Pela cor salmão-salmonela da capa não confundam este monte de merda com a Audimat até porque estamos em caminhos completamente opostos. Logo a começar pelo formatinho e design económico que lembra os almanaques Reader's Digest ou "westerns pulp fiction shit" que ainda sobreviveram em Portugal até aos anos 80. O "brand new you're retro" (Tricky) assenta como uma luva mas não me queixo.
É uma revista francesa sobre música - redigida em francês, sorry - que é um mimo para quem recentemente deixou cair a assinatura da The Wire por já não conseguir absorver tanta informação todos os meses. Os artigos dirigem-se muito para o passado com a missão de desmistificar a cultura Pop/Rock, tão dada a lendas e desinformação, como podem ver pela capa: House francês, psicadelismo, a cultura de música de dança em Nova Iorque, Techno minimal,... Se calhar sentimos mais confortáveis a ler sobre o passado ou é apenas um sentimento de estagnação e nostalgia que sentimos até aos dias de hoje - e quando escrevo "dias de hoje" meto como baliza este novo mundo do Corona Vírus, que sem dúvida trará um abalo na cultura e arte.
Audimat reflecte o tempo parado desta década que acabou sem que isso prejudique a sua qualidade de escrita e interesse de conteúdos, muito pelo contrário, os artigos são bastante bons. E bónus, desculpem a ironia, até há um artigo prá "frentex" sobre "field recordings" e como eles podem ser instrumentos de combate ao Capitaloceno, ideologicamente por registrar sons de mundos naturais que desaparecem e intervindo ecologicamente como o exemplo de David Dunn que conseguiu impedir uma praga de insectos de destruírem uma floresta usando som invés de poluentes pesticidas.
Já fiz assinatura, ou pensavam que ia ficar em casa a ler os suplementos culturais dos jornais portugueses? Fuck you!!!
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