sábado, 20 de novembro de 2021

Conteúdo sifilítico

 


Há tantas formas de como abordar o LP de estreia dos franceses Treponem Pal (Roadrunner; 1989) que me perco. Uma delas é que esquecemos sempre a França como um país em que se encontra música que nunca é celebrada apesar da influência real que possa ter pelo mundo. Num esquema autofágico seria fácil pensar Métal Urbain -> Big Black -> Ministry -> Treponem Pal, sendo os primeiros e últimos franceses e os do meio gringos como bem se sabe.

Metal Industrial entre Godflesh e Young Gods - e não é só a voz de Marc Neves que lembra a de Francis José Conceição Leitão Treichler (sorry, não resisti) dos Young Gods que soa parecido mas também toda uma cadência sonora que lembra os primeiros discos de YG, para além de Treichler ter feito produção deste disco e de outros dos Trepo - ehm, onde ia? ... 

É um género muito datado entre 1988 a 1995, diria. Sons tensos e pesados para ninguém se sentir alegre e pateta. O problema sempre é o que fazer com isto depois de se fazer dois ou três álbuns repetitivos? No caso deles foram para o electro-dub mas sem gênio e claro quando o pessoal envelhece sempre mal, do puto magricelas giraço ao balofo tatuado e anéis que parece uma sucata onde as modas urbanas vão lá parar - por favor, não quero conhecer o Max Cavalera nem o Al Jourgensen agora. 

A coisa torna-se genérica e a música perde valor para "conteúdo" como agora se diz, porque haverá sempre uma nova série de bosta na Netflix que precisa de um tema "indus-metal" para uma cena qualquer. Este disco ainda parte loiça e dá para um valente "headbanging" caseiro quando a esposa não está na mesma sala, não vá ela pensar que anda com um teenager misantropo.

Sem comentários: