ouve música também gosta de ler sobre música - III

O Cosmos tem destas coisas, em 6 meses, comprei um livro de Rui Eduardo Paes (REP), descobri o seu mundo enquanto crítico e investigador sobre música, conheci-o pessoalmente e acabei por vê-lo "em acção" num debate sobre Copyright na Bedeteca de Lisboa. E por isto tudo gostaria de divulgar modestamente os seus livros. Modestamente porque este blogue é pouco conhecido e porque esta divulgação é quase inútil uma vez que a editora Hugin faliu o ano passado tendo os livros de REP desaparecido das livrarias...

Ironia das ironias comprei "Stravinsky morreu : devoções e utopias da música" (Hugin; 2003) em Desembro de 2005, justamente quando o facto da falência da editora estava consumado, num "mercado do livro" - evento inventado para escoar os livros que não conseguiram vender durante o ano a preços finalmente acessíveis às pessoas que se queiram cultivar minimamente, geralmente os livros estão amontoados como cadáveres após um banho de Zyclon B e estes mercados são realizados em barracas ou outros sítios públicos como terminais ferroviários. Devo admitir que simplesmente devorei o livro tal era o interesse e "novidades-anunciadas" dos vários "ensaios-berbequins-perfuradores-do-cráneo", todos eles imersos na discussão sobre "música e política", ou sobre o que é um acto criativo sobre o som e a sua confrontação com o "sistema". Se esperam um musicólogo chato com defeitos de "name-dropping", enganem-se, REP tem uma abrangência de referências que podem ir dos Crass (Anarcho-Punk) ao grande compositor Xenakis sem que haja qualquer espécie de condescendência intelectual.

"Phonomaton : As novas músicas no início do Séc. XXI" (Hugin; 2001) é menos interessante como livro, afirmação injusta logo à partida. Não que a escrita e saber de REP tenha descido de nível, é só que tem uma estrutura mais confusa e menos classificativa. Os artigos e as entrevistas aparecem (aparentemente) sem razão ou critério, ainda assim, continua a ser um livro interessante pelas pistas que dá sobre músicos e criadores sonoros. Provavelmente como documento terá o seu interesse "patrimonial" pois são entrevistados autores como Major Eléctrico, Rafael Toral, René Bertholo, Adriana Sá, Vitriol, entre outros, com um enfoque em especial para os seus métodos de trabalho.

Foi Júcifer que me telefonou a avisar que tinha encontrado um livro do REP numa livraria qualquer (da Valentim de Carvalho?). « - Compra, compra!!!» gritei!

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