quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Um tempero para esta semana...

É natural chegar ao aeroporto de Helsínquia e apanhar logo com uma loja do Moomin, criação de Tove Jansson (1914-2001) que começou com livros ilustrados para a infância em 1945 seguido por uma geniais tiras de bd em 1954, que têm sido alvo de reedição em inglês (via Drawn & Quarterly) e em francês (melhor edição, diga-se, pela Le Lézard Noir). Os desenhos são de uma elegância tal como esta deverá ser a família mais anarca da história da bd. O humor é tão inteligente e sensível que merece muito mais o cunho "para todo o público" do que os sobrevalorizados Astérixes e Tintins.
Talvez por isso que os livros tiveram o impacto que tiveram na Finlândia - e pelo mundo fora. Claro que estas criacções acabam estampadas em cuecas, canecas, refrigerantes manhosos (primeira imagem!) e afins. E a Finlândia deve ter o seu orgulho "Moomin-mania" em que os bonecos ultrapassam os desenhos animados que ultrapassam os livros ilustrados que ultrapassam a bd... Topei que muitos finlandeses nem percebem que existe a bd - realço, de uma qualidade imbatível! Tanto que até as instituições que defendem este património parecem ignorar a bd também. Estive hoje em Tampere, cidade que acolhe o Museu Moomin, com um espólio de 2000 obras da autora e relacionado. Tira de bd? Nem uma! Há belas ilustrações é certo como já se pode ter visto em Lisboa na exposição Truth or tales: Exposição de ilustração de Livro para a Infância (org. pela Bedeteca de Lisboa no Palácio Galveias em 2008) mas tiras de bd? Zero! Talvez porque as bds ao terem sido originalmente publicadas para o jornal inglês Evening News tenham sido destruídas (como aconteceu com muitos originais de bd no passado, cujos editores não ficavam com os originais como não os conservavam) ou então é alguma treta com copyrights com o jornal. Ou então os tipos do museu ignoram a bd de propósito. Muito estranho...

Depois do Museu, almoço com o Tommi Musturi e Jarno Latva-Nikkola num indiano (alguma vez irei a um restaurante com comida finlandesa?), seguido por visitas a lojas de discos e exposições pela cidade. A última foi dentro de um centro comercial feita por estudantes (?) de Artes que resistiram a um mini-escândalo qualquer - um dos trabalhos foi retirado não sei bem porquê. Seja como for, os artistas alugaram ou convenceram a direcção do centro para fazer uma exposição com o tema "Anti-matéria". Algumas peças tinham força...
A "Globalização + Capitalismo Selvagem + União Europeia" não poupa nem os mercados nórdicos. Cada vez há menos lojas de pequenos negócios e cada vez há mais espaços comerciais fechados / abandonados tal como acontece em Portugal, por exemplo. Nestes países (como o nosso com a devida distância) deixarem fazer acções deste tipo saí fora do comportamento normal dos senhorios / proprietários. Nada como uma boa crise económica para mudar as atitudes? Pode ser que moda chegue à Baixa Lisboeta um dia destes...

Kiitos aos companheiros de viagem Mikko Orpana e Agatha. São chatas as estradas finlandesas!

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