quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

Mais uma pró currículo!


 

Pelos vistos vou participar disto, ainda bem que recebo emails divulgativos da Zaratan...

sexta-feira, 22 de novembro de 2024

As rosas cheiram bem?




As compilações Desert Roses (e outras que aparecem por aí a dizer "isto é música árabe") ora são o puro Orientalismo - segundo a Teoria de Edward Said da forma como o "Ocidente" vê os "orientais" - ou é mandar à favas a todos que esperam essa mesma pureza fantasiada. Esta colectânea é um misto das duas atitudes ao ponto de se encontrar aqui Reggaeton (Tres Mundos), um insuportável italiano fatelo (Piero Esteriore) a usar arabescos ("apropriação cultural" dirão os PCs da vida), metal de videojogo (Baghdad Heavy Metal) ou Reggae (Gnawa Diffusion) em alegre sintonia com a Aldeia Global - se calhar num volume anterior até lá 'tá o Candy Shop do 50 Cent! Este é o quinto volume editado pela CIA (Copeland International Arts) e é de 2007. A maioria das músicas são do Líbano mas há aqui também sons do Egipto e da Argélia, por exemplo, sem que essas fronteiras sonoras sejam identificadas algures no objecto editorial. Obviamente que é mais um disco de capitalização do exótico para se ouvir num bar giro - só não sei bem é aonde... O que vale é que os CDs estão baratos, no meio dos espinhos colhe-se umas rosas, nem que seja porque a "média" desta música do "Oriente" turístico sempre é melhor que a merda do Pop Ocidental...

La Légende Du Raï, vol. 1 (The Intense Music; 2003) é uma colectânea manhosa que se calhar deve ser vendida nas autoroutes francesas, tanto que outros volumes da "colecção" inclui outras antologias "best of" de Chales Aznavour, "stars des sixties", Edith Piaf e outras situações que não consigo identificar nem me interessa... O Raï é um estilo de Pop da Argélia, muitas vezes perseguido pelo Estado e senhores da moral mas que devido à sua popularidade não conseguem abafar. Não creio que falem de política directamente mas já sabemos que os ditadores do mundo não curtem nada sensualidade do amor. Não percebendo as letras fica uma impressão de uma música popular - em que os sintetizadores trouxeram uma universalidade seja no mundo árabe, Cabo Verde, Portugal ou Balcãs, vai-se lá explicar, ou então a família humana tem menos diferenças que os nacionalistas nos impingem! - entre vozes sofridas (de amor? luxúria?), algum trolóló funky (amor conquistado?), alguma intoxicação sonora (?), vozes masculinas, vozes femininas, vozes de crianças (?), alguns stars (com centenas de k7s editadas como o Khaled, quem? Bom, o gajo até aparece duas vezes neste CD, por isso, respeitinho!) e outros nada conhecidos (cóf cóf cóf). Um argelino poderá ficar tão fascinado com um disco de Pimba que apanhasse numa gasolineira na A22. Embora o Raï tenha mais pathos e instrumentais mais bonitos.

quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Michel Faber : Listen - on music, sound and us (Canongate; 2023)

Foi a Flur que recomendou este livro e ainda bem que caí na esparrela... Só que ainda estou a processar este generoso epitáfio sobre o ideal de consumo da música do século XX. Talvez venha a editar este "post" daqui uns dias...

Faber nem é académico da música (ainda bem) nem é um crítico especialista de música, é "apenas" um escritor que sabe do seu métier para condensar e redigir - mas sobretudo alertar - sobre a maneira como sentimos a música. Do colecionismo em negação - o capítulo em que tenta livrar-se do disco This Inheritance must be refused é hilariante! -, a falocracia em negação que absorvemos seja da Wikipedia seja da imprensa especializada (curiosamente estava a ler o livro quando os escândalos sexuais no Jazz português explodiram), o holiganismo em negação como nos deixamos influenciar pelos outros ou ainda os malefícios da Nostalgia... tema a tema, taco a taco, sem ficarmos a conhecer mais sobre esta ou aquela banda - nem sempre é verdade mas os exemplos são demasiado aleatórios quer para o mau quer para o bom, para que isso seja a essência do livro - ficamos a compreender melhor as nossas escolhas musicais. 

Ou pelo menos as dos consumidores anglo-saxónicos. Há música a rodos neste mundo para descobrir sendo uma missão impossível poder ouvir toda a música que existe e que vai existir. Faber diz-nos que não temos de ficar pelos cânones de gajos brancos (e "gajos" significa literalmente mesmo humanos com pénis) e como tal podemo-nos libertar de qualquer pressão de grupo, basta ter curiosidade pelo "outro". Há uma ternura e um humor neste livro que o torna numa mensagem de amor e de esperança para todos os melómanos - e até para os não-melómanos!

 PS - ele "trasha" um coche no Henry Rollins que se acha muito esperto. Boa Faber! Nunca curti esse caralho!

quinta-feira, 19 de setembro de 2024

El Brujo está morto, viva El Brujo!


Ainda só no outro dia soube da morte do Pinche Peach e ontem morreu o Brujo! 
Brujeria No Más! 

quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Deste vez é mesmo aqui ao lado...

 


Acontece no dia 14 de Setembro, às 15h30, na Casa da Achada uma conversa com Marcos Farrajota (mais uma vez) sobre Carlos Botelho, no âmbito da exposição A vida sem palavras.

quinta-feira, 29 de agosto de 2024

Brix Smith Start : Rhe Rise, The Fall, and the Rise (Faber & Faber; 2016)

 Verão e biografias de roqueiros e outros loucos relacionados. I love it! Total sucker! E saiu-me esta Brix - nome vindo pelo seu amor (partilho o mesmo) pelo tema Guns of Brixton dos Clash, e da música punk e post-punk britânica.

Princesinha californiana que foi parar ao pesadelo do proletário inglês e as suas morcelas, Brix é daquelas figuras que teve mais vidas que um gato e cujas relações ultrapassam os famosos "seis graus de separação". Rodeada por uma família disfuncional, com problemas de auto-estima (que inclui bulimia e anorexia), abusada sexualmente (esse desporto nacional dos EUA - perdoem-me a piada mas é uma nação culturalmente baseada em "rape culture" e já não há paciência para o que se passa por lá até as mulheres americanas tomarem os ensinamentos de Solanas e Bobbitt de vez) e que conheceu, apaixonou-se e casou-se (e divorciou-se) do Mark E. Smith (1957-2018) dos The Fall
 
A única coisa de boa que este peido velho (e morto) de Manchester foi de lhe dar (e tirar) confiança para investir na música - ao que parece ela fez parte de um período dourado dos The Fall, entre 1983 e 1989 mas sinceramente não faço mínima, nunca foi banda que me tivesse interessado. Confiança que esgotou a dada altura, tendo-se dedicada à moda desde 2002. Entretanto desde 2016 que voltou com bandas suas que ainda não tive tempo para ouvir.
 
Sincera - como é normal nestas obras autobiográficas - sem filtros, sem ser ordinária a lavar roupa suja ou à procura de vingança barata, eis um livro perfeito para as férias ou para os transportes públicos de regresso ao trabalho. Só digo mais isto, Brix ainda teve relações com o Rato Mickey (shit you not!) e o foleiro Nigel Kennedy. Os seis graus vão ainda às Bangles e Hole... e Donovan! Ufa! Intenso! Aliás, intensa!

Uma nota final: no sítio da Faber atrevem-se a dizer que The Fall foi "most powerful and influential anti-authoritarian postpunk band in the world"... WTF!? Anti-autoritária? Toda gente sabe, e não é preciso ler este livro, para saber que Smith era um filho da puta de primeira! E autoritário! JIIsus fuck! Pelo som da banda parecer tão "free form", lembra o que escreveu em tempos o Rui Eduardo Paes sobre Sun Ra, Zappa, Kuti e Captain Beafheart que também pareciam todos estes líderes de bandas (e a palavra "líder" não engana) uns grandas malucos, anarquistas, improvisadores sem hierarquias mas são sabidas as histórias como todos estes gajos despediam, torturavam, abandonavam nas estradas estrangeiras das tournês e oprimiam os seus "colegas" músicos. Está tudo louco!

quinta-feira, 22 de agosto de 2024

100 Trabalho


Esqueci-me de anunciar esta exposição em que participei com uma velharia do Talento Local... Entretanto esta nova fica já aqui assente, o novo projecto do australiano Michael Fikaris Human Work. + info: aqui 


segunda-feira, 22 de julho de 2024

Vaidade anarquista

Referem a minha tira Centro Anarquista Português de Artes Modestas - mais tarde mudado para Centro Anarquista Internacional de Artes Modestas - neste livro dos 50 anos d'A Batalha recuperada pós-25 de Abril. Dizem que é um belo nome mas escapa "anarquista" na referência do livro. LOL

sexta-feira, 12 de julho de 2024

'Tou na Merda


Finalmente a chavalada do fanzine Merda Frita Mensal passou ao titio Farrajota o número 2 em que participo com um texto sobre Japanoise. Num mundo divido em velhos que voltam a fazer zines sem interesse nenhum porque há realmente uma certa atitude para fazer este tipo de publicações e um mundo de miúdos empreendores higiénicos que se chateiam na 'net, esta Merda é antítese disto tudo: livre, provocador xixi-cócó, quesafoda-o-mundo... Um bocado solipsista natural da idade, é um fanzine porreiro mas que é merda.

Acho que se pode pedir práui: merdafrita89@gmail.com - 89?

quarta-feira, 26 de junho de 2024

alt-Nunsky

Nunsky é entrevistado no H-alt. Entretanto raptaram aqui uma prancha da estreia do artista no Mesinha de Cabeceira #4 (1994) antes de um verdadeiro Nazi Skins Massacre!!!!!
 

sexta-feira, 21 de junho de 2024

Ritalina

O mercado português do livro anda cheia de paca e até edita duas autobiografias da brasileira-mutante Rita Lee (1947-2023). A julgar pela falta de tradução de português brasileiro para o de Portugal, a editora Contraponto (do grupo Bertrand) têm a consciência que existe uma enorme população brasileira a viver por cá, por isso não vale a pena perder tempo com "traduções" até porque temos um acordo ortográfico merdoso que "une" as duas línguas. Lee alguma vez foi grande em Portugal comparando com outros músicos brasileiros? Acho que não... A escrita da maior "porra-louca" é "multiculti", divertida, descomprometida, cheia de estrangeirismos sobretudo em inglês gringo (isto sim é traduzido) e expressões mestiças como "roquerou". Sendo verdade que os portugueses estão expostos ao português BR desde sempre com a importação de "quadrinhos" (Disney, Marvel, DC, Turma da Mônica), exibição de 'novelas na TV e vídeos de parvalhões do Youtube, ainda assim há expressões que passam ao lado ao português "iluminado" e que não justifica não terem feito um "aportuguesamento PT" da sua escrita.

Uma Biografia (2017) é uma colecção de memórias de família, de intimidades, toxicidades e da sua carreira musical. É engraçado que Rita Lee sendo uma mulher "sem qualidades" - não é de uma beleza espampanante, não tem uma voz magistral nem é virtuosa como músico - consegue ser isso tudo e melhor que todas as criaturas que vão aos programas de talentos para serem mastigadas pelo putedo da indústria fonográfica e afins. O que Rita nos ensina é que quando se tem algo para dizer e imaginação, estas podem ter mais força que os corpos perfeitos da máquina do sistema. E mesmo quando se vive em estado de repressão, afinal Rita viveu durante a Ditadura Militar, tendo sido censurada e até foi presa durante a gravidez do seu primeiro filho. Cheia de esquemas e histórias cómicas e trágicas, eis uma leitura para o Verão que se aproxima, até porque a música dela, a solo, pós-Mutantes, é quase toda ela Pop levezinha e descartável, como tudo nesta altura.

A sua sinceridade é inspiradora, seja para as boas ou más decisões, é sempre divertida mesmo quando vai ao fundo. Esta escrita será repetida no Outra autobiografia (2023) que regista o final de vida de Lee numa luta contra o Cancro. No meio de medicamentos e terapias mil, dores e a percepção que a Morte se aproxima, Rita é a última a rir.

De resto, as edições incluem as fotografias memorabilia de praxe (fotos da família, animais, concertos, celebridades, acidentes, etc...) sendo as mais impressionantes as do último livro, claro, uma Rita desgastada pela doença e pela velhice mas também com desejos psicadélicos. 
 
Uma figura extraordinária que se soube reinventar até ao fim. Fofa!

terça-feira, 11 de junho de 2024

Farra & Diana


16 anos depois de passar por Lisboa, eis Mike Diana pela Feira do Livro de Lisboa a passear um bébé espancado que adoptou na feira da ladra... E já agora, ele está a usar uma t-shirt serigrafada pelo Gonçalo Duarte, procurem se quiserem passar vergonhas públicas!

terça-feira, 4 de junho de 2024

José Moura : "Turning the crank : The NoHo Scene 1979-1982" (Holuzam; 2024)

 José Moura tem sido uma caixinha de surpresas com os seus Cadernos de Divulgação, e eis que se lançou noutra aventura impressa musical, a de compilar informação de uma micro-cena num livrinho, oficialmente companheiro de um EP mas que pode ser vendido e lido separadamente... 
Que importância terão três projectos musicais efémeros - a saber, The Higher Primates, The Scientific Americans e Human Error? Talvez o nome de Elliott Sharp se destaque para que ninguém fique à toa. E algures no meio Stevie Wonder e os Pere Ubu em poucos graus de separação... Mesmo o que estes ilustres desconhecidos não sei se terão o ónus de ser os pioneiros da comunhão Rock e Dub, No Wave e Dance, parecem alinhados aos seus tempos - peno nos ricaços YelloYello. Talvez um especialista o possa reparar, não sei... Nem sei se o livro o dá atender na realidade nem percebo o investimento de uma loja e editora de música de Lisboa a pegar numa micro-cena dos gringos, até pode parecer ser irónico, porque geralmente são os grandes países que vão recuperar o passado dos desgraçados... 
Escrevem nos press: Northampton, Massachusetts. As Cinco Universidades. Universidade de Hampshire. Educação progressista. Cursos de Música Electrónica. Uma vasta população estudantil criou e sustentou uma vibrante cena cultural. Isto é apenas um vislumbre de uma fracção, mas fértil e com impacto nas vidas de muitos que com ela contactaram. O livro segue um grupo de indivíduos que se juntaram, fizeram música, promoveram-na e editaram-na, criaram condições para outros gravarem e editarem música, programaram bandas e, no fim, dispersaram-se pelo interior e Costa Leste dos Estados Unidos. 
De resto, independentemente das intenções editoriais e autorais, é sempre fixe ler uma história "menor", longe das grandes narrativas. Como dizia o recém-falecido Albini, a história do Rock não vai dos Beatles aos Sex Pistols e destes aos Nirvana, sempre houve muito mais coisas pelo meio. Há episódios bem divertidos neste livrinho, documentos gráficos e o modus operandi de um mundo que já lá vai...

sexta-feira, 17 de maio de 2024

European Arapaima


Manipular os media é sempre bom porque assim de passados 6 anos pode-se ouvir Breakcore na Rádio Nacional. O Domestic Arapaima foi aconselhado aqui pela casa... 

quarta-feira, 8 de maio de 2024

Play a Phil Collins song at me while I'm grocery shopping? Pay me twenty dollars. Def Leppard? Make it a hundred. Miley Cyrus? They don't print money big enough.

Steve Albini RIP (Rapeman In Peace)

O meu verdadeiro ídolo e herói. 

A partir de agora, só fica a merda..


PS - agora percebo porque há mesma hora que foi anunciado a sua morte estava a ler este artigo... A coincidência estava-me a parecer demasiado "creepy"...


domingo, 5 de maio de 2024

Paul Henley : "Leave the Capital" (Route; 2017)

 Este livro e como os últimos livros sobre música que tenho escrito aqui recentemente vieram ou devem ir parar à Neat Records, simpática loja de discos em Lisboa. Aliás, este veio de lá e lá voltará. Não que seja mau, até me confirmou o facto que o José Carlos Fernandes ter sido sempre um "name-dropper" chato, mas acaba por ser um livrinho leve e curioso sobre a música gravada em Manchester. 

Como qualquer outra segunda maior cidade de um país, acaba sempre por ser mais interessante que os riquinhos da Capital, olha Lisboa / Porto, por exemplo - mas espera, no Porto é só malta com pasta, certo? Ops! Manchester por ser operária, longe dos "snobs" de Londres, "faz as coisas de forma diferente" (frase lapidar de Tony Wilson), e realmente olhando para bandas como Buzzcocks ou The Smiths, percebemos que faziam de forma diferente.

Mas estas coisas não acontecem por geração espontânea e daí este livrinho ser especial para perceber a história das gravações em "Madchester" para chegarmos aos Stone Roses. Foi nos anos 60 que elementos de bandas Rock com mais ou menos 15 minutos de fama que começaram a investir dinheiro em estúdios para não se terem de se deslocar ao caos / vampirismo de Londres para gravar, contruindo de uma forma orgânica estas estruturas e que se tornaram emblemáticos como o Strawberry e o Pluto, ligados aos elementos dos Mindbenders e Herman's Hermits, respectivamente. Ou aos 10cc, banda Pop/Rock foleira mas que devido às suas experiências e maquinaria desenvolvida no estúdio, criaram o húmus sonoro para o LP Unknown Pleasures dos Joy Division, por exemplo. Este espectro glacial e melancólico tornou-se emblema da cidade e das suas bandas - ou de alguns dos seus  seus temas - tanto que se vai encontrar isso no tema Bankrobber dos londrinos The Clash que gravaram esse tema no Pluto. Por isso, sim havia algo de peculiar em Manchester, tal como noutras cidades também já foram peculiares, antes de tudo ser arrasado pelo menor denominador comum do capitalismo, qual Boring Europa...

Ah! O autor fez parte dos The Fall, e não sei se é por isso (ou pelo espírito da cidade) que escreve com bastante humor. Perfeito para ler no autocarro, ide lá à Neat sacá-lo!

quinta-feira, 18 de abril de 2024

João Lisboa : "Provas de Contacto" (Assírio & Alvim; 1998)

 Passo a vida a queixar-me que há poucos livros portugueses sobre música e no entanto é como as Bruxas, não acredito nelas, mas que existem, existem! Descobri recentemente este aglomerado de entrevistas a cromos como Leonard Cohen, Tom Waits (maravilhosos conversadores!), John Cale, David Bowie (sempre espertinho), David Byrne, Laurie Anderson, Robert Wyatt e a princesa (na altura, hoje Raínha) islandesa Björk. Escreve Lisboa que a gaja dos Sonic 'tava armada em parva ou em punk (porque sempre foi, punk! Nada parva!!!) e não tava numa de lhe responder (imagino ela a topar o ar de beto de Lisboa, crítico do Expresso) mas está boa a entrevista. Rende! Lisboa faz boas perguntas, os textos estão bem encaminhados - não segue uma cronologia mas temas que se vão desenvolvendo ao longo das diferentes personalidades. É um testemunho de uma era que já lá foi, passam-se boas horas de nostalgia e há poucas descobertas para quem tenha andado por ali nos anos 80 e 90, sobretudo na faceta mais burguesa, como é óbvio Lisboa nunca irá perceber Ministry, por exemplo. Sonic Youth já é um pau barulhento para ele e o público do semanário dos cotas - o Expresso era dos cotas na altura e ainda o é, claro. 
Sem comentários em relação à capa mais chata do mundo!! Sempre ouvi falar na ignorância gráfica de quem escreve sobre música, e Lisboa não deverá ter culpa das escolhas da editora mas isto é quase tão grave como a do Baton!

sábado, 13 de abril de 2024

Borboleta nos Nervos


 

HOJE às 16h, na Tinta nos Nervos irei entrevistar / conversar com a luso-descendente francesa Madeleine Pereira acerca do seu livro Borboleta, que versa sobre a emigração portuguesa  dos anos 60/70.

Creio que será este o quarto livro de BD que tem esta temática ou pelo menos alguma componente sobre "as minhas origens portuguesas que desconheço" de uma segunda ou terceira geração de pessoas que nasceram em França de pais portugueses e que, depois de estabelecerem-se como classe média decidiram contar as suas raízes familiares (e pobres).

Não sei porque a Tinta me convidou, e apesar das minhas suspeitas que o livro não seria um livro que publicasse ou sequer que o apresentasse em público, e também, por ser um livro para "jovens adultos", apesar de tudo gostei da forma como a autora tratou o tema, através de uma sincera autobiografia e ligeira investigação, bem como um nítido esforço gráfico de apresentar da melhor forma as humilhações da emigração clandestina dos anos 60/70.

A bientôt!

quarta-feira, 3 de abril de 2024

Estamos todos a ficar velhos... (II)


O Erradiador / My Nation Underground continua a desterrar "coisas" do passado, e agora foi ao My Precious Things, que começou como suplemento do Mesinha de Cabeceira, depois passou a ser uma publicação autónoma que era enviada por correio (a publicação era muitas vezes o "envelope") até ir parar aos emails, e, prego final no caixão do papel, com o advento da blogosfera, passei a escrever sobre as "minhas queridas coisas" (mais uma cena inspirada nos Big Black, claro) no blogue da Chili.

Vou dizer isto, armado em cinquentão cagão: bons velhos tempos!

segunda-feira, 11 de março de 2024

No comprendo

Para quê editar, espera, espera..., para quê escrever um livro como Charlie's Good Tonight : A vida, a época e os Rolling Stones (HarperCollins; 2023) de Paul Sexton? Iá, o baterista mais velho que os outros velhos que faleceu em 2021.

Biografia sem interesse de um novo rico sem interesse - as tentativas de mostrar que ele foi uma pessoa generosa, é de puxar os limites da bondade de um cinzento tecnocrata... Fuck!... Espera espera,... para quê ler esta merda? (porque me ofereceram...) 

Espera espera,... para quê escrever esta resenha!!??? Oh fuck... sei lá...

Já é a segunda vez que leio Sober living for the Revolution : Hardcore Punk, Straight Edge and Radical Politics (PM Press; 2010) de Gabriel Kuhn (edição), passado 30 anos depois de ver os X-Acto na Jukebox e conhecer esta subcultura ainda não percebi um caralho o que é o Straight Edge... A entrevista de Ian MacKaye (Minor Threat, Pailhead, Fugazi) é reveladora. Começou pela sua comunidade que para se proteger de gangues de xungaria, criaram espaços seguros onde pudessem curtir sem a violência dos Punks bêbados e agarrados. Não acreditando no niilismo da primeira geração Punk, afunilaram-se dois factos numa ideia, uma consciência política e a sobriedade. Depois disso, criaram-se manifestos de maninhos sem cultura (América, o que esperar dela?) que invés de dar frutos políticos radicais imediatos, deu antes em fanáticos, alguns até próximos de religiões organizadas, e dentro de pensamentos absurdos como anti-aborto e homofóbicos. Felizmente houve quem pensasse mesmo, e tenha ido mais longe com associações acratas ou progressistas. À primeira vista, até parece que serei contra a sobriedade, longe disso, será assim que se poderá ter acções realmente revolucionárias - como os anarco-ilegalistas Bonnot - ou como forma de defesa contra o Imperialismo Capitalista - que o digam as comunidades ameríndias, dizimadas pelo álcool europeu, ou como os Zapatistas baniram o seu uso para se defenderem contra o Estado mexicano. De resto, ainda não percebo a razão de existir desta "coisa" depois de um primeiro momento, no Punk sempre houve liberdade de pensamento e ideais revolucionários, quem ouviu Dead Kennedys ou Crass, sabe disso. Talvez num mundo de deuses zombies (disseram que Deus 'tá morto mas olhando para quantidade de malucos que andam por aí, parece que a notícia foi exagerada), o "X" seja um ritual de passagem espiritual, tal como noutras subculturas há outros. Só assim se explica, talvez... Momentos altos no livro: entrevistas a Jonathan Pollack (recentemente entrevistado também n'A Batalha) e a Nick Riotfag.

domingo, 18 de fevereiro de 2024

O 42 é em 2024

 


Índios do mundo anotem lá na vossa rede social estas datas de lançamento do trabalho vencedor dos 5001000 paus de 2023!


18 de Fevereiro n'O Thigaz em Santo Tirso com conversa de VIPs (very important punks!) como Alexandra Saldanha (iá! a vocalista dos Unsafe Space Garden e que faz BD psicadélica), Marcos Farrajota (um velho, ainda lúcido, da cena) e Rudolfo (Rei da BD portuguesa e Conde do Chiptune)

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24 Fevereiro na Tinta Nos Nervos em Lisboa conversa com o autor e à noite há concerto de Triunfo dos Acéfalos no Damas.

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Isto para dizer que vai sair finalmente o 

Partir a Loiça (toda) 

de 

Luís Barreto


O fanzine com os maiores custos de sempre!!!

Este Mesinha de Cabeceira tem um CD a acompanhar cheio de fofura sónica com as bandas Sindicato do PunkEntre Outros e TINNITRUS, que saíram directamente da Banda Desenhada - uma tradição em Portugal que não é fácil de ignorar se pensarmos "nas" Garina Sem Vagina da chata série "Superfuzz" (2004) e os recentes Podre e Freiras Monomamárias do divertido fanzine Olho do Cu.

Impresso com papel amarelo, as 44 páginas em formato A5 fazem o regresso dos nossos conhecidos Danny e Arby e os seus amigos Cassie e Buddy a meterem-se num comboio e vão até à "Metrópole". Vão ao primeiro concerto do Sindicato do Punk, a banda de Bobi, um amigue do duo. A banda já ganhou alguma tracção com o seu EP de estreia por isso a sala está cheia de fãs ansiosos pela estreia ao vivo da nova sensação do punk nacional. O concerto é absolutamente caótico, envolvendo vibradores, confettis, finos entornados e muito, muito mosh. Mas a actuação do Sindicato do Punk é apenas o concerto de abertura para os TINNITRUS, uma banda local de noise extremo que destrói tímpanos e PAs por onde quer que passe. 

Co-edição da Chili Com Carne e Culetivo Feira.


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Pode ser adquirido na shop da Chili e nas lojas Neat Records e Tinta nos Nervos.


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As fotos não enganam as bandas da BD existem!!!


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Ainda não saiu oficialmente e já o Pedro Moura, mais rápido que um Punk escreveu no Ler BD

(...) este projecto era a “cara” do catálogo da Chili, ainda que compreenda a diversidade editorial ofertada por esta plataforma (...).  Essa “cara” traduz-se aqui por uma atenção particular para com a realidade urbana portuguesa, real, ancorada, e jamais transfigurada em fantasias ou denominadores comuns que tentam domesticar a imagem da(s) cidade(s) e das gentes de uma forma fácil de consumir, vulgo “postal”. É algo que tem a imediaticidade da escrita diarística, apesar das suas roupagens representacionais, uma recordação de algo ainda quente na experiência, traduzido de forma simples, célere, e, pasme-se, divertida. Se não é um “espelho da sociedade contemporânea”, é um suficiente retrovisor e, como tal, talvez sirva para não sermos ultrapassados.